Segredos
Hugo não saiu do hospital durante toda a noite, estava com a Dona Ângela, mãe da Gabriela.
_Hugo, tia Ângela ?
_Oi Octavia, como ela está? _Hugo perguntou.
_Preciso conversar com vocês em particular.
Eles se direcionaram a uma sala no interior do hospital, na porta dizia o nome da médica Octavia. Era a sala dela.
_Sentem-se.
Dona Ângela obedeceu, mas Hugo não. Octavia o olhou, e continuou.
_Ela ainda não acordou, fizemos testes para tentar acorda-la, mas não surtiram efeito algum. Os batimentos dela estão normais, nada de muito preocupante aparentemente, e pelos exames ela está bem, só tem a fratura na costela que está sendo cuidada e logo ficará sã.
_Por que ela ainda não acordou ? _Hugo perguntou, sentindo que já sabia a resposta, sentindo gotas caindo em sua camisa, sentindo uma forte dor e aperto em seu peito.
Dona Ângela continuou paralizada, sem expressão, se não fosse pelos seus olhos arregalados. Hugo a olhou, sabendo que a notícia poderia a afetar. E olhou novamente para Octavia que tentava ser forte o suficiente para dar a notícia.
_Sim, ela... está... _pigarreou.
_em coma. _Octavia e Hugo disseram juntos. Dona Ângela continuou intacta. Hugo a envolveu em um abraço, e ela o beijou deixando cair suas lágrimas. Hugo se permitiu chorar nos braços daquela que deu a luz ao seu grande amor. A quem ele sentia raiva, na verdade achava ser raiva, mas no fundo sempre foi amor e nunca deixou de ser. Apenas isso.
Carol chegou ao hospital pouco tempo depois.
_Iae como ela está ? _ela disse ao colocar os olhos em Hugo e pelo estado dele, ela se pôs a chorar. _Ela está em coma não está ? Eu sei que está. Oh meu Deus, minha amiga.
Ela sentou colocando suas mãos na cabeça. Hugo sentou-se ao lado dela.
_Eu não sei o que fazer, só sei que não vou sair de perto dela.
_Eu também não, ela ainda possui a nós dois e a Dona Ângela, ela não está sozinha nessa. Ela vai acordar Hugo, acredite ela vai. _Carol dizia entre lágrimas, como se tentasse a convencer das próprias palavras. Hugo a abraçou.
_Vai ficar tudo bem, Dona Ângela quer rezar, vamos ?
_Vamos.
Os três se reuniram em uma sala de visita, essa sala foi liberada por Octavia para que eles ficassem, Octavia quis pagar todo o tratamento, os aparelhos e os médicos, ela queria estar por dentro de tudo da paciente.☆
Rebeca e Gerson souberam do acidente de Gabriela quando foram a escola verificar se havia aula. E como o esperado, a escola não estava pronta para funcionar, era preciso derrubar o resto que ainda existia e construir outra. Um dos professores falava sobre o acidente com o diretor que imediatamente ligou para alguém.
_O que ? A Ella sofreu um acidente ? _Rebeca disse com a boca entreaberta.
_Você não vai querer ir visitar ela la no hospital vai ? Mesmo depois de tudo que ela jogou na sua cara ?
_Nos conhecemos desde quando me entendo por gente Gérson, não sou essa megera.
_Isso é ser realista. _Gerson disse duramente.
_Desculpe, então eu não sou.Rebeca andou em direção ao professor que havia falado e pegou informações de onde era o hospital. Olhou para trás onde viu Gerson rindo e conversando com uns meninos em frente a escola. Fechou a cara e continuou andando, correu um pouco para pegar o ônibus que estava vindo e subiu.
☆
Diego receberia alta por volta da tarde e andaria de cadeira de rodas, ele sentia pouco os movimentos das pernas, mas pelo decorrer do tratamento e o empenho dele em querer voltar a andar, poderia se recuperar em poucos anos. O relacionamento dele com Carol crescia, eles se amavam e era de fato impossível negar a atração dos dois, que exalava a cada pessoa que estivesse no mesmo ambiente.
