A noite cadáver e Rosseau

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Que negros ventos aqui lhe trazem?
Nesta encosta de fim de mundo
perto de um mar tão profundo 
Não sinto mais sua vivacidade
Não és mais deste mundo?
Estava cansada destes aborrecimentos
Se saturou de longas e duras horas,
de tudo que lhe fizeram passar?
Se cansou de longas horas a sonhar
sem ao menos realmente ter vivido
Que lúgrebe noite de verão 
escolheste para ter falecido
Que encosta afiada, perigosa e larga 
você escolhera ter caído
Não tens medo de deixar solitário
o próprio marido?
Nem ao menos quiseste
se tornar um fantasma assombroso
para acompanhar o viúvo abatido?
Que esposa es tu?
Deves ter mesmo enlouquecido
Me falará seu motivo
ou atravessaras para o vale da morte 
sem ao menos ter me esclarecido?
Virou-se o fantasma, se aproximou 
e rispidamente lhe falou ao pé do ouvido:

"Sou livre de corpo e alma! Não pertenço a aquele monstro corrompido - sorriu - Como se ao menos algum dia já tivesse pertencido."

Se virou e seguiu seu caminho
e segundos depois já havia desaparecido.  

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