(Carolina)
Íamos nós a caminho de Lisboa, no Volkswagen da Magda, mas quem ia a conduzir era o Lisandro pois ela estava cansada. Eu ia na frente com o motorista de serviço, e o casalinho vinha atrás.
- Então como te sentiste ao fazer a promessa de dirigente? – perguntou o Lisandro
- Sinto-me feliz pelo compromisso que assumi mas sei que vem acrescido de mais responsabilidade, agora mais do que nunca serei o exemplo a seguir dos mais novos
- Agora já não podes brincar tanto – disse a minha amiga
- Achas? Continuarei a ser eu própria: a fazer as minhas palhaçadas, a brincar com os miúdos, entrar nos jogos, tudo a que tiver direito. Não quero ser daqueles chefes que não fazem nenhum
- Tipo a Bê (Benedita)? – olhei para ela e rimos
- Tipo ela
- Ela não faz nada, é? – perguntou o Nico
- Não é não fazer nada, mas não gosta de jogar, não gosta de brincar com os elementos, só gosta de socializar e tudo o que tenha a ver com a fé - respodeu a Magda
- Basicamente ela só faz aquilo que ela gosta e quer – disse eu
- Assim é mau para os miúdos, quando estão com ela não se podem divertir
- Eles divertem-se mas ela não joga, não interage com eles e eu não sou assim. Eu quero jogar com eles, quero que eles percebam que os dirigentes também têm direito ao seu divertimento. Mas claro, há tempo para tudo: brincar e trabalhar.
- E fazes tu muito bem ser assim, se fosse criança queria ter um chefe como tu – disse o Licha olhando para mim
- Tão querido, mas põe masé os olhos na estrada que ainda sou traumatizada – coloquei-lhe a mão na cara para ele se virar mas ele aproveita e ferra-me o dedo – estúpido!!! Isso doeu! – os outros dois riram-se – não tem piada nenhuma!
- Desculpa Carol!
- Não desculpo! - endireitei-me no banco, aumentei o som do rádio e encostei-me ao vidro
A Magda e o Gaitán vinham atrás a conversar, até que pouco depois de Aveiro, ele pede-me para baixar o volume do rádio porque a menina tinha adormecido com a cabeça no colo dele. Os dois rapazes vinham a conversar para que o condutor não adormecesse e eu continuava calada pois estava chateada com o Lisandro. Olhei para trás e vi que a minha amiga continuava a dormir.
- Nico, faz-lhe um desenho na cara
- Não tenho caneta
- Eu arranjo – fui à carteira buscar a caneta – pega
- O que escrevo?
- Desenha um panda
- Nooo, tive um ideia melhor – ele começou a escrever na testa "propriedade" e depois na bochecha direita "pri", na esquerda "da" – como escrevo no nariz? Tenho medo que ela acorde
- Tens que fazer devagar, é uma zona sensível – ele aproveitou que ela se mexeu, o que deixou o "acesso" ao nariz mais fácil e escreveu "va".
- Obra-prima terminada! – rimo-nos ao olhar para ela que tinha escrito "propriedade privada" na cara toda
- Ela vai-te matar quando acordar – disse o Lisandro
- Vai nada, é só uma brincadeira – respondeu o Gaitán
Continuamos a conversar, rirmo-nos da figurinha da minha amiga e a imaginar as possíveis reações dela. Quando paramos na estação de serviço de Santarém, acordei a Magda para irmos à casa de banho, Durante o caminho a minha vontade era de me desmanchar a rir mas controlei apesar que quando passavamos pelas pessoas elas se riam ao verem o estado dela. Chegamos ao wc, a minha amiga olha para o espelho