Uma mulher alta de cabelos longos e lisos até a cintura, vestida com uma calça social apertada e uma blusa cinza simples com um blazer preto por cima apareceu no hospital em que Diego estava saindo. Aparentava ter por volta dos 27 aos 32 anos, não mais que isso. Suas feições lembravam a de Esther, e foi por essa razão que Carol a encarou surpresa por tamanha semelhança. Chegando na recepção a ouviu falar:
_Olá, por favor é nesse hospital em que Gabriela Gorman se encontra ?
Carol se aproximou.
_Não senhora, é no hospital aqui do lado.
_A senhora conhece a Ella ? _Carol disse a fazendo virar surpresa.
_Você me é familiar. Me chamo Raquel, sou uma prima distante da Esther. _ela sorriu e estendeu a mão. Carol a olhou de cima em baixo e apertou sua mão.
_Sou Carol Luma, amiga de Esther e Gabriela. _pigarreou ao se lembrar de que não poderia falar aquilo, sua amiga estava morta e a outra em coma sem que ela pudesse fazer algo para tira-la de la. Recaiu os ombros.
_Por isso a reconheci, vi fotos de vocês no celular dela, la também vimos uma pequena carta que tinha escrito pra vocês e pra uma... Rebeca também, não deixei ninguém ler e também não li, poderia conter segredinhos. _a mulher riu delicadamente,uma risadinha sexy e bonita, a altura daquele corpo e sensualidade toda.
_Ela gostava muito de vocês, isso eu tenho certeza, não via a minha prima desde _a mulher desviou o olhar se fixando no vazio e não disse nenhuma palavra por quase um minuto, ou mais que isso.
_Me desculpe, me perdi nos meus pensamentos. Não a vejo desde o enterro de seus pais.
Carol se manteve concentrada em cada informação recebida.
_A mãe dela morreu quando ela tinha 5 anos, no dia 5 de fevereiro. Junto com seu pai em um acidente de carro._se sentaram. _ ela não era tão chegada ao seu pai, sua mãe a fazia detesta-lo, eles moravam juntos,mas viviam brigados. Ela era agarrada com a Mãe. _ela pigarreou, fazendo com que Carol se recordasse dos dias 5 de todo mês em que Esther ficava pensativa, deprimida e misteriosa, nunca compartilhou isso com nenhuma delas, mesmo sendo as "melhores amigas inseparáveis." Sempre há segredos.
Durante um bom tempo elas conversaram sobre a Esther, Raquel entregou o celular dela e disse para a entregar de volta quando terminassem. Se despediu e saiu pela porta. Carol em nenhum momento mencionou que Gabriela estava no hospital em coma, muito menos que não se relacionava mais com Rebeca como amiga, mas ela não tinha escolha, precisava a procurar. Esther e Rebeca eram mais inseparáveis ainda do que o grupo todo, sempre foi a que mais teve intimidade com ela em vida. Nada mais justo.☆
Rebeca apareceu no hospital indo diretamente a recepção.
_Por favor queria saber da paciente Gabriela Gorman ?
_Só um momento. _a recepcionista não parava de digitar e falar ao telefone, Rebeca estava impaciente e foi andando em direção ao café sem que a outra percebesse.
Pediu um café sem açúcar e se sentou. Queria saber de Gabriela no hospital, ela não seria capaz de perder outra melhor amiga para sempre. Precisava saber o que estava acontecendo. Distraída ela olhou pela janela e se deparou com a pessoa que ela menos queria ver em toda a vida dela. Ele estava entrando pela porta de vidro. Por um momento o coração dela parou, e o estômago parecia estar infestado por bolhas, um arrepio percorreu até sua espinha e a cara de espanto e pavor em seu rosto favorecia para que ele a olhasse e caminhasse em sua direção, com maldade nos olhos e sorriso malicioso.
_Você por aqui ? Ela ainda quer ter você como amiga ? _Bruno disse sentando ao seu lado e pegando a caneca de café junto com suas mãos.
_Não encosta em mim. _sua voz falhou.
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Diário Virtual
Teen FictionO que se faz quando descobre um segredo enorme de uma amiga que pode mudar o rumo da história ? O que fazer quando você não entende para onde o coração está te levando ? O que fazer quando existe segredos obscuros sobre todos, o ódio, a raiva, se m...