Se você tiver que morrer - Final. (Aria)

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Sentada no piso de porcelana acizentado eu fiquei. A sala de espera estava lotada, junto de todas as pessoas com problemas maiores que um garoto que acabara de ser espancado. O hospital em si é conhecido por ser o melhor em resolver problemas graves. Como um rapaz que se meteu em briga veio parar entre pessoas que sofreram acidente de trem ─, e que acabaram com estilhaços de vidro a quase atravessar o coração,─ seria uma singela pergunta na qual eu não sei responder. Estou dando graças a Deus por ninguém ter a feito.
Ezra está a horas dentro de sua sala. Há dois policiais armados parados de frente a sua porta e a visita de qualquer pessoa é totalmente inaceitável. Faz tempos que o chão frio se tornou meu lar. Os meus pulmões, que de imediato deram um surto pela fumaça das dezenas de caixas de cigarro que o homem ao meu lado não se cansou de fumar. Estão começando a se encher, e o oxigênio que me pertencia simplesmente partiu para algum lugar distante de mim.

─ Por que acha que estão cercando a porta? ─ Perguntei ao homem que transbordava tabaco.

─ É sua primeira vez aqui?

─ Sim. ─ Respondi me escorando na parede, e agarrei minhas pernas como uma criança que se esconde de um monstro no armário. ─ Meu namorado está lá dentro, eles não me deixam entrar.

─ E estão certos de não deixa-la entrar. ─ Ele disse coçando a barba rala e grisalha. O homem na qual agora tinha a feição mais preocupada se virou para mim. ─ Lá fica os pacientes perigosos.

─ Perigosos? Ezra é só um garoto que passou metade da sua vida fazendo trabalhos e se ocupando com os estudos.

─ Ezra?

─ Fitzgerald. ─ Nesse momento o homem se afastou de mim, como se houvesse eu tivesse uma doença contagiosa. ─ O que foi?

─ Ele é procurado.

─ Procurado? Procurado por quem?

─ Não "quem" e sim pelo "o que". ─ Ele olhou para os lados rapidamente e em seguida agarrou a manga de sua camisa xadrez azul. E assim foi puxando aos poucos para cima, até revelar a tatuagem de uma das gangues locais.

─ William tinha uma igual. ─ Falei passando a mão por cima. Como se ao tocar eu pudesse sentir a presença dele ali.

─ Até o fim da noite seu namorado não estará mais vivo. Acreditam que ele matou o Will. ─ Curvado ele semicerrou os olhos, levantou o indicador e foi apontando para cada paciente falso a espera de Ezra. Verdadeiros criminosos. ─ Apenas um deslize dos polícias e eles simplesmente matam ele.

2 horas depois

Levantei do chão cansada de si. Um policial me olhava, em especial cada movimento meu. Devolvi o olhar, com uma rigorosidade maior, o censurando em segundos. Caminhei até a máquina de salgadinhos, aonde o metal tingido preto estava enferrujado. O homem de farda saiu de frente a porta e o outro que se afastou foi até a mesa de café. Como o homem do cigarro havia dito. Precisavam apenas de  um deslize dos policiais.

Corri para a porta, e todo o mundo barulhento se calou. O silêncio era corrido, digno de vida ou morte. Tudo ficou em câmera lenta e entrando no quarto não pude fazer nada. Acabara de disparar três ou quatro vezes. Pude apenas ouvir o som dos desparos e os vidros a minha volta se despedaçarem. Junto a janela, o coração de Ezra partiu em cem pedaços. E junto dele se foi o meu amor. Corri rapidamente a cama agarrando seu corpo contra o meu. Seu peito a sangrar encharcou minha camisa branca. Coloquei minha mão ao local de um dos tiros e bulbuciei uma estocada de sangue. Era inútil continuar tentando, nem seus batimentos eu sentia. São tantos lugares que apenas uma mão não era capaz de prender. Ezra fitz é agora um mar de sangue. Sua boca botava o líquido para fora enquanto eu implorava por um médico.

─ Vamos Ezra, viva! ─ Gritei com ele, que piscou suavemente. ─ Por favor querido. ─ O beijei várias vezes. Como em todas as manhãs que eu o acordava para a faculdade. Como todas as noites que passamos em claro. ─ Viva para ver a família que podemos ter. Charlie, lembra? ─ Uma corrente de lágrima correu de meu olho, atravessando minha bochecha, alcançando seu rosto em segundos. Quase como ligar uma torneira e deixar vazar até inundar toda a casa. E assim chorei desesperadamente sobre meu amado. ─ Mas se você tiver que morrer. Morra sabendo que a sua vida foi a melhor parte da minha, e que jamais esquecerei de quem você foi. ─ Em pequenos movimentos sua mão se pôs a cima da minha, e a força se foi embora. ─ D-descanse em paz. ─ Encostei a cabeça em seu peito, tendo meu último momento junto a ele.

Não demorou muito para que os médicos chegassem e eu fosse arrancada a força. Mas sabe o que dizem por ai ─, a vida nem sempre é romântica, as vezes ela é apenas realista. ─ E eu vou sempre amar Ezra Fitz. Seja lá onde ele estiver, ou o tempo que eu precise esperar. Continuarei aqui, o amando com toda a força que ainda me resta.

The End.

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Sendo revisada.

Snow || EzriaOnde histórias criam vida. Descubra agora