Capítulo oito

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O reacender

_O que ta acontecendo ? _Ella pergunta atordoada, olhando para os lados e sendo empurrada por várias pessoas desesperadas.
_Eu não sei, só vamos continuar correndo.
_Minhas coisas estão la dentro Hugo, tudo meu esta la!
_Não podemos voltar la Gabriela, você quer que a gente morra ? A escola ta pegando fogo.
O fogo estava se alastrando muito rápido, o que começou na área dos grafites, já havia atingido o refeitório, parte da biblioteca e estava indo em direção as salas.
_Você não precisa vir comigo. _Gabriela disse indo rapidamente em direção as salas, tentando fazer com que Hugo não a parasse, mas ele a alcançou.
Hugo a puxou para seu peito, os seus olhos fixaram nela, ele iria dizer algo, mas a situação o calou, fazendo ele diminuir a intensidade em que segurava o braço dela. Ela por sua vez, o olhava com a boca entreaberta, eles estavam se olhando demais, perto demais. Tão perto que podia se ouvir a respiração ofegante dos dois. Tudo ao redor deles parecia ter parado, silenciado. O coração um do outro podia ser ouvido. E sem intenção alguma de perceber o que estava fazendo, Hugo a puxou para cada vez mais perto, tocando o nariz um no outro. Ela fechou os olhos. Ele continuava a olhar. Sem que Ella percebesse, ela se chegou mais perto e tocou seus labios no dele. Se beijaram. Um beijo calmo, devagar, porém intenso. Como se os dois estivessem esperando por isso a muito tempo.
Um barulho alto fizeram com que eles parassem. Hugo olhou em direção ao estrondo, Ella se virou e mal pode ver o que havia acontecido. Hugo já correu a puxando. Gabriela não era muito boa em correr, mas precisava. Saindo da escola no outro lado da rua tinha um carro onde Hugo a levou e se jogaram no chão atrás do carro. Foi quando houve outro estrondo. Onde a escola inteira estava pegando fogo. Por todos os lados. Tinha gente na rua gritando, chorando. Pessoas saindo la de dentro pegando fogo. Literalmente. Cena lastimável.
_Onde estão as meninas ?
_Cade Gerson ?
Os dois se olharam, dessa vez com medo. E foram andando entre as pessoas procurando quem eles queriam ver.
_Você me distraiu, elas estavam nos esperando na saída quando estavamos correndo.
_Eu te distrai ? Se não fosse eu te puxando aquela árvore em chamas cairia na sua perna. Se nao fosse eu te puxando vc poderia estar presa na sala, buscando suas coisas. Ingrata como sempre.
_Não é questão de ingratidão é questão de realismo. Se você não estivesse ali, eu me salvaria do mesmo jeito.
_Eu já te salvei uma vez Gabriela, e te salvaria quantas vezes fosse necessário.
_NÃO FALA QUE VOCÊ ME SALVOU! _ela chorava._ Se você não foi capaz de salvar alguém que eu amava.
Eles haviam parado, ela chorava olhando pra baixo.
_E eu me sinto culpado por isso todos os dias da minha vida.
Ela o olhou chorando.
_Eu não deveria ter te beijado.
_GABRIELA! _Carol gritava chorando.
_Amiga, você ta aqui! Onde estão as outras ?
_Esther não veio para fora. Ela provavelmente está presa la dentro. Você viu o Diego ? _Carol perguntava, ela tremia.
_Não vi, mas deve estar bem, calma. Elas sentaram na calçada. Gabriela olhou para o lado e não viu mais Hugo ali, o procurou, mas não sabia onde ele tinha ido.

Durante todo esse tempo, esse caos. Rebeca estava em casa, deitada a chorar. Havia ficado sem seu celular. Bruno o quebrou, e pelo jeito não havia concerto para aquilo. Ela estava se sentindo o lixo mais desumano da humanidade. Foi quando ouviu a campanhia tocar. Ela não queria saber quem era, só queria ficar sozinha, não queria que ninguém a visse naquele estado.
_Oi Deyse ! Rebeca está ? Preciso falar com ela._Gerson disse ao se deparar com a pequena empregada. Ela não sorriu para ele como de costume, mas o deixou entrar.
_Não sei se ela vai realmente querer ve-lo. Ela está muito mal la em cima. Eu gosto muito do Senhor. Muito mesmo, te acho um garoto excelente, sempre achei. E por isso vou subir e ver se ela está apropriada para te receber, e vou deixar você subir. _Ela respirou fundo dando uma pausa._ eu espero que você a ajude. Talvez ela goste de te ver. Tenho medo de ela não gostar.
_Você está me assustando desse jeito Deyse, nunca a vi falando assim ! Por que tem medo de ela não gostar ? Ela não te demitiria por isso. Por favor, agora mais do que nunca preciso ve-la.
Deyse deu um riso de canto de boca, sem deixar a expressão de tristeza de lado e subiu as escadas.
_Senhorita Rebeca ? _ela batia na porta, mas não obteve respostas. _Preciso saber se a senhorita está vestida adequadamente, apenas isso.
_Não quero ver ninguém. Eu só quero ficar sozinha, eu sou um lixo. _Rebeca dizia entre lágrimas.
Deyse chorou. Enxugou suas lágrimas rapidamente.
_Eu não iria te falar, mas te conheço desde pequetita e sei que não abrirá a porta ao menos que... a pessoa que está aqui querendo ve-la desesperadamente é o Senhor Gerson. E a senhorita sabe que ele não aceitaria um não.
Ao ouvir o nome de Gerson, Rebeca se levanta rapidamente da cama. Se pôs de pé tão rápido que ficou tonta por uns instantes. Abriu a porta.
_Gerson está ai ?
_Sim Senhorita Rebeca, posso o mandar subir ? _Deyse disse com o olhar cheio de esperança.
_Sim pode, deixa apenas eu lavar o meu rosto.
Rebeca não ligava em estar de pijama, já namorou ele um dia, ele já havia visto ela daquele jeito. Ao se olhar no espelho do banheiro, percebeu o quanto tinha chorado, seu rosto estava inchado, seus olhos pequenos, seu nariz vermelho juntamente como suas bochechas. Ela lavou seu rosto. Ao sair do banheiro de seu quarto, Gerson pairava na porta observando o teto. Pensativo, quieto.
_Oi Gerson _ele a olhou se endireitando.
_Oi minha linda. _ao ouvir sua voz e a chamando de linda, ela já se pôs a chorar. Gerson correu para a abraçar. Ela deixou, ela precisava do abraço dele, era tudo o que ela precisava. A única coisa que poderia te trazer paz naquele momento.
_Eu não sei o que aconteceu, mas quero que saiba que estou aqui. Eu vou sempre estar aqui.

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