#10 - Bônus Flashback

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Acordo com a luz batendo em meus olhos,  fico em silêncio a dor na minha bacia é horrível, não demorou muito o doutor Rogério vem até onde estou.

— Você está se recuperando bem Lia.
— E a minha irmã?— é a primeira coisa que pergunto.
— Está na sala de cirurgia.

Meu coração aperta como se algo fosse acontecer, fico em silêncio apenas as lágrimas cai do meu rosto, eu estou com sentimento ruim dentro de mim, fico olhando para o teto branco tentando esvaziar a mente, meus pais entram no quarto.

— Como você está? — meu pai pergunta.
— Com um pouco de dor, mas estou bem!
— Vai dar tudo certo filha — mamãe diz.
— Por que vocês não me contaram que ela tinha câncer?
— Foi a escolha dela, ela escolheu isso para não ver você sofrer — meu pai diz.
— Não foi justo, pai, mãe os senhores deveriam ser os primeiros a me contar, não ter ajudado a esconder que a Esther estava doente.
— Nos perdoa filha? — mamãe pergunta chorosa.
— Eu perdôo, mas que isso não se repita mais.
— E não vai minha filha.

O silêncio paira sobre o quarto, só dá para ouvir as fungadas e resmungos, não demorou muito doutor Rogério entra na sala.

— Boa noite o transplante foi um sucesso, agora vocês precisam aguardar para vermos se o organismo da Esther não vai rejeitar a medula, ela está na intensiva e deve ficar por lá alguns dias, qualquer gripe, infecção ou contaminação que ela contrair o seu  organismo pode reagir mal e rejeitar o transplante, por isso é importante termos muito cuidado e sermos pacientes.

Fico em silêncio isso quer dizer que ela ainda está correndo risco de vida, meu Deus essa tormenta não vai passar? Meu coração doi e está tão apertadinho, é muito triste ver a minha irmã nessa situação, as lagrimas continua a rolar isso me parte o coração.

— Eu posso ver ela? — pergunto.
— Você está muito fraca — diz o doutor — precisa descansar.
— Não eu quero ver ela, eu preciso ver que tudo está bem.
— Tudo bem, mas será rápido.

Doutor pega uma cadeira de rodas me coloca sentada, me leva até a intensiva, coloco a roupa especial, entro muito aflita no quarto as lagrimas corre me a próximo dela que está dormindo.

— Esther está me ouvindo? — pergunto — Sou eu a Lia sua irmã, eu não entendo por quê você me deixou fora disso?
— Não queria te preocupar Maninha — Esther fala com a voz falha.
— Não fala nada Maninha, você precisa se recuperar, eu quero ir para escola com você, você é minha maninha e eu quero que você saia daqui bem.
— Deixa eu falar — Esther segura minha mão — Lia você tem que ser forte, agradeço a Deus por você ser minha irmã, eu já compri o plano de Deus na minha vida, você aprendeu tantas coisas minha irmã.
— Que plano? Como assim?
— Me promete quee já mais vai deixar o seu amor por Cristo se esfriar? E que você vai fazer de tudo para ser feliz? Independente do que aconteça?
— Prometo — falo chorando.
— Não chora maninha, não quero ver você triste, quero sempre ver você sorrindo.
— Você vai ficar bem Esther.
— Não maninha, eu não vou conseguir, mais saiba que eu te amo, também amo o papai e a mamãe, você fala para eles que eu amo eles? Você fala?

Apenas concordo com a cabeça, não tenho mais palavras para falar.

— Lia — Esther fala com a voz falha — você vai viver grandes promessas de Deus.

Esther da um último sorriso e uma lagrima cai dos seus olhos, a maquina começou a apitar, seus olhos fecham ela solta minha mão.

— Estheeeeer — grito — não faz isso comigo, Esther por favor acorda.

Vários médicos entram na sala, é tudo muito rápido, ele até esquecem que estou vendo o que estão fazendo, fecham a cortinas tentam reanimar ela, mas é sem sucesso.

— Carreguem em 200 — o doutor fala — afastem 1,2 e 3, de novo agora em 250 afastem...

O doutor olha para o painel cabisbaixo, ele apenas balança a cabeça olha para o pulso.

— Hora do óbito, 23:25 da noite — ele fala e desligam os aparelhos.
— Esther — grito.

Os médicos olham assustados em minha direção, tento me aproximar, mas sou impedida, eles conversam entre sim, mas não dou a mínima eu só quero ficar com minha irmã.

— Não é verdade, ela vai ficar bem — grito aos prantos — volta Esther você é forte, minha melhor amiga por favor não faz isso comigo, Deus por favor não leve ela embora, não tire ela de mim eu imploro.
— Alguém leve ela — doutor fala um pouco assustado — ela nem deveria estar aqui vendo isso, levem ela para o quarto dela agora.

Uns enfermeiros me levam para longe dela contra minha vontade, eu não estou acreditando minha irmã acabou de falecer, a dor que eu sinto é horrível não tenho palavras, estou no quarto em silêncio, meus pais não sabem de nada, não demora muito o doutor Rogério entra no quarto, seu olhar é de tristeza.

— Senhor e senhora Green — doutor fala pegando a prancheta — nós fizemos de tudo, mas infelizmente o organismo de Esther Green não reagiu muito bem ao transplante nas primeiras horas causando uma série de infecções a qual não conseguimos combater, sei que é difícil o que vou falar, mas eu preciso dar essa triste notícia, Esther Green acabou de vir a óbito.

Meus pais se abraçam e choram, não da para explicar o tamanho da dor que estou sentindo, após falar isso o doutor simplesmente sai do meu campo de vista.
Estou em choque sem acreditar, eu acabei de ver minha morrer, estou sem chão, nós não eramos apenas irmãs, ela era minha gêmea, nós duas dividimos o útero da mamãe, nascemos juntas, crescemos juntas, fizemos praticamente tudo juntas.
As horas se passaram, estava deitada no quarto da minha casa, as lagrimas caiam sobre o travesseiro, apenas dava para ouvir meu soluço e a garoa fina que caia do lado de fora.

— Vamos querida esta na hora — mamãe bater na porta e me chamar.

Me levanto e vou até o  carro, fizemos todo o caminho foi em silêncio, chegamos no velório municipal da cidade, me a próximo do caixão, muitos curiosos olham com pena para minha família, encosto minha mão em seu rosto gélido, me bate um desespero as lágrimas rolam mais e mais, olho em volta parentes que choram e poucos amigos da escola.
Meu pai minha mãe se aproxima de mim, me abraçam e nos ajoelhamos no chão chorando, aquilo era o fim para  mim, não sei se vou superar a morte dela. Um pedacinho de mim voltou para o céu, Esther a melhor irmã que alguém poderia ter!

* Recadinho *

Eu escolhi essa música porque eu amo Ao Cubo, e por mais outro motivo o momento pede uma música pra ser ouvida, chorei muito ao escrever esse capitulo porque nos escritores acabamos vivendo e sentindo os dramas dos personagens, imaginamos as cenas que acontece e nos acabamos nos pegando as personagens e é difícil dizer a Deus a um, tudo que é escrito e com paixão e dedicação, espero que gostem do capitulo...

    

Diário de uma garota Cristã - Revisando...Onde histórias criam vida. Descubra agora