Capítulo 15 - Enquanto Você Dormia

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 Erol viajou a tarde inteira atrás daquele cheiro adocicado de hortelã. Ele sabia que Elliot fora o causador daquilo tudo, pois eles já se conheciam tempo o bastante para ele reconhecer o aroma do seu perfume. Não havia mudado em nada desde aquela noite...

 Ele não gostava muito de trazer essas lembranças á tona. Ainda mais uma tão marcante como aquela, à noite em que sua mãe morrera.

 Não, não podia pensar nisso agora, essas lembranças já haviam lhe consumido anos e anos para voltar a lhe atormentar assim novamente, precisava manter o foco...

 Estava caçando, perseguindo, mas havia alguma coisa errada acontecendo ali.

 O cheiro simplesmente estava se afastando cada vez mais e isso não fazia sentido algum.

 Como ele não ouvira o próprio pai gritar por ajuda? Como pudera ter cometido esse descuido, quando sempre mantivera os sentidos aguçados para o bem estar de sua família? Ele queria vingança e a teria.

 A raiva o consumia inteiramente, o animal dentro dele lutava desenfreado para sair e ele não queria segurá-lo mais, queria deixar que seu instinto agressivo caçasse aquele monstro e destruísse-o de uma vez por todas, ele queria a morte de Elliot. E a queria agora!

 O cheiro se desviou por meio quilômetro ao sul do Irã e então desapareceu por completo. Seus olhos afiados conseguiam ver as partículas de poeira negra feitas há alguns minutos, partícula essa que só um anjo conseguiria deixar no ar, seguir aquele rastro era como seguir uma pista falsa. Ele fora enganado.

 Não seria possível rastreá-lo agora, a não ser que ele já tivesse uma ideia de para onde Elliot teria se deslocado em seguida. O que ele tanto buscava ter em suas mãos naquele momento mesmo?

 Rosa, ele a queria e iria atrás dela.

 Seus ouvidos agudos ribombavam e ao longe, ele podia ouvir coisas sendo quebrada durante uma briga. Talvez fosse há apenas alguns países dali... Na sua ilha! Ele precisava certificar de que tudo estava bem. Principalmente que Rosa estivesse bem.

 Agora mais do que tudo ele precisava protegê-la, cuidar dela, pois ela era tudo o que lhe restava de mais precioso, o seu único amor. Com esse pensamento em mente ele sumiu no ar.

 Uma chuva fina atingiu seu rosto, fraca e repentina — certamente causada por seu estado de espírito —, então as terras enevoadas voltaram a surgir e no passar de três segundos, ele já se encontrava parado na entrada do estábulo segurando sua amada inerte no chão.

 A fúria o tomou, sua raiva não era mais controlável, ele sentiu seu rosto queimar e endurecer em segundos, suas sobrancelhas pesaram, seu rosto se transformara.

 Alguém o segurou pelo braço e ele retraiu ao toque, surpreso.

 Ele olhou em chamas para quem o tocara e Enidy o olhou de volta com compaixão, a mão doce ainda repousada em seu ombro.

 — Erol, por favor, solte-a! Pediu gentilmente.

 Ele sentia que a assustava, mas não queria soltá-la, estava ali para cuidar dela.

 O rosto ensanguentado e frio em seus braços lhe causava todos os sentimentos mais conflitantes do mundo, ele não conseguira cumprir sua promessa de protegê-la, mas se não a soltasse enquanto ainda estivesse descontrolado pela raiva que sentia dos gêmeos, poderia acabar matando-a sem querer.

 — Rosa... Sua voz saiu como um trovão.

 — Eu sei. Disse Enidy apertando de leve seu ombro.

Anjo SedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora