Louis P.O.V
Harry estava me ajudando à fazer as malas, ou melhor, a mochila. Sempre fomos instruídos à não levar coisas desnecessárias para a guerra. Seria mais fácil se tivesse pouca coisa na hora da evacuação. Estávamos bem, apesar de Harry estar se segurando para falar algo. A cada vez que o garoto abria a boca, seus olhos molhavam ainda mais. Dormimos abraçados a noite passada, com suas mãos apertando meus braços contra seu corpo. Prometi à ele que tudo ficaria bem e eu faria o possível para ficar. Quando terminamos de arrumar minha pequena bolsa, deixei um pequeno beijo em sua testa, tentando acalmá-lo. Suas mãos tremiam e seus olhos tentavam se permanecer vazios, falho.
Fui levado à van que estava estacionada no portão, enquanto os outros garotos iam andando, eu tentava conter o cacheado dentro do quarto.
— Harry, tudo ficará bem. Eu prometo. Apenas não saia daqui.
Ele balançou a cabeça, afirmando que ficaria ali e nós demos um único e pequeno beijo antes de partir.
Enquanto saía, pude o ver o Green eyes me observando pela janela, seus olhos estavam completamente encharcados, mas depois de um tempo, não o vi mais. A van desaparecia cada vez mais na rua longa e deserta.
•••
Chegamos na Alemanha algumas horas depois. Fizemos paradas rápidas em alguns locais, não sei o por quê. Quando desci da caravana, encontrei Tyler vindo até nós.
— Chegou tua hora, garotão. Preparado?
— Acho que sim.
O fato é que eu estou preparado pra guerra, eu não estou preparado para ficar sem o meu garoto. Só Deus sabe o tempo que essa guerra pode durar. Não sei se Harry aguentaria isso. Não sei nem se eu sobreviveria.
Seguimos para as barracas montadas em uma parte alta ali, joguei a mochila sobre o colchonete, percebendo uma pequena folha de papel cair do menor bolso da mochila. Suspirei achando ser um papel qualquer sobre a guerra e o amassei, ainda ser o ler, e o devolvi à mochila.
Minutos depois, Tyler nos chamou para ficarmos prontos. A guerra estava para “começar”.
•••
Bombas explodiam ao meu lado, lançando pessoas à quilômetros de distância. Sangue estava por todo lado, e com toda certeza, era pior do que eu tinha imaginado. Vi Michael poucos minutos antes de entrarmos no campo inimigo. Ele estava correndo com outros quatro garotos, e só consegui pensar em como ele estava sentindo falta do seu namorado, assim como eu sentia falta de Harry. Fui arrancado violentamente de meus pensamentos quando um dos garotos de nosso exército me puxou para baixo. Uma bomba explodiu à poucos metros de nós, me deixando apavorado.
Corríamos de um lado para o outro, sem cessar. Aviões despejavam bombas e granadas que explodiam no céu, abrindo crateras enormes no chão e caindo sobre algumas pessoas. Pessoas essas, eu não conseguimos distinguir quem era do nosso exército ou do exército inimigo. Alguns de nós estavam atrás de pequenas muretas de casas destruídas, com fuzis, baionetas, canhões, rifles, metralhadoras e granadas prontas para serem armadas e explodidas.
Todo aquele horror acontecia à minha volta e eu parecia tão inútil naquilo. Logo um de meus colegas de batalha, Richard, me entregou um fuzil. O olhei assustado e tudo o que ele fez foi balançar a cabeça, me dizendo o que fazer. Me posicionei atrás do muro, com os braços sobre ele e o olhos fixos no horizonte. Manuseei a arma, ouvindo e sentindo-a explodir metros a frente. Pude notar pessoas, homens, caindo e alguns sangrando gravemente. Eu não tinha volta, não poderia sair dali. Tudo o que eu ouvia era bombas, explosões, quedas e gritos. Mísseis eram disparados em nossa direção, enquanto nos encondiá-mos atrás das muretas. Minha respiração estava acelerada, e por um segundo, eu senti que não poderia cumprir a promessa que fiz ao garoto dos olhos verdes. Eu o perderia, ele me perderia. Eu morreria e ele continuaria vivo, pronto para criar uma família, filhos, casa. Em um mundo sem guerra. E por isso, valeria a pena morrer.Mais uma explosão, dessa vez ao meu lado. Abri os olhos e enxerguei fios loiros jogados ao chão. Michael. O garoto estava desacordado, mas não morto. Levantei de imediato e o puxei para trás da murete, tentei deixá-lo ali, próximo aos meus pés. Me levantei novamente, manuseando um rifle, o mirei em direção a um garoto alto, próximo ao canhão. Atirei. Uma, duas, três vezes. Atirei com o máximo de raiva que eu tinha. Vi dois homens caindo aos tiros que eu dava. Michael ainda estava desacordado, porém respirava bem, eu acho. Continuei atirando. Minutos depois, corpos estavam lançados ao chão, sangue escorrendo em seus rostos, membros faltando e algumas pessoas que nem se quer tinha restado o próprio corpo.
A situação estava controlada, por algum tempo, pelo menos. Michael foi levado a enfermaria do local, enquanto eu exigia que os levassem de volta para Londres. Tyler disse que o faria. Ele precisava ir embora. Ele precisa ir antes que acabe morrendo aqui. O enfermeiro disse que ele estava bem, apesar de ter batido a cabeça com força. Provavelmente lançado por alguma bomba que explodiu próximo à ele. Assenti e voltei para o quarto. Peguei a mochila do garoto e sua pequena escova de dentes verde. Lembrei de um papel que havia jogado em minha bolsa horas antes, podia usá-lo para embalar a escova do garoto, para que não sujasse. Abri a mochila e busquei pelo papel. O achei ao fundo da mochila, amassado. O abri para embolar a escova do Mike e percebi que não era uma folha impressa, era uma folha escrita à mão.
Senhor Louis Tomlinson, é com muita dor no coração que peço que volte logo. Sinto sua falta. Você deve estar lendo isso algumas horas depois que saiu do quartel, mas essas poucas horas foram o suficiente para que eu desejasse seu retorno imediato. Estarei esperando por você. Treinarei dobrado para que eu seja convocado da próxima vez, assim poderemos nos ver. Se cuide, Little Bear.
De: seu garoto.
Meu sorriso pareceu rasgar meu rosto, meus olhos marejavam e acabei voltando ao meu pensamento de “morrer para que ele viva bem”. Decidi que não o faria, eu viveria para ele e ele viveria pra mim. Não importa quanto tempo dure.
Busquei por uma caneta em qualquer canto do quarto, e acabei achando uma em um colchonete qualquer junto de uma folha. Perfeito.
Caro Senhor Styles,
É com imenso prazer que lhe digo que estou bem e logo voltarei pra casa. Michael foi enviado hoje por problemas inesperados e esta carta está indo junto à ele. Peço-lhe que não chore ou sinta minha falta, logo eu estarei de volta. Eu prometo à você. Se cuida, baby boy. E, por último, mas não menos importante, não venha pra cá. Tentarei te manter longe disso, me ajude a conseguir isso. Eu adoro você.De: Little Bear.
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Intern War || L.S
Fiksi PenggemarOnde Harry Styles é recrutado para a guerra e Louis Tomlinson o ajuda à se adaptar aos horrores que seus olhos jamais viram. Harry Styles, calmo, gentil, doce o bastante para jamais se envolver em uma briga. Mas ao completar 18 anos, seu país de or...