• Oh SeHun •

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Quando descobrimos os problemas das pessoas, traumas, pensamentos, lembranças, ficamos tão pequenos diante de um mar. Nos preocupamos e até mesmo cedemos o nosso egoísmo, o nosso bem para ver outra pessoa feliz.

  Assim como Bela, que se sacrificou para morar com uma fera, em troca da vida de seu amado pai, nós nos sacrificamos pelo bem de alguém. Bela tinha um coração limpo e glorioso, e isso iluminou a fera que virou um lindo príncipe.

Kyungsoo queria ter um coração limpo e glorioso....

|Residência Do|
|Sábado|
|20:57|


— Ele é meu pai... — Kyungsoo disse tão baixo, como um sussurro que SeHun demorou segundos para entender.

    SeHun então se viu diante de um abismo, que antes tinha uma ponto firme e segura, agora tinha um pedaço de madeira podre que dava outro lado. Ele queria atravessar aquela ponte e então, ver tudo o que Kyungsoo passou na sua infância. Mas agora ele sentiu que dava passos para trás, temeroso diante daquilo.

Mas aquele olhar morto e choroso não lhe deixou dúvidas do que deveria ser feito.

— O que seu pai fez a você...? — perguntou então, depois de longos minutos encarando aquele par de olhos negros.

— Eu tive uma infância muito feliz, eu tinha meus pais comigo me dando amor e carinho, eu brincava com a s crianças mesmo que fosse muito tímido. Eu tive minha primeira paixão por uma menininha com os meus seis anos, eu tive felicidades e decepções mas eu nem ligava, apenas brincava de tudo. Então tudo começou quando tinha meus dez anos e mamãe apareceu grávida, teve muitas brigas e eu não entendia nada, hoje entendo que ela traiu ele e por trás de todo aquele carinho e felicidade que eu tinha, aquela casa em que morava era tão sombria que ninguém gostaria de estar lá. Eles se separaram e eu fiquei longe da minha mãe e do irmãozinho que ainda estava por vir. — ele suspirou então, fazendo SeHun prender a respiração vendo que estava chegando no ponto chave.

— E então...? — tomou a fala, dando coragem para Kyungsoo continuar.

— Em uma noite que eu e ele fomos jantar naquele mesmo restaurante, eu derrubei suco nele, era suco de uva, meu favorito. Eu pedi desculpa e me senti triste, ele parecia tão estressado e cansado, parecia que nada estava dando certo para si. E então, foi a primeira vez que o vi tão bravo e assustador, aquela máscara de bom pai que cuidava de mim e da amor caiu. E naquele dia eu tentei arranjar tantas desculpas para pensar sobre ele, não acreditava e nem queria acreditar que o meu próprio pai... Havia me machucado tanto. — Kyungsoo tinha voz embargada, e a cada frase uma lágrima solitária corria pelo seu rosto.

    Lentamente, SeHun levou seus dedos passando na bochecha limpando o molhado. Kyungsoo mordeu os lábios nervoso, lembrando de cada toque, cada palavra que ouviu. De cada agressão, de cada momento que passou, uma amostra do próprio inferno, descobrindo o que era o lixo do mundo, o que era os anormais, os seres impuros, que tinha até coragem de ferir uma simples e delicada criança de mente tão pura e simplória.

— C-como ele te machucou...? — sussurrou SeHun, sentindo seus olhos marejados ao ver aquele que tanto era apaixonado, estava quebrado em lembranças.

Como, então poderia mudar aquela situação? Não havia dúvidas, o consolo era o melhor no momento.

— E-ele ficou agressivo, me arrastou ao banheiro e tentou o máximo possível para não chamar atenção. Sabe, quando alguém derruba algo no chão e a outra pessoa fica brava e fala "vou fazer você limpar com sua língua"? Bem, foi o literal disso. — ele murmurou, desviando o olhar envergonhado, sentindo seu corpo sujo, sua boca suja, tudo sujo.

Ele se sentia imundo, ele se sentia uma fera. Um monstro.

— Ah... Não é que eu estou pensando... Ou... Kyungsoo, ele te forçou a...

— Me sinto tão sujo, sinto minha boca totalmente suja! E-eu... Eu até tentei cortar minha língua! — exclamou deixando as lágrimas fluírem.

     SeHun então pode ver que era tão pior quanto imaginava. O tudo que Kyungsoo teve, aquele homem que era como seu herói, o pai mais amável do mundo mostrou o quão sujo ele era. Kyungsoo de todas as formas tentava entender o que estava acontecendo. Era confuso para si, e mesmo que aquele homem machucava-o, ele perdoava porque aquele homem era a única coisa que tinha.

Mais nada, mais ninguém...

     SeHun, abraçou novamente o menor, que se encolheu se agarrando totalmente. Kyungsoo sentia como se SeHun fosse tudo que ele havia pedido, sonhado e clamado, para ele SeHun estava sendo o que ele precisava, de um porto seguro, carinho, consolo. Ele precisava de abraços quentes que lhe distraía, ele precisava preencher seu coração com algo, se desligar de tudo que estava no passado.

— Por quê? Por que está aqui, me consolando... Isso é tão patético SeHun! — exclamou o menor rouco, fungando tentando controlar as lágrimas.

— Porque sou apaixonado por você, e eu sinto necessidade de estar aqui com você mesmo que seja para limpar suas lágrimas. Me dói tanto saber que você passou por um momento difícil, me dói saber que te machucaram sendo que você só merece carinho. Eu não te conheço o suficiente mas de te observar, eu sou apaixonado, sei que tem um bom e sincero coração. Agora eu entro em total admiração por você ter sido forte e ainda estar aqui, sóbrio e sã. — comentou SeHun segurando o rosto vermelho e inchado com suas mãos grandes frias, causando arrepios no menor.

— SeHun... Você é tudo que pedi. Eu sempre sonhei com um príncipe, não perfeito e nem belo, mas que seja o salvador. É infantil, mas eu queria ser salvo, e você tem sido o que me faz ver uma nova perspectiva... Eu não sei, eu não te conheço direito e não tenho sentimentos por você... Então eu penso, me conquiste! — disse firme, apenas da voz estar um pouco rouca e falha. SeHun então arregalou os olhos.

— O-oi? Te conquistar? — exclamou surpreso.

— Eu quero corresponder seus sentimentos, quero você para mim SeHun. Me deixe ser egoísta e deixe-me toma-lo como meu príncipe!

O-o que??????

Conto de Fadas | SESOOOnde histórias criam vida. Descubra agora