(Carolina)
Estava ouvir muitas pessoas aos gritos, luzes que me encadeavam os olhos, sangue, era tudo muito esquisito. Parecia uma cena de terror, só queria acordar deste pesadelo horrível. Eu tentava abrir os olhos uma e outra vez, mas não conseguia. Começo a ouvir a Magda:
– Carol? Estás me a ouvir? – eu continuava a lutar para conseguir abrir os olhos – enfermeira, enfermeira! – comecei a ficar muito aflita, parecia que o meu coração ia saltar pela boca com tanta angústia – tem calma amiga, o médico já vem aí – fiz um último esforço e consegui. Abri os olhos.
Olhei para a Magda que estava um pouco diferente, ela sorriu-me. Alguma coisa se passava, eu não estava a reconhecer o local onde estava, aquele cheiro nauseabundo, tinha um tubo ligado ao meu nariz e outro na mão, máquinas à minha volta. Mas onde raio estou eu? Tentei-me levantar, mas não conseguia mexer, o que se passa comigo? Voltei a olhar para a minha amiga
- É tão bom voltar a ver-te acordada – disse ela
- Onde estou? O que se passa comigo? – perguntei eu aflita tentando mais uma vez levantar-me – porque não me consigo mexer? Magda, o que se passa comigo? – as lágrimas começaram a cair pelo rosto
- Amiga, calma! – ela olhou para o lado – enfermeira ainda bem que já chegou, ela acordou – aproximou-se uma senhora com uma bata branca
- Não me consigo mexer, o que se passa comigo? Alguém me pode dizer?
- Menina, tenha calma. O médico já vem analisá-la.
- Médico? O que faço eu numa cama de hospital? – olhei para a minha amiga – Magda, diz-me o que se passa por favor! O que me aconteceu? – as lágrimas continuavam a cair pela cara, eu não entendia o que se estava a passar! Porque estou eu enfiada numa cama de hospital?
- O médico já vem e já te explica tudo, tens é que tentar ficar calma para teu bem – disse a Magda agarrando a minha mão.
- É tão complicado me dizerem o que se passa? – disse eu meio aos berros – eu exijo saber o que se passa comigo!!
- Menina Carolina, ou acalma-se ou terei que lhe dar um calmante e aí vai demorar mais tempo a saber o que se passa consigo – ameaçou-me a enfermeira
- Quando é que o médico chega?
- Alguém me chamou? – disse um senhor com uma voz grossa mas ao mesmo tempo suave. Olhei em direção àquela voz e vi um homem charmoso de bata branca, cabelos morenos um pouco compridos – finalmente, a menina Carol acordou.
- Vai-me dizer logo o que se passa?
- Posso-lhe pedir que saia, por favor? – disse o médico em tão cordial para a Magda
- Ela fica – agarrei a mão da minha amiga com a pouca força que tinha
- Eu tenho que lhe fazer uns testes, umas perguntas e para isso preciso que a sua amiga saia. Prometo que serei breve – olhei para ele de lado e deixei a minha amiga ir
- Como vim aqui parar? O que se passa comigo?
- Carolina, tem que ficar calma para eu avaliar o seu estado. Eu prometo que lhe explico tudo mas tem que ficar relaxada.
- Ok... eu prometo.
- Linda menina! Vamos começar então – tirou uma pequena lanterna do bolso da bata, apontou primeiro para o olho direito e depois para o esquerdo – ótimo – pegou no estetoscópio que tinha à volta do pescoço, colocou-o junto ao meu peito para ouvir o batimento cardíaco. Parecia que sabia que eu ia dizer alguma coisa – Xiu, a Carolina prometeu. Estou quase a terminar – eu continuei calada e deixei-o terminar – o coração está um pouco acelerado, mas é normal visto que está nervosa – voltou a colocar o aparelho à volta do pescoço, pegou num bloco de notas que estava pousado na mesa junto à cama e sentou-se ao meu lado – Como se chama?