First Day

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Narrador P.O.V

Harry acordou primeiro. As batidas de pés e gritos vindos do lado de fora despertaram o garoto de seu sono.

Ele abriu os olhos e me inclinou para a cama debaixo, vendo Louis dormir tranquilamente enquando suas pernas estavam abertas e os braços sobre o rosto, cobrindo e espantando a claridade. O cacheado esticou a mão esquerda e tocou as bochechas do garoto mais velho, tentando despertá-lo. Na terceira tentativa, Louis abriu os olhos, revelando seus olhos azuis cansados e sonolentos.

— Bom dia, Cachos. - O menor, porém mais velho, proferiu sem dirigir a visão para ele - Animado para seu primeiro dia?

— Estou com fome..

— Certo, vamos comer e depois vamos treinar. Sua roupa está no armário do canto.

Louis se levantou, deixando a coberta cinza de lado, revelando seu tronco nu. Harry tapou os olhos, fazendo o moreno dos olhos azuis rir escandalosamente.

— Ora, Harry. Vai dizer que nunca viu os peitos de outro homem?

— Não.

— Estava pensando em pôr silicone, o que você acha? - Louis se levantou, caminhando em direção ao cacheado e estufando o peito nu e liso para Harry. O garoto torceu o nariz e saiu de perto do moreno, deixando um Louis gargalhando para trás.

Minutos depois, Louis já estava vestido adequadamente, assim como Harry. Ambos de uniforme e botas.

O treinamento não era difícil nos primeiros dias, um dos motivos os quais Harry estava mais calmo. Ele estava, finalmente, animado.

— Olha, primeiro, você tem que passar debaixo dessas cordas esticadas no chão, pela lama.

— Ew..

Styles torceu o nariz ao ouvir que sua missão incluía passar pela lama, mas foi mesmo assim.

Seu corpo foi de encontro ao chão, sujando um pouco de seu rosto quando a lama respingou ali. Uma mão na frente da outra, foi assim até chegar em um ponto, onde teve que voltar desde o início. Seu cabelo enroscou em um dos fios, o deixando frustrado por isso.

                                •••

Dois dias de treinamento básico se passaram, Harry se saía bem em quase todos. Menos, no teste da parede de concreto. Parece que a vida resolveu dar uma lição no garoto, que ralava suas mãos sempre que tentava alcançar o topo. Louis tapava a boca para abafar o som de sua risada, que fazia Harry revirar os olhos e logo rir também.

Agora, sábado, era finalmente o dia de descanso esperado pelo cacheado. Mal podia esperar para abraçar sua mãe e ouvir a risada escandalosa de sua irmã, mas um ocorrido inesperado atrapalhara seus planos.

Louis e Harry dormiam tranquilamente na  transgressão de sexta para sábado, quando ouviram gritos desesperados. Louis saltou para fora da cama, logo vestindo sua farda enquanto Harry se encolhia de medo.

Explosões ecoavam pelos ouvidos do cacheado, fazendo seus olhos se encherem cada vez mais de água, até não conseguir segurá-las mais.

Louis saiu pela porta, mandando Harry não sair em hipótese alguma e logo seus passos não foram mais ouvidos.

Alguns minutos depois, Louis voltou completamente sujo de poeira e lama, tentando achar as palavras para dizer o que estava acontecendo.

— Fomos bombardeados. Do nada.

— O-os garotos estão bem?

— Eles sim, mas várias casas foram completamente destruídas, junto com as vidas de algumas pessoas. Iremos amanhã cedo ajudar a tirar os entulhos e os corpos da rua.

— Eu vou.

— Não. Você fica. As cenas não serão das melhores.

— Eu vou, Louis. Eu vou começar a servir, não é?

— Em um ano.

— Tanto faz. Eu vou.

— Certo, certo. Agora durma.

Louis suspirou algumas vezes antes de voltar a dormir. Por sorte, Tomlinson não tinha problemas de insônia e, também, ele já estava acostumado com situações assim.

                               •••

Harry P.O.V

Depois do acontecido de ontem, tínhamos uma grande missão pela frente. Missão era que não me deixara dormir tranquilamente durante a noite. Como minha mãe teria ficado? E Gemma? Minha irmã é a pessoa mais medrosa que eu conheço. Mal posso esperar para abraça-las e dizer que ajudarei a defender a Inglaterra, por elas, é claro.

Me levantei rapidamente no dia seguinte, estava agitado e ansioso. Me senti mal por querer ver apenas a minha família e não estar tão ansioso assim para ajudar a recolher os corpos do acontecido da noite anterior.

Em questão de minutos, eu estava de pé, aguardando por Louis que se vestia no banheiro. Assim que ele saiu, o puxei pelo braço e subimos na van que estava estacionada no portão. Nosso meio de transporte até o local da tragédia.

Meu coração apertou quando percebi que a rua da tragédia, era a minha antiga rua. Meus vizinhos estavam destruídos, mas haviam casas inteiras. E a minha estava inteira. O que me fez rir absurdamente grande. Desci da van, correndo entre os entulhos, tentando achar a minha mãe. Mas, no meio do caminho, achei Gemma.

Jamais pensei que veria minha garota daquela maneira. Branca pela poeira que saiu das paredes e seu corpo duro ao chão, em meio a pedaços de telhas e gessos.

Caí de joelhos ao seu lado, torcendo para ser alguém parecida com ela. Mas não. Era ela. Era real, e a minha irmã, a minha garota, a minha hiena, estava morta.

Senti pequenas mãos em meu ombro, e logo elas me abraçaram por inteiro, fazendo com que o calor do corpo de Louis se misturasse com o frio do meu.

— A c-casa está inteira, Louis. Co-como...

— Ela devia estar em uma das vizinhas, Harry. Sua casa é uma das únicas que não foram atingidas. Eu sinto muito.

— Minha mãe.

— Ãn... Ela ainda não foi encontrada. E, talvez, o corpo dela não esteja em nenhum lugar.

— Como, como assim?

— Às vezes, acontece de pessoas explodirem junto as bombas. Não deixando traços de seu corpo.

Foi tudo o que eu vi. Louis dizia mais alguma coisa, ele comentava sobre estar triste comigo e sabia o que eu sentia.. Mas não. Ele não sabia.

Retornei a van e aguardei o momento para irmos embora. O que ocorreu logo.

Os corpos foram retirados e queimados, e alguns soldados continuavam as buscas.

Ao chegar no dormitório, notei que ele parecia mais gelado do que os outros dias. Ele parecia estranho.

— Por isso você não queria que eu fosse...

— O quê?

— Você sabia que elas tinham morrido. POR QUE NÃO ME DISSE?

— H-harry, eu não sabia. Eu entendo que esteja magoado, mas eu não sabia. Como eu poderia saber? Não temos uma lista de mortos imediatamente, sabia?

— E-eu....

                               •••
Louis P.O.V

— E-eu....

Foi tudo o que Harry disse antes de sair pela porta batendo os pés. Logo fui atrás dele, me atrapalhando com os pés, por conta do nervosismo. Logo encontrei o garoto, ele estava na sala do Tyler, comentando sobre algo da guerra. Talvez o culpando por não estar junto com sua família no dia de sua morte. Mas me surpreendi com o que ouvi assim que passei pela porta.

— Me coloque na guerra.

Intern War || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora