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#P.O.V. Jane

Depois do almoço -que acabou por ser quase um lanche- em casa da El despedi-me se todos os amigos que crei nestas semanas. Custa-me a deixá-los aqui porque eu gosto mesmo muito deles, de uma forma estranha eles completam-me. A El tem uma energia contagiante, mas de um modo frágil, como se quisesse renovar como pessoa em relação ao seu passado... Mas eu não me importo nem me preocupo com o que ela ja foi porque agora ela é uma parte do meu ser e eu adoro-a por ela ser da maneira que é. O Ryan é aquele rapaz que parece que anda quase sempre bêbado porque traz sempre um sorriso matreiro nos lábios e as suas bochechas raramente não possuem um tom escarlate. A Cindy é uma rapariga amável que luta pelos seus objetivos e é uma inspiração para mim porque a coragem nunca foi um dos meus fortes. O Dylan é simplesmente um amor. Ele sempre foi carinhoso comigo e não se afastou de mim sabendo de muitos dos meus problemas e ajudou-me naquilo que estava ao seu alcance. Despedi-me também dos parentes da El por educação e acabei por ver a quem ela saiu. A sua mãe é tão bela, quase uma fotografia daquilo que penso que a sua filha se vai tornar daqui a alguns anos. E os olhos do seu pai são sem dúvida arte, a maneira como os tons azulados, acinzentados e alguns esverdeados se interlaçam é hipnotizante.

Saltei de novo para a mota quando esta estava quase em movimento e agarrei-me ao torso do moreno de olhos verdes. Voltei a ter a mesma sensação, mas não dei importância, devem ser alucinações ou impressão minha. A viagem correu vagarosamente porque pelo que percebi a mota já tinha pouca gasolina e não valeria a pena encher o depósito se esta vai ficar num canto da garagem até voltarmos perto da Páscoa ou se calhar apenas no verão. Aproveitei a pouca velocidade para admirar a cidade japonesa pela última vez este ano. Tive uma ideia e olhei para o céu vendo o constante movimento das nuvens por cima de mim. Nunca fui muito fã de admirar as formas das nuvens, mas vai ser o meu momento infantil no meu último dia no Japão.

Não tive oportunidade de o fazer durante muito tempo porque em menos de 5 minutos tinhamos chegado a casa. Ajudei-o a arrumar a mota e recolhemos as nossas malas que estavam já na garagem. Esperamos algum tempo até chegar o táxi que nos levaria ao tal sítio surpresa que o Zac insiste em me levar. Entramos e ficamos a viagem -que não foi muito longa- em silêncio, nem o taxista tentou levantar algum assunto para aquecer aquele momento, que estava a ser um cubo de gelo no meio de todas as emoções vividas neste dia. Saimos do carro e fomos até à bagageira para tirar as malas.

O sítio no qual o taxista nos deixou era completamente desconhecido para mim. Via-se uma torre de vigilância para prevenção de incêndios florestais e uma floresta pouco densa a rodeá-lo como objeto de observação. O Zac pegou na minha mão gelada e eu senti um arrepio na minha espinha porque a sua estava quente e foi um choque térmico que eu não estava à espera. Olhei timidamente para o chão ao sentir as minhas bochechas aquecer centrando o meu olhar nos vans do Zac. Uma coisa que eu tenho reparado é na sua paixão por esta marca de calçado, acho que nunca o vi com outro tipo de ténis ou mesmo de botas.

Acompanhei os passos dele e vi que tinhamos de subir as escadas do posto. Pusemos as malas num sítio mais coberto e como cavalheiro que é deixou-me subir primeiro. As escadas eram constituídas apenas por duas traves de madeira na vertical e algumas ripas a servirem de degraus. Quando cheguei ao cimo deslumbrei-me com a vista maravilhosa que se tinha desta altura. Os pinheiros estavam colocados em filas lineares e entre eles havia alguns eucaliptos. Ainda era cedo, mas graças a estação do ano em que estamos o dia já não vai durar muitas mais horas. No soalho do posto está uma coberta castanha,  uma manta de trapos, ambos dobrados, e uma caixa de madeira que deve ter a função de armário da cozinha. Aproximei-me mais do limite e tive uma tontura ao ver a altura a que estávamos, mas não caí porque dois braços me seguraram na cintura de modo a manter-me na mesma posição. A sensação do seu peito contra as minhas costas é das melhores que senti na vida e senti um pequeno choque quando ele colocou a sua cabeça no meu ombro.

Zac: Está tudo bem?

Eu: Foi apenas um pequeno desequilíbrio- sorri mesmo que ele não pudesse ver.

Ele largou-me e eu gemi por saudade do seu efeito mágico na minha pele.

Ele puxou novamente a minha mão e estendeu a manta no chão. Sentamo-nos nela e ficámos a olhar para o céu. Por vezes desviava o olhar para ele e sentia que ele também o fazia, mas não quiz interromper o silêncio confortável em que estávamos. Virei-me totalmente para ele e este olhou para mim pelo canto do olho. Ao ver que me tinha movido do meu lugar virou-se também.

Ficámos de frente um para o outro e os nossos olhares estavam cruzados, azul contra verde, lutando pela vontade de nos observarmos, penso eu. O que eu estava a sentir naquele momento era vontade de beijar os seus lábios rosados com forma de coração, mesmo sabendo que era errado não conseguia conter esse desejo que era demasiado proibido. Mas o fruto proibido é sempre o mais desejado.

Não tenho noção do tamanho que tem, mas foi o que a pouca imaginação que tenho me permitiu fazer. Vou fazer os possíveis para atualizar rápido, mas não prometo nada.

See u soon *

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