Necrópole Fria

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 Doce melodia 
criada para evitar o caos
cifrada com as cores da dor
e apagando todo o mal
Rompendo a barreira da criação absoluta
Desaba prantos e desesperos 
Nas noites mais escuras 
Nos cantos mais solitários 
Nas horas mais letais
Mostrando suas notas fúnebres
ao belo sepultado e ao singelo sepultador  

 Doce melodia 
tocada no piano mudo
em que cordas negras se entrelaçam
criando um profundo 
som sombrio e trágico
em homenagem aos seres esquecidos 
na porta da necrópole fria  

 Doce melodia 
criada pelo maestro frágil
cortando a solidão do descanso final
Ao por do sol começa a toca-la
como uma perfeição imensurável
Oh bela necrópole feita de lagrimas
Seu maestro a faz brilhar
Até a noite se curva a ti
e as belas luzes no céu noturno
estão a te acompanhar   

 Doce melodia
em que noites se perdeu?
neste local nada mais é teu
nem o seu mundo desfigurado
Para onde foi sua necrópole encantada
e seus silenciosos pálidos?  

 Oh doce melodia!
frustrada pelo árduo dia
e pelo sol quente e cruel
Cortando com sua cálida luz 
toda a necrópole 
Tingindo o cinza pálido com sua cor 
tão vivida e pulsante 
que faz enjoar  


Oh doce melodia 
Não ha mais lugar para ti
seu maestro melindroso cansou-se de tocar
corrompido pelo forte dia 
Abandonou a bela melodia sombria de luar 
e desapareceu para todo o sempre 
sem ao menos se importar  

 O som das dores e prantos
daqueles que não ouvem a mais 
aquela doce melodia 
arranham a paz da bela noite fria
e atormente o ensolarado dia 
Sem a paz que lhes era dada
como ficarão sem descanso?   

 Sem a melodia nada mais lhes restam 
Para o fim caminham melancolicamente 
sem mais se importar 
Pois perderam a amada melodia 
e não querem mais valsar 
nem pela bela noite de luar
Pois a dança da crua e cálida vida
não conseguem suportar.  

Poemas MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora