(Magda)
Cheguei a casa, deixei as coisas na entrada e fui direta ao sofá. Senti-me como se tivesse meses sem estar em casa, uma questão para dizer "lar doce lar". Peguei no telemóvel para tentar saber mais sobre o avião que teve que aterrar de emergência, não passou tudo de um susto, foi uma pequena avaria e ninguém se magoou. Pelo que li, o avião já estaria de novo a caminho da Argentina. Acabei por adormecer aqui mesmo até a minha mãe me chamar para jantar, ai que saudades da comida da mamã! Quando já estava na cama para dormir, fui dar uma espreitadela nas redes sociais e vi a foto que o Lisandro publicou com o Nico dizendo que já estavam em casa, deixou-me muito mais descansada.
Passaram três dias e estávamos no natal. Como todos os anos, vou passá-lo em casa com a família, um natal simples e em boa companhia, não ligamos muito a esta festividade. Recebi roupa, dinheiro, uma gola e um livro sobre biologia celular e molecular. Faltava uma saca preta, que fiz questão de deixar para o fim, era a prenda que o Gaitán me tinha dado. Quando abri não queria acreditar no que os meus olhos estavam a ver!! Deu-me um relógio vermelho da swatch com a bandeira da Argentina. Meu Deus como eu adoro relógios!!! Ele acertou em cheio!!!
- Quem te deu isso? – perguntou o meu pai
- Foi o Nico.
- O boquinha de sapo tem bom gosto.
- Pai, pára de lhe chamar isso – disse em tom de chateada
- Mas ele parece um sapinho
- E tu pareces um australopiteco, queres que te comece a chamar isso????
- Não abuses – continuamos com as picardias
- Desculpa, descontrolei-me um pouquinho.
- E tu que lhe ofereceste? – perguntou a minha mãe
- Nada
- Nada?!? O rapaz dá-te um presente e tu não lhe dás nada?
- Eu não sabia que ele me ia dar!!
- Então vê se depois lhe compras alguma coisa.
- E o que lhe ofereço?
- Porque não lhe dás uma peça de roupa? Uma sweat, uma camisa – disse a minha tia
- Não era mau pensado, mas tenho que ver bem é que ele tem um estilo muito desportivo. Adora aquelas camisolas de carapuço
- Procuras uma gira e dás-lhe. Se quiseres posso-te ajudar.
- Aceito a ajuda, até estou a ter uma ideia, mas depois falo melhor contigo tia.
- Está bem, olha até aproveitamos e damos a nossa voltinha a pé.
- Combinado – os meus pensamentos recaíram sobre o que lhe oferecer, mas também pensava se lhe haveria de dar ou não um presente. Por um lado, acho que devia comprar não só para retribuir o gesto dele como eu própria tinha gosto em oferecer-lhe algo. Por outro, continuo chateada com a atitude dele no hospital, não consigo compreender a reação dele, mesmo que goste de mim, o que duvido, não tinha razões para o fazer. Deitei-me no sofá a ver um filme e acabei por adormecer.