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[Harry P.O.V]

  Já haviam se passado alguns dias desde que Louis despertara. Seu corpo ainda estava cansado por conta dos medicamentos e sua mente estava confusa. Às vezes ele simplesmente dormia e quando acordava não se lembrava do que havia feito horas antes ou quem havia estado com ele. Em partes, estar com Louis tinha se transformado em uma grande e infinita guerra. Seus surtos no meio das noites me faziam tremer. Havia dias em que ele se levantava, ia ao banheiro e ficava por horas. Quando eu ia buscá-lo, ele estava encolhido ao canto chorando baixo e murmurando que me amava e não iria deixar que ninguém me machucasse.
  Concluímos que ele simplesmente não podia mais participar das guerras, que ao nosso ver estava perto de acabar. Estávamos perdendo, então o governo britânico estava prestes à se render antes que nosso país perdesse mais soldados. Nunca estivemos estruturados para uma guerra assim, isso era um fato. Mas o que não era um fato, era que meio à tanta dor, ódio e ordens de extermínio, eu conheceria ele. Logo ele, que me parecia o garoto mais durão da face da terra, o menino encrenqueiro e barra pesada, apesar do tamanho. Louis me mostrou como era enfrentar uma guerra todos os dias por alguém que ama e eu sou eternamente grato à ele. Fizemos planos para o futuro, com filhos, uma casa boa e prometemos um ao outro que quando sentirmos que tudo está ficando pesado demais, nos abraçariamos e diríamos as primeiras palavras que dissemos depois do nosso primeiro beijo, assim as boas memórias voltariam.
  Com todos esses planos feitos em nossa mente, eu não poderia deixar que o meu pequeno fosse arrancado de mim por seu próprio estado emocional. Sua vontade de viver era enorme, mas quando ele chorava, eu percebia que talvez estivesse fazendo mal à ele, por desejar que ele fique bem pra mim e não por ele mesmo.

— Hey, little bear.- Proferi ao entrar no quarto e o observar sentado no beliche debaixo. Seus olhos encaravam seus pequenos pés que vestiam meias azuis, seus dedos estavam passeando sobre seu calcanhar, fazendo cócegas e arrancando pequenos sorrisos do meu garoto.

— Hey, Sweet. Já soube da novidade?

— Ãn.. Creio que não. Qual é?

— Vou ser mandado embora. Vou voltar pra minha casa, sem ninguém lá.

— Quem te disse isso?

— Segundo o Tyler, eu não tenho mais uma capacidade emocional boa pra viver num campo de batalha. Eu concordo. Mas não concordo em ir sozinho. Eu tenho medo do que eu possa fazer, Hazz.

— Você não vai sozinho. Eu vou contigo, okay?

— Nah. Troy disse que você tem que ficar. Ele sabe que você é bom, e te quer aqui. Pensei em ficar escondido por um tempo. Até a guerra acabar. - Caminhei até a cama e segurei suas mãos pequenas e gélidas. Seus olhos azuis me encararam por algum tempo, antes de voltarem aos seus pés.

— Eu vou dar um jeito, okay? - Ele me ofereceu um pequeno sorriso. Daqueles que damos apenas quando queremos encerrar um assunto, e assim ele fez.

— O que quer pra jantar? Posso preparar algo.

— Quero apenas ficar deitado com você. Posso?

— Infelizmente eu não estou no cardápio, Styles.

— Eu sei. Já faz um tempo que eu sei disso, Lou. - Eu ri. Mas parece que a "piada" não o agradou muito. Louis apenas eu um meio sorriso e se virou para a janela.

Intern War || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora