Eu sou a Jane, tenho 16 anos e vivo numa zona periférica da minha cidade, aquilo que normalmente se chamam bairros problemáticos, no Japão. Tenho uma pele pálida, cabelos castanho escuros ondulados, mas com algum volume (que normalmente tenho numa trança) e olhos azuis, sou baixa, magra, quase sem curvas (na minha opinião). Vivo desde os meus 10 anos com uma senhora idosa chamada Ruth e com um rapaz com 7 anos o Gustav. Não tenho pai nem mãe nem irmãos e as pessoas com que vivo não tem parentesco comigo. Quando tinha 8 anos, os meus pais decidiram que a nossa família iria mudar-se para o Japão. Vivíamos calmamente numa pequena moradia perto do litoral, eu, os meus pais e o meu irmão mais novo, o Simon até que houve um terramoto seguido de um maremoto do qual só eu saí viva. A Ruth encontrou-me no meio dos destroços e tentou tirar todas as coisas que ainda estavam em bom estado, uma viola e algumas roupas de todos nós. Mas no meio de todos os destroços, ela só me encontrou a mim ainda a respirar. Perto de minha casa também encontrou o Gustav que devia ter pouco mais de um ano. Ela levou-nos para sua casa que era num sítio um pouco mais abrigado deste tipo de tempestades e onde temos vivido durante estes 6 anos.
Vivemos numa situação difícil e cada dia passado é um troféu para nós. Desde pequena, aprendi a valorizar a vida. Não só por eu ser uma sobrevivente, mas também pelas dificuldades que passo todos os dias. Sim, porque a minha vida de fácil não tem nada. A casa onde vivo está em boas condições, graças aos filhos de Ruth, que sabem que eu e o Gustav vivemos lá e por isso tentam fazer a manutenção da casa quando podem. (Eles não vivem connosco por tristeza minha, vivem todos no Canadá e no verão normalmente vêm cá por uma semana.)A pequena reforma da Ruth dá para os gastos mais necessários, como a eletricidade, a água e a comida. Eu tento arranjar algum dinheiro a tocar música na rua, no babysiting e a fazer bolos, já que uma das minhas maiores paixões é cozinhar. Estudo numa escola graças à minha vizinha Marie, apenas um ano mais velha do que eu e me empresta todos os seus livros e apontamentos de anos anteriores. Tudo o que tenho de mais valor, como o meu telemóvel, foi-me dado pela Marie, usado por ela anteriormente ou comprado para mim no Natal, o que eu não achava piada nenhuma, mas ela insistia. Sem dúvida aquela rapariga morena de olhos azuis esverdeados era a minha melhor amiga ,o Gustav o meu pequeno irmãozinho e a Ruth uma avó com a qual podia contar para tudo. Embora na escola fosse o maior alvo de chacota, nunca me importei com isso porque apesar de ser pobre era feliz e sentia-me bem ao lado da minha família adotiva.
Claro que para uma adolescente como eu, às vezes tinha as minhas crises, mas tinha sempre a Marie para chorar no seu ombro ou mesmo a Karen, que apesar de viver um pouco longe de nós, era a minha companheira na escola. Ela tinha olhos azuis, cabelos loiros com as pontas pintadas de rosa.
Este verão decidi arranjar um part-time, sempre era mais um dinheirinho que entrava lá em casa. Era numa pizzaria e lá conheci algumas pessoas: o Dylan ( olhos cinzentos,cabelos pretos, lisos e compridos e pele amorenada) e a Cindy (olhos castanhos, cabelo vermelho até ao rabo com caracóis a partir dos ombros e pele clara). Nunca os tinha visto na vida e ainda fiquei mais admirada ao perceber que eram irmãos. Eram tão diferentes um do outro, menos na personalidade. Sempre divertidos e insistiam sempre para eu sair com eles, mas eu acabava sempre por recusar. A Ruth e o Gustav precisavam de mim incondicionalmente. A Ruth porque a idade já não perdoava e o Gustav gostava sempre de adormecer comigo perto dele, mas ele rapidamente tinha que se desacostumar. Quer dizer, eu ainda tenho 3 anos de aulas pela frente, mas quando puder irei arranjar um trabalho para os ajudar, eu não sou pessoa de ver tudo ao contrário, embora isso tenha acontecido na realidade. Mas o sorriso daquela velhinha de cabelos brancos relaxava-me sempre. Ela é muito compreensiva e aceita todas as minhas decisões e eu sei que se algo de mal acontecer, tenho-a só para mim. Já o Gustav, aquele rapazinho maroto ruivo, o meu cenourinha, era a criança mais adorável que conheço, ajuda-me em tudo sem eu precisar de lhe dizer. Eu sou sem dúvida feliz com estas 2 pessoas. Não preciso de roupa de marca (a que a Ruth tricotava chegava-me ou então tinha de ir à feira) nem de todos aqueles bem materiais que quase toda a gente tem mas nem dá conta. Não preciso de ter televisão, nem internet, nem computador, apenas precisava de um livro que de vez em quando ia buscar à biblioteca mais próxima, do meu caderno onde escrevia as minhas músicas e a minha viola para compor.
A minha casa é pequena, tem apenas 2 quartos (o da Ruth e o que partilho com o Gustav), uma pequena cozinha, uma casa de banho, uma pequena sala de estar e outra de jantar e um compartimento que ocupamos como escritório. Este último é o sítio onde eu e o cenourinha estudamos ou lemos. No exterior temos um pequeno canteiro com flores à entrada e nas traseiras temos uma horta e um tanque onde lavamos a pouca roupa que temos e, muita dela, tinha vindo da minha antiga casa, coisas que se puderam recuperar. O quarto que partilho com o Gustav tem um beliche (ele é sempre por cima) e um armário negro de madeira, onde guardamos tudo o que nos pertence.
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Just for passion |Hiatus|
Dla nastolatków"A vida não é um conto de fadas" Jane chegou a essa conclusão demasiado cedo, mas talvez todo o sofrimento que ela teve a leve a ter toda a alegria que ela merece quando se muda para San Diego na Califórnia. Tudo vai mudar na vida dela, mas o melho...