Capitulo 8 - A História de Ereklestus

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  — Conte-me mais, quero poder entender sua história. Pediu Rosa com entusiasmo.

 — E se eu lhe dissesse que quase tudo o que você ouviu quando pequena dessa história é verdade, acreditaria em mim? Perguntou ele.

 — Você quer me deixar mais confusa do que eu já estou? Se for esse o objetivo, você conseguiu! Disse ela segurando uma risada.

 — Não é isso... E que com o passar das décadas, a história foi se modificando e as pessoas foram moldando-a para que se adequasse as novas gerações. E um pouquinho complicada, eu levei dois anos para entender a história de minha origem, quem dirá quanto tempo você pode levar. Ele olhou para o chão por algum tempo.

 — Estou pronta agora, por favor, prossiga. Pediu ela de um jeito doce.

 — Muito bem, irei começar por mim. — Ele pigarreou por um segundo então prosseguiu — Eu não fui uma criança normal como a maioria das outras crianças humanas... Todas as pessoas que me conheceram durante meu crescimento sabem sobre isso, aos quatro anos de idade eu já formulava cálculos de matemática que chegavam a surpreender os empregados que trabalhavam lá em casa, sabia tudo sobre Filosofia Grega e Biologia Humana, conhecia cada músculo do meu corpo como jamais outro médico chegou a conhecer antes e meu pai viu um alto potencial em investir seu tempo em mim, eu era um gênio, um pródigo. Quando fiz cinco anos ganhei de presente de aniversário os meus lobos, melhor dizendo "meus padrinhos de sangue", não queira entender tudo de uma vez agora que comecei a lhe explicar, basta ouvir com calma. — Pediu Erol ao observar o olhar confuso que Rosa lançou aos lobos que deitados próximos de seus pés — Eu já os conhecia, eles só não haviam nascido ainda, eu já me comunicava com eles quando eles ainda se encontravam no ventre da mãe deles, costumava acreditar que eles eram apenas amigos imaginários até finalmente vê-los pessoalmente. Ele sorriu para os dois que descansavam atentos a conversa.

 "Quando fiz seis anos — Ele ficou tenso — já tinha meus próprios professores particulares, papai sempre me colocava a frente de tudo, tanto que depois disso, pouco tempo de Jonny ter se mudado para cá, papai não permitiu com que eu brincasse com ele, queria sempre me ver focado nos estudos, mas ele não sabia como eu me sentia com relação a isso tudo, não me entendia, eu queria ser como Jonny, um garoto normal, sem viver regado de compromissos."

 "Papai queria que eu me tornasse o maior cientista ou biólogo do mundo, talvez até um médico ou advogado se conseguisse me esforçar um pouquinho mais. Isso já estava se tornando uma paranoia na cabeça dele, uma obsessão compulsiva... Eu era tudo o que ele nunca havia tido para si, eu era a única esperança de ver a carreira que ele tanto sonhou trilhar, ganhar vida própria. — Erol se levantou e andou um pouco pelo aposento — Não o culpo por isso, mas eu também não suportava mais. Fazia o possível para deixá-lo satisfeito e com o passar do tempo passei a gostar do que fazia, mas isso não bastava para ele. Aos sete anos comecei a andar de cavalo e ele não queria que eu fizesse isso, achava que atrapalharia meu futuro, mas minha mãe sempre me apoiava, vivia pressionando-o para que aceitasse o que eu queria, mas isso não foi o bastante, uma semana depois de construir o estábulo, fui proibido de fazer equitação, ele queria que isso não tirasse o meu foco dos objetivos dele, então os cavalos passaram a servir apenas para o transporte diário."

 — Que triste, sinto muito por você. Respondeu ela solidária, o coração pesando um pouco.

 Erol riu sarcástico absorto em pensamentos, o olhar distante.

 — Ao completar oito anos de idade, comecei a conversar com pessoas através da minha mente, os pensamentos delas se ligavam aos meus de alguma forma que eu nunca consegui entender direito como funcionava, milhares delas, pessoas como "nós". De inicio levei um susto, mas com o tempo eu passei a achar isso interessante, eles me confortavam e me ensinavam a aceitar esse dom, diziam que esse laço era bastante normal para pessoas como nós e que logo eu iria me acostumar.

Anjo SedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora