Capítulo 005
Podemos considerar que estamos sempre sendo surpreendidos pelo mundo, cada dia algo novo, cada dia algo diferente. Assim como no conto de fadas da Cinderela, que "escondeu" seu lado medíocre num vestido belo e sorriso brilhante, ao dançar com o príncipe, nós escondemos do mundo coisas vergonhosas para nós.E somos tachados de mentirosos e de falsos, apenas por não gostar de uma parte de si. Mas Cinderela, mesmo sendo apenas uma "gata borralheira", teve um príncipe que a amou do mesmo jeito.
Kyungsoo queria um amor especial para si.
|Residência Do|
|20:17 P.M|
|Sábado|— Kyungsoo, se acalme... — murmurou SeHun, já temeroso com o seu pequeno, que sussurrava coisas impossíveis de entender.
Foi então que SeHun percebeu, havia mais, havia muito mais do que ele poderia imaginar. Aquele mistério que Kyungsoo transmitia, ele parecia um livro aberto, mas era uma caixa trancafiada que mostrava que ninguém sabia um terço sobre ele.
SeHun tinha seu coração apertado, pisava no acelerador para a casa do menor, para pode-lo abraçar e acalma-lo. Assim que chegaram em sua residência, apressadamente SeHun saiu do carro e puxou o menor, que soltou um grito de susto pelo puxão, assustando juntamente.— Sou eu Kyungsoo... Eu não vou te machucar... — sussurrou SeHun, vendo Kyungsoo relaxar um tanto.
O arrastou para a casa, entre as pernas dos dois a Meggie miava em preocupação com seu dono. Kyungsoo acordando daquele maldito transe, que o prendeu de tal forma em lembranças horrendas, correu para o seu quarto procurando uma calça que servisse no SeHun. Este que se mantia escorado no patente da porta, com os braços cruzados e uma expressão de preocupação, com o seu pequeno.
O que poderia estar passando na cabeça dele? O que realmente está lhe perturbando? Eram tantas perguntas que se passava em sua mente, mas simplesmente não conseguia proferir nenhuma. Podia-se ver o clima, que antes era tão descontraído e aconchegante se transformou num tenso e completamente perturbador.
Kyungsoo se encarava diante as suas lembranças, sem saber o que fazer, como reagir. Sua mente estava em branco, seus corpo reagia por si só, tremendo como se lembrasse de cada toque, seus olhos eram embaçados pelas lágrimas como se lembrasse cada dor. Ele estava fardado a todas as noites encarar suas memórias como uma tortura, como um portão dimensional para o mundo da agonia.
— E-eu tenho essa... Serve? — entregou uma calça moletom grande, a única calça que ficava larga e grande no pequeno Soo.
— Claro, e... Depois que me trocar vamos ter uma conversa ok? — perguntou SeHun suspirando, agoniado de ver aquele expressão facial do Kyung.
Kyungsoo assentiu, e indicou onde ficava o banheiro. Assim que SeHun saiu, ele se dispôs a chorar, chorar agoniado, chorar desesperado para que aquelas memórias parassem de consumi-lo. Ele sentia seu peito arder em chamas, como se algo tivesse revivido ali dentro. E de fato, eram tantas conhecimentos que mais pareciam um aviso, de que ele ainda estava vivo.
E que ele, iria passar a eternidade perturbando Soo.
Kyung secou as lágrimas com a palma da mão, com remorso por ter estragado tudo. Estava uma noite tranquila e aconchegante, ele se divertiu e se dispôs a também divertir SeHun, mas como sempre, ele tinha estragado tudo. Tudo por culpa do seu passado que não o deixava viver o presente e sonhar com o futuro.
Ele se sentia como a Alice no País das Maravilhas, perdido, sem saber para onde ir. Sem saber se ontem é hoje ou hoje é amanhã, Kyungsoo estava parado no tempo e suas horas estavam acabando. Ele não tinha mais tempo, aquilo o estava matando, estava tirando tudo. Não o deixava ser feliz, nem ter amizades ou algum romance, o impedia de ir nos seus lugares favoritos até mesmo sair de casa foi um desafio.
E tudo por culpa dele!
— Soo...? — ele escutou o murmuro de Sehun, que estava na porta observando o pequeno pensativo.
— M-me desculpe ter estragado a nossa noite, se eu tivesse sido mais cuidadoso, não teria que...
— Kyungsoo, o que realmente te perturbou naquele momento? — ele foi direto ao assunto, se aproximando.
Kyungsoo engoliu seco, aquilo não era fácil de se dizer e nem saberia se devesse confiar nele. Então apenas encarou aquelas órbitas negras, que de alguma forma lhe acalmou, mordendo os lábios de puro nervosismo, sua respiração estava descompassada e seus olhos estavam vermelhinhos e inchados. Novamente, SeHun se pegou pensando que até mesmo chorando ele era adorável, mas não era o momento certo para se pensar nisso.
SeHun se aproximou do pequeno e o pegou no colo, Kyungsoo se assustou tencionando o corpo. Mas em sua mente repetia como uma mantra, de que SeHun era precioso, não iria machuca-lo, sabia que SeHun iria cuidar de si e então, se agarrou como uma criança no SeHun. Eles foram a sala, SeHun se sentou no sofá de couro marrom, com Kyung ainda em seu colo.
— Por que você veio para cá? — perguntou o pequeno, confuso.
— Perguntei para Yoona sobre você, e ela me disse que seu lugar favorito na casa é a sala pelas flores. — ele disse baixo, e Soo pode apenas sentir suas bochechas arderem levemente envergonhado.
— Quando perguntou...? — indagou curioso, arqueando a sobrancelha sugestivo.
Aquela cena era no mínimo, cômica e fofa. Ambos estavam envergonhados, Soo estava no colo de SeHun com suas mãozinhas pousadas no peitoral enquanto os braços de SeHun rodavam seu tronco num abraço desajeitado. Eles se encaravam sem desviar o olhar, como se confronta-se de quem iria iniciar aquela questão sobre as memórias de Soo.
— Isso não vem ao caso agora. — comentou envergonhado. — Agora... Eu acho que você me deve uma explicação, por quase me matar de preocupação... Não acha?
— Uh, sim... Novamente, desculpa por ter estragado essa noite. É que, aquele restaurante me traz má lembranças, parece que todos os dias que passam, algo acontece para me lembrar de que mesmo ele morto, sua promessa não irá quebrar...
— Quem é que ele? Deveria ter me dito que o restaurante te traz má lembranças! Poderíamos ter indo em outro ou até mesmo fazer outra coisa!
— Ele é o meu pai...
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Conto de Fadas | SESOO
Hayran KurguEle é como conto de fadas. Sua personalidade fria e calculista, suas madeixas negras, sua pele leitosa, seus olhos tão expressivos. Talvez não seria o vilão do conto, afinal... Kyungsoo, mais do que ninguém, sabe o que SeHun é em seu conto. Plágio...