Diário Virtual

Capítulo dezesseis

Carta da Esther para as meninas.

"05 de fevereiro de 2012

Um olá por papel para minhas melhores amigas haha.. sei que vocês verão isso muito depois. E sei que vocês não entendem o porque eu fico estranha nesse terrível dia, eu só queria escrever essa carta pra que ficassem cientes da minha vida após a morte. Não que eu acredite em vida após a morte, to falando que essa carta vai ser entregue depois que eu morrer. Espero que isso aconteça quando eu tiver bem velhinha pertubando vocês kk.. enfim, existe um esconderijo onde está algo meu pra vocês... ta chega de fazer a misteriosa, até depois de morta não da né ? Kkk nossa parece que eu to me agorando que horror, enfim, existe um pen drive naquela caverna na praia  deserta onde iamos quando pequenas. Eu sei que vocês lembram, nos divertiamos muito naquele lugar. Quero que as três leiam o que tem no pen drive, pode ser que demore bastante pra que vocês terminem, mas quero que leiem e lembrem de mim. Ella eu te amo demais maninha, Rebeca sua louca te amo demais também. Aah e nerd você não fica pra trás, sei que brinco de te zoar, mas no fundo te amo, você é muito especial não esqueça disso, to escrevendo essa carta observando vocês falarem de meninos no intervalo da escola, pra vocês verem como prestam atenção em mim kkkk. Outra coisa, quando eu morrer, não conte os meninos que eu já fiquei ta, se não eu volto para puxar o pé das três kkk.. obrigada por tudo em vida. Adeus Esther. (Nossa parece testamento sempre quis fazer isso) "

Carol terminou de ler a carta, com lágrimas nos olhos e sorrisos nos lábios, Esther sempre fazendo piada com tudo, até com a morte. E ela não se lembrava de te-la visto escrevendo no intervalo em nenhum momento. Se sentiu mal por isso, mas também ficou feliz por saber que todas eram unidas, por saber que todas se amavam, e no fundo ainda se amam. Por mais rancorosa que Carol se sentisse em relação a Rebeca, ela a amava, e estaria ao lado dela quando ela precisasse. Enxugou as lágrimas e percebeu que estava bastante escuro já, passou muito tempo ali lendo e relendo aquela carta sem ao menos perceber que já havia anoitecido. Pegou suas coisas e correu para o ponto de ônibus em direção a sua casa.

☆

Hugo estava ali, de frente para o diário virtual de Gabriela, se fosse por pensamentos antigos diria inimiga de infância, mas acho que ta bem claro que de inimigos os dois não tem nada.
O último "post" era do dia de seu acidente. E dizia apenas:

"Minha melhor amiga está morta, não estou falando com outra melhor amiga e não posso reclamar de Carol estar um pouco distante, ela esta cuidando de Diego e eu a entendo. Além disso tem a maldita doença da minha mãe e a maldita confusão dentro de mim. Hugo porque você mexe tanto comigo ?"

E com essas palavras, Hugo sentiu-se tentado a olhar mais e mais sobre o diário virtual, percebendo que ela havia criado tudo aquilo. Ela era uma pessoa muito criativa, e ele sorriu ao lembrar dos trabalhos de arte que faziam quando pequenos. Ela sempre foi muito boa nessa parte, sempre ousou brincar com tecidos, cores diferentes, e inventava brinquedos bem loucos. Os professores adoravam e os alunos também, sempre queriam brincar com ela. Desde sempre "popular" ela e a Rebeca, porém essa entrava na onda dos realmente populares. Aqueles populares de filmes sabe. Se passou uma hora em que Hugo estava ali, sentado em frente ao computador, lendo várias coisas que Gabriela escrevia, cada vez que ela citava seu nome ele sorria com os lábios, com os olhos,mas principalmente com o coração. Até que seu telefone toca. Ele sem nem olhar quem ligava atendeu.
_Alô ?
_Hugo meu querido, estou com frio se perdeu no caminho ?
_era a voz de Rebeca rindo com a Dona Ângela que ao rir tossiu rocamente na chamada.
Hugo se levantou olhando pela janela. E pros lados procurando a manta.
_Meu Deus eu perdi a noção do tempo, me desculpe já estou indo.
_Tudo bem, tchau._Rebeca disse ainda rindo e sendo simpática.
_Tchau.

Ele desligou rapidamente o celular e bloqueou a tela, ele queria ver mais coisa, porém o tempo não permitiu. Pegou a manta e olhou novamente para o computador prometendo a si mesmo que voltaria e saberia mais sobre o que Ella pensava, não só dele, mas ele queria saber como ela se sentia em relação ao passado dos dois, "Será que ela escrevia sobre o Gustavo ? "Era uma das coisas entre milhares que ele se perguntava. Desceu as escadas, fechou a porta,e correu em direção ao carro, seguindo rumo ao hospital.

Pouco tempo depois Hugo já se encontrava no Hospital, a tristeza de ver a Gabriela naquele estado foi o que os juntaram naquela sala, a preocupação estava pairada no ambiente, mas sempre que podiam tentava animar um ao outro. Rebeca foi embora bem tarde, chamou um táxi e o Hugo a levou até a porta.
_Se ela estivesse acordada, me expulsaria do hospital. _ela riu exalando tristeza no rosto.
_Também não seria assim, ela poderia apenas não dar o braço a torcer, continuar sendo orgulhosa e fingir que você não estava ali. _ele riu a fazendo sorrir também.
O táxi chegou e eles se despediram.

☆

Carol chegou em casa e foi correndo para o seu quarto, sua mãe subiu junto abrindo a porta.
_Ei mocinha, o que aconteceu ?
_Nada mãe, só subi pro meu quarto.
Ela disse colocando a carta e o celular de Esther para debaixo do travesseiro e indo buscar uma roupa para tomar banho.
_Já vou descer para comer alguma coisa, fica tranquila. _ela sorriu para sua mãe que sorriu de volta e saiu do quarto.

Carol foi tomar banho e decidiu usar a sua banheira que a muito tempo não usava, ela queria relaxar, mas não conseguia parar de pensar na carta. O que havia nesse pen drive de tão importante para todas nós ? Por que a Esther esconderia esse pen drive para descobrirmos somente depois dela morrer ? Nada se encaixava na cabeça de Carol. Agora além de sua preocupação com seu namorado Diego que se encontrava em cadeiras de rodas e sua melhor amiga Gabriela estando em coma, havia a preocupação entorno desse mistério da Esther.
_Parece que ela ainda esta aqui exalando seu ar misterioso. _ela olhou para o teto ainda na banheira.
_Eu sinto sua falta amiga.