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Eu continuava a tentar afastá-lo mas ele não estava a ceder. Ele aproximou-se mais de mim e eu sem querer bati contra a mesa e o prato caiu e fez-se em mil bocadinhos. Com isto consegui um pouco de distância dele, mas ele rapidamente se aproximou novamente. Ele deu um sorriso matreiro e lambei o lábio e fez-me entender logo o que ele queria. “Olha, eu tenho namorado, ok?”, mas ele continuou a colar os nossos corpos até que eu não conseguia mais estar sobre aquela pressão e dei-lhe uma joelhada nas partes baixas. Ele encolheu-se com a dor que eu lhe tinha causado e eu comecei a correr, mas ele não me largou o pé e eu caí no chão por cima dos cacos de prato. Um deles feriu-me de imediato o pulso direito e os outros na minha mão. Eu tenho um pequeno problema, não posso ver sangue senão desmaio, mas o pânico que eu estava a sentir tomou conta da minha fobia e eu corri como nunca até à casa de banho, onde estava o quit de primeiros socorros. Tirei de imediato a água oxigenada e com a ajuda de algum algodão desinfetei as fridas e tirei, com cuidado, alguns pedaços de prato que tinham lá ficado agarrados. Que dores, tanto a desinfetar porque me estava a arder a mão toda e o pulso, mas a tirar aqueles pequenos pedaços de barro… Fiz um curativo no pulso e embrulhei-o em ligaduras e na mão pus algum betadine. Saí da casa de banho e vi que o Damon estava a limpar os cacos da cozinha e a começar a fazer outras panquecas, visto que as que eu comecei estavam esturradas. Desci as escadas e fui de imediato buscar outro prato para por as panquecas.

Damon: Desculpa, não queria que isto acabasse assim

Eu: Sorry Damon, mas isto não tem desculpa. Tu tentaste forçar-me a fazer uma coisa que eu não queria e ainda por cima saí magoada disto tudo. Não só física, mas também psicologicamente. -disse quase a gritar-Agora, se não te importas tenho mais que fazer-peguei no prato com as panquecas e segui caminho para o quarto da Kate-E já agora, não te dignes a tocar-me depois disto.

Ele continuava em silêncio e fez bem, senão eu passava-me. Embora ainda estivesse em choque com a atitude dele, nunca pensei que ele chegasse a este ponto. Mas pronto, desfiz-me de todos os meus pensamentos e entrei no quarto de Kate. Ela ainda estava a ver televisão, achei melhor desliga-la para ela comer mais calmamente. Ela sentou-se na cama e começou a comer as panquecas. Ela acabou a sua refeição e deitou-se na cama enquanto eu fui levar o prato e os talheres à cozinha. O Damon tinha saído há meia hora e eu agradecia-lhe mentalmente pela sua atitude. Aproveitei para ir à mala buscar o livro que tenho andado a ler e regressei ao quarto. Ela dormia profundamente e eu sentei-me na cadeira que ela tinha na secretária e continuei a minha leitura. Ouvi um barulho lá em baixo e fechei o meu livro. Em segundos a mãe dela já estava no quarto a despedir-se de mim e a pagar o meu serviço. Espero que ela não repare na ligadura que tenho no pulso, mas a minha esperança foi-se quando ela me perguntou:

Anabelle: Que te aconteceu ao pulso?

Eu: Nada de especial, queimei-me com água a ferver do chá da minha avó-menti com todos os dentes. Eu não podia dizer-lhe “O seu filho é estúpido e queria obrigar-me a beijá-lo e como ele me estava a apertar contra a mesa caiu um prato. Ele não parou e continuou até eu ter de o magoar no sítio sensível e ele encolheu-se com a dor e quando eu tentei correr ele agarrou-me no pé e eu caí em cima dos cacos e fiz um corte gigante”. Não que ele não merecesse, mas pronto, eu também não queria dar parte fraca.

Anabelle: Tens de ter mais cuidado querida- acompanhou-me até à porta depois de me ter pago.

Tinha dito ao Dylan que lhe ligava para ele me vir buscar, mas não estava com bom aspeto e ele ia perguntar logo o que se tinha passado e eu não queria que ele lutasse com o Damos outra vez. Aquele estúpido nem merecia que eu me lamentasse por ele. Comecei a caminhar até casa e quando cheguei mandei uma mensagem ao Dy a dizer que tinha chegado e que estava tudo bem. Entrei em casa e como eu pensava, ninguém estava acordado. Dirigi-me para o meu quarto e vesti uma camisa de dormir e deitei-me, mas não conseguia dormir. Peguei nos meus phones velhinhos e pu-los nos ouvidos e pus musica a dar no meu telemóvel. Tinha uma mensagem de um número que não conhecia.

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