Capítulo 5 - Ódio

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POV: Narrador


    Clarke parecia uma bomba prestes a explodir de ansiedade. Sentada no sofá da sala com os pés inquietos batendo no chão e com os braços apoiados em suas pernas, ela não parava de encarar aquela caixa nem por um segundo.

    A caixa que a Clarke tanto encarava era quase do seu tamanho e estava bem lacrada por sinal. Mesmo que ela quisesse nesse exato momento abri-la, era nítido que seria impossível. Seria necessário um código para que alguém tivesse acesso ao interior da caixa. Mas esse não era o problema no momento, não para ela. Clarke só queria saber por que aquela caixa estava ali bem na sua frente, sem ninguém ter avisado que ela teria uma entrega hoje.

    Cansada de tanto esperar que alguém desse uma explicação, ela pegou o seu telefone pela quarta vez e ligou para a sua mãe. Clarke já não tinha esperança que ela atendesse, mas ficar sentada ali não iria resolveria nada. Cansada de tantas ligações sem retorno ela vai até a agenda e procura o número de telefone do laboratório. Ninguém melhor que o Jaha para dar a explicação que ela queria e precisava antes de começar a surtar.

    O telefone também só chamava, mas quando já estava se convencendo de que ninguém atenderia...

- Laboratório Aston, no que posso ajudar?

- Eu preciso falar com o Sr. Jaha. – Ela não tinha certeza que conseguiria falar com ele, mas não fazer nada não era uma opção para ela naquele momento.

- Quem gostaria de falar?

- Clarke. Meu nome é Clarke Griffin. Por favor, fala pra ele que é urgente.

    Por sorte a recepcionista não começou a fazer uma série de perguntas, porque era o que ela menos precisava no momento.

    Com o telefone no ouvido, Clarke aguardava impaciente andando de um lado para o outro. Se ela continuasse assim, era capaz de fazer um "buraco" na sala.

- Clarke?

    Depois de um bom tempo a espera do Jaha, ela ouve a sua voz do outro lado.

- Você pode me explicar por que esse maldito projeto está no meio da minha sala?

- Por favor Clarke, eu quero que se calme. - Ao ouvir o Jaha, ela franziu as sobrancelhas com sinal de negação. – A sua mãe conversou comigo. Ela tinha me dito que você entendeu a importância desse projeto e que aceitou ficar com ele.

- Sim. Mas ninguém me falou que ele chegaria hoje, assim... Do nada.

- Peço desculpa por não ter te avisado antes, mas surgiram alguns problemas aqui e tivemos que levar hoje pela manhã.

    Clarke estava tentando entender toda a situação, mas ela estava disposta a não aceitar nenhum pedido de desculpas naquele dia.

- Eu preciso falar com a minha mãe, ela está aí?

- Não acho que seja o melhor falar pelo telefone com ela. Espera ela chegar.

    Não era a reposta que ela precisava e sim se ela estava no laboratório com ele.

- Por favor. Não me diga o que é melhor pra mim, ok?

- Clarke...

    Antes que ele pudesse dizer algo, ela apenas desligou o telefone. Era nítido como a Clarke não suportava aquele homem, mas nesses últimos dias, ela não estava suportando mais ninguém.

    Talvez a desculpa que ele tenha dado para ela, tenha a acalmado um pouco, por que depois de muito tempo, é a primeira vez que a vejo respirando fundo e tentando entender a situação que se passava.

    A noite chegou e a casa estava muito silenciosa como de costume. Clarke estava no andar de cima em seu quarto, apesar de ter passado por alguns estresses mais cedo. Ela aparentava estar mais calma, não menos chateada por não ter sido avisada na entrega.

    Mas ao ouvir o som de um carro ser estacionado na garagem, ela imediatamente levantou da cama e passou pela porta do quanto como um foguete. Ao descer as escadas e avistar sua mãe entrar pela porta da frente junto com Raven, Clarke praticamente escorrega da escada ao tentar parar o seu movimento.

- Clarke?

    Sua mãe a chama surpresa. Abby sabia que Clarke não reagiria muito bem com a entrega do projeto, então antes que ela falasse algo ou perguntasse, Abby conseguia ver que nada estava bem naquela casa e muito bem com a sua filha e era só questão de tempo para que a Raven também soubesse disso.

- O que ela está fazendo aqui? – Disse apontando para Raven em negação.

- Ela veio ativar o projeto e te ajudar nos primeiros dias a lidar com ele.

- Então você sabia de tudo, e mesmo assim não me falou nada? - Clarke se direcionou até a sala e apontou para caixa no meio dela, dirigindo as palavras para sua mãe.

    Reyes apenas observava a situação.

- Desculpa... – Abby disse ao tentar se aproximar.

- Não. Eu não desculpo. E aliás... Ela pode ir embora. – Ela disse olhando por de trás de sua mãe, encarando Raven.

- JÁ CHEGA CLARKE! – Para a surpresa de todos, Abby gritou com sua filha, já que falar não estava adiantando. – Você querendo ou não a Raven fica! E não quero que você volte a tratar ela assim novamente, está entendido?

    Reyes estava visivelmente constrangida com toda a situação que presenciava.

- Tudo bem Sra. Abby. Eu vou embora.

- Tá tudo bem Raven. Você fica! – Respirando fundo, a Sra. Griffin se virou para a morena e pediu para que a seguisse até o quarto na qual ela passaria alguns dias.

    Clarke não disse nenhuma palavra depois da briga e apenas observou sua mãe e a moça subirem as escadas.

    É difícil falar o quanto a loira estava magoada naquele momento. Sua mãe nunca tinha gritado com ela daquele jeito, ou por não ser necessário, ou por seu pai estar sempre na hora da briga para apartar, mas nunca daquela maneira.

    A vida de Clarke estava de ponta cabeça e tudo no momento parecia não ajudar em nada.

    Ela se dirigiu até a sala e ficou em frente a caixa encarando mais uma vez, não com olhar de curiosidade, mas sim de raiva e se questionando consigo mesma.

- O que eu fiz pra merecer isso? – Diz Clarke colocando a mão na caixa. – Você já me fez te odiar antes mesmo de te conhecer. 

Clarke + A-Lexa - ImpossibleOnde histórias criam vida. Descubra agora