Capítulo quinze

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Descobertas

_Nossa quanta delicadeza ! Pensei que estivesse com saudades. _Bruno disse se sentando ao lado de Rebeca. Ela tentou levantar, mas ele a segurou.
_Pra que a pressa gata ? Você sabe que eu não farei mal algum a você _ele pigarreou e sorriu._ não aqui, mas se quiser em outro lugar...
_Você é sujo Bruno. _Rebeca dizia, se forçando para não deixar uma gota de lágrima cair de seu rosto. _Estou aqui para ver a Gabriela, e não pra ficar de papinho com uma pessoa nojenta como você. _dessa vez, mais bruscamente ela saiu de seus braços e caminhou rápido até a recepção. Ele não a seguiu. Esperou que ela entrasse em uma sala, para ir até a recepção.
_Olá, boa tarde. Eu queria saber do estado de saúde da Gabriela Gorman ?
_Parece que essa menina é badalada nessa cidade. Quem é você ? _a recepcionista falava com ar de sarcasmo.
_Me chamo Bruno, pois é bem badalada ela, mas eu vim aqui mesmo saber do estado de saúde e não ouvir palpites sobre a paciente. _Ele disse também com ar sarcástico e irritado.
_Uuh calma ae garanhão, já estou fazendo a busca. _ela sorri graciosamente para Bruno, seus olhos passando por todas as curvas daquele homem, por mais ruim que ele fosse, devo afirmar, o que não tinha de caráter sobrava em atributos.
Bruno percebe, sorri com aquele sorriso malicioso de sempre e chega mais perto da recepcionista.
_Desde já, muito obrigado pelas informações gata. _deu uma piscadela.
_Não tem de que gato. _ela respondeu, com a aproximação, ela estava desnorteada, nem havia percebido a presença de Octavia ao lado dos dois.
Octavia pigarreou.
_Conversando no trabalho ?
_Me desculpe Doutora, eu só... eu só...
_Não precisa dizer nada, ta dispensada pelo horário de almoço, Paola vem ficar no ceu lugar. E você quem é ? _Ela disse virando-se totalmente na direção de Bruno.
_Me chamo Bruno, vim saber sobre a paciente Gabriela Gorman, poderia me dar informações ?
_Conhece a família ? _Octavia perguntou, ela não poderia dar informações de mão beijada para qualquer pessoa.
_Sim, sou... como um namorado dela. Vamos dizer assim. _Ele sorri tentando intimidar Octavia. O joguinho de conquista de Bruno, poderia agradar qualquer uma, mas a Octavia não era esse tipo de mulher.
_Me desculpe, as informações só podem ser repassados para a família e amigos íntimos da família.
_Mais íntimo que um namorado ? _Bruno se irritou.
_Íntimos que esteja na lista de pessoas íntimas e o senhor não está. Por favor peço que se retire. _Octavia disse gesticulando com as mãos para que saísse.
Bruno iria dizer algo, mas logo depois desistiu e saiu do hospital.

_Rebeca ? Ta fazendo o que aqui ?_Hugo disse surpreso.
_Oi, eu sei que não sou bem vinda, o Gerson inclusive me implorou para não vir, mas eu soube hoje que Ella estava aqui, e que já tem uns dias, pensei que pudesse ser grave. Embora a nossa amizade esteja abalada, não posso fingir que não estou preocupada.
_Olá minha querida. _Dona Ângela respondeu. _Obrigada por ter vindo, a Octavia te contou o estado de saúde dela ?
_Não, ela disse que deveria vir aqui falar com vocês, vocês decidem para quem contar ou não. A cara de vocês está me deixando mais preocupada ainda. _Rebeca parecia aflita.
_Ela está em coma minha flor, já entregamos nas mãos de Deus. Ele cuidará dela por nós. _Dona Ângela disse com os olhos cheios de lágrimas.
Rebeca se sentou, ainda com os olhos arregalados e chorou. Não desesperadamente, mas amargurada e silenciosamente. Não saberia quanto tempo Gabriela iria ficar ali, tudo isso sem o seu perdão. Rebeca não poderia acreditar no que estava acontecendo, perdera uma amiga para a morte e agora outra estava em coma, só restava a Carol, será que a mesma a perdoaria por todas as coisas erradas que fez se soubesse a verdade ?

