Capítulo quatro

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Insegurança

Naquele dia eles viram o pôr do sol juntos na praia. Abraçados. Ela sentiu conforto em seus braços, por isso fechou os olhos e sorriu, ao abrir os olhos ela foi surpreendida com o olhar sedento de Bruno, ele a olhava com vontade. Sabe quando você quer alguém que você não consegue disfarçar ? Era Bruno naquele momento, e ali aconteceu. O primeiro beijo. O primeiro toque depois de tanto tempo estudando juntos, desde a infância. Vamos dizer que o seu primeiro amor, e agora ela estava ali nos braços dele. A vida, como ela é.

_Quer que eu te leve pra casa agora ? Não quero que tenha problemas com a sua mãe. _ disse Bruno, com expressão de estar realmente preocupado com isso.
_Não precisa, já sou grandinha pra chegar a hora que eu quiser em casa. _ Gabriela disse isso, rindo e revirando os olhos.
Ela sabia que a mãe dela iria reclamar, mas ela estava de saco cheio de tantas reclamações dentro de casa, ali se sentia em paz. Quanto mais tempo fora de casa pra ela, era melhor.
Gabriela sempre foi daquele tipo de pessoa que não se apaixona fácil, ela é dura quando se trata do amor. Ela tem receio de se entregar a um homem que a faça sofrer, por isso não se abre com nenhum.
Bruno levou Gabriela pra casa, e o que ela estava aguardando realmente aconteceu.
_ONDE VC ESTAVA ? _ disse a mãe dela aos berros.
_EU TE LIGUEI, EU LIGUEI PRA ESCOLA E VC NÃO ESTAVA LÁ, LIGUEI PRA REBECA E ELA NÃO SABIA DE VC. _ela estava chorando. Gabriela estava surpresa naquele momento, não esperava tanto.
_Por favor, não faça mais isso,custava avisar ? Eu liguei pra todas as suas amigas... e nenhuma delas... filha, eu te amo, só não faz mais isso. _ela disse baixinho em lágrimas e fungando bastante.
Ella não sabia o que fazer, apenas sentou do lado de sua mãe no sofá, e pediu desculpas a abraçando, e a explicando o que aconteceu. Dessa vez Gabriela não mentiu para a mãe, ela contou toda a verdade. A mãe dela a entendeu e aceitou as desculpas.

Ao chegar no quarto, Gabriela se vê cansada, foi tomar banho já pensando no beijo que havia dado mais cedo.
_Amanhã vamos nos encontrar na escola, será que vai rolar de novo ?
Ella pensava falando em voz alto, uma mania de infância.
Saiu do banho, secou o cabelo e foi se deitar.

_Olha a Nerd, veio mais arrumada hoje. _disse Rebeca sorrindo.
Carol deu uma olhada pra baixo, também sorrindo.
_Isso tudo é pro gatão do 3° ano ?
Rebeca dava gargalhadas com Esther. Carol logo fechou a cara e saiu andando em direção ao bebedouro revirando os olhos. Ela não se sentiu segura em andar sozinha pelos corredores da escola. Do outro lado do pátio escolar, estava os meninos. Hugo como sempre zoando com todos que passavam. Ele não era o tipo de pessoa de zoar com coisas pesadas, tanto que não era odiado na escola,muito pelo contrário, só era odiado pela Gabriela. Sempre foi.
_Olha a Carol como ta gata ! _ disse Hugo.
_Ela ta sem óculos, como ela ta enxergando ?
Não demorou muito, Carol deu de cara na porta de vidro, deixando todos os seus livros e revistas cairem, e resultando em um galo na cabeça.
_PQ EU SOU ASSIM TÃO DESASTRADA !! _ ela gritou.
_Calma, não precisa de tanto mocinha. _Diego fala recolhendo os livros e sorrindo. O sorriso dele era encantador. Não era atoa que todas as meninas o queriam.
Ela sorri.
_Obrigada, mas eu sou mesmo desastrada, mal desci as escadas da minha casa e me estabaquei no chão, quase quebrei a perna. _ela parou, analisando que estava falando demais. E isso não era um feitio dela.
_Nossa, acho que vc vai precisar de um acompanhante enquanto seu óculos não chega. _Diego disse sorrindo e a erguendo o braço. Ela assentiu, entrelaçando o braço ao dele.
Ele a guiou até a sala, não bastou isso,a levou até a mesa,organizando os seus livros e revistas em cima. Todas as meninas a olhavam com raiva. E poderia escutar comentários como "Pq a bola não atingiu o ~meu~ nariz?" Ou "Pq ela ? O que ela tem demais ?".
Carol fingia não ouvir, mas se preocupava. Ela gostava de não ser conhecida, gostava de ficar no seu mundinho, sempre foi discreta, anti-social. De poucos amigos. Já Diego era popular na escola inteira, falava com todos, ia ser o líder do time de futebol que iriam montar esse ano na escola. Iria ficar mais "badalado" ainda.
_Vou indo mocinha, se cuida viu ? Peça pra alguma amiga te ajudar quando for sair de sala, se levantar. Não quero te levar pra enfermaria de novo. _ Ele piscou pra ela. E se virou em direção a porta cruzando com Gabriela que sorriu. Ao passar dele olhou para Carol e fez uma cara de dúvida.
_ É impressão minha ou ele ta querendo se aproximar de você ?
_Que ? Ta louca ? Claro que não, ele só ta tentando ser gentil depois da bolada que me fez quebrar o óculos, deve estar se sentindo culpado. Vc sabe o quanto eu sou cega né ? Tava esperando uma de vocês me ajudar, mas...
_Nerd, estava ocupada conversando com Esther la fora, mas vi vc batendo na porta de vidro, não me preocupei porque ele tava com você la. _ disse Rebeca.
Esther apenas assentiu com a cabeça e sorriu.
Esther parecia carregar tantos mistérios... Mas ninguém pergunta as coisas a ela. Não que ninguém se interesse, se preocupe, é que pelo jeito dela, as pessoas não sentem essa necessidade, o que era pra ser escutado pelas pessoas ela diria e nada além disso.
Gabriela estava rindo tranquilamente, até Hugo aparecer na porta, ela fechou a cara e o olhou com uma sobrancelha arqueada. Outra mania da Senhorita Gabriela. Ele também fechou a cara e revirou os olhos. Até o momento ela só tinha visto ele, atrás dele estava Gerson, ao sorrir pra ela, ela sorriu de volta. Logo em seguida apareceu Bruno. Ele foi andando em sua direção, ela apenas sorria e não demonstrava absolutamente nada, mas o seu coração parecia uma escola de samba. De longe Hugo olhava. Sério.
Bruno chegou perto, ela estava em pé, por isso a abraçou.
_Não posso te beijar na frente de todos né ? _ Ele susurrou em seu ouvido.
_Acho melhor não. _ Gabriela susurrou de volta. Olhando para os lados, observando as reações das pessoas.
_Hmmmm ta rolando algo e eu não sei é "melhor amiga". _disse Rebeca gesticulando as mãos em forma de aspas quando Bruno se sentou.

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