Carol já estava com sua ficha de visitante vip apenas mostrou seu adesivo e entrou. Ao se deparar com Rebeca e dona Ângela abraçadas foi em direção a Hugo.
_O que ela está fazendo aqui ?
_Veio saber o que tinha acontecido com a Gabriela e tudo mais. Ela também está triste, são amigas a muito tempo, espero que você entenda.
Carol revirou os olhos, pensou por um momento e logo depois aceitou o fato de que por mais que tenha acontecido tudo o que aconteceu, ainda havia consideração e compaixão dentro dela, ela não havia se perdido totalmente e isso era bom.
_Hugo meu filho, vem aqui por um minuto por favor ? _Dona Ângela o chamava.
_Oi tia, o que foi ? _Ele perguntava atento, a tinha como mãe e pela Gabriela, sentia a responsabilidade de cuida-la.
_Quero que você vá em minha casa e pegue a manta de Gabriela pra mim, está no quarto dela.
_Mas a senhora sabe que eles dão cobertores para ela tia.
_Não é para ela, é para mim. Não sairei mais desse hospital até que minha filha esteja acordada, bem e recuperada.
_ Mas e suas necessidades ?
_Irei toda manhã em casa, mas logo voltarei. Vá la buscar pra mim meu filho ?
_Tudo bem tia, irei.
_Posso pegar uma carona ? _Carol dizia sorrindo.
Hugo sorriu e os dois sairam do hospital enquanto Dona Ângela e Rebeca conversavam.
Ele pegou o carro e partiu em direção da casa.
_Acho lindo o jeito que está cuidando da Dona Ângela.
_Eu ? Por que ? Estou fazendo o que qualquer um faria nessa situação.
_Ata Hugo, qualquer um ficaria mega preocupado com a pressão dela toda hora, qualquer um pegaria água todos os dias nos horários certinhos dela tomar os remédios, qualquer um...
_Ta, já entendi Carol.
Eles riram.
_Me deixa aqui.
_Ta entardecendo, daqui a pouco anoitece tem certeza ?
_Tenho senhor protetor. Obrigada pela carona.

Ela havia saido do carro e esperou ele partir. Se viu em uma pracinha abandonada, na escuridão da noite aquele lugar era sombrio, mas era perfeito pra se esconder das pessoas. Ali ela se sentou, pegou a carta e o celular de Esther. Tinha prometido a si mesma que não veria longe das meninas, mas como saber quando Gabriela acordaria ? E Rebeca, elas não se falavam mais. Carol não confiava mais nela. Resolveu então, verificar o celular. Via as fotos, chorava ao se lembrar da amiga. Uma de suas melhores amigas se foi e nunca mais voltará. Se foi para todo sempre  tudo o que ficou guardado foram as memórias. Naquele fim de tarde ela se agarrou ao objeto e olhou pro céu, por alguns minutos. Logo depois enxugou as lágrimas e lembrou-se da carta. Ao abrir se surprendeu com o que havia escrito nela.

Hugo continuou dirigindo em direção a casa da Gabriela. Entrou, e subiu ao quarto dela. Não se contentou em olhar cada cantinho, as fotos na parede, no mural, nos armários. Sentia falta dela, por mais que tenha se passado apenas algumas semanas. Ele não sabia quando poderia ve-la sorrir novamente, quando poderia a abraçar, quando poderia a beijar. Sem prestar muita atenção acabou tropeçando no fio do notebook que estava ligado, a tela acendeu e uma foto linda da Gabriela sorridente com as meninas apareceu. Lembrou de Esther que estava na foto e se lamentou por tudo acontecer tão rápido. Lembrou de Rebeca que pela briga não estavam mais se falando e imaginou como estaria a cabeça dela, será que Rebeca se arrependeu depois desse acidente ? Será que se sente culpada ? Sentiu pena dela. E olhou também para Carol, a única que continuou ao lado da Gabriela, sem nenhum imprevisto, apenas estava ali. Sempre. Sentou-se na mesa do computador e ficou ali olhando a foto alguns minutos, o notebook fez barulho de uma nova notificação e Hugo não se conteve em olhar. Acabou entrando no mundo secreto da Gabriela. O seu diário virtual.

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