Violeta. (Aria)

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Uma semana se passou e nenhum vestígio do garoto de cabelos escuros. Ezra sumiu junto da neve, e agora não há pegadas para que eu siga. Ele quer transar do nada e logo depois foge sem mandar um sinal de fumaça apenas para dizer: "eu to vivo sim, e estou em perigo!" O mundo é um lugar complicado que não consigo entender. Não que eu não tenha tentando ligar para ele, ou mandado mensagens para saber se ele está bem. Mas tudo que ele sabe fazer é se desculpar e há coisas que não precisam de perdão. São feridas abertas necessitadas de corativos e aquele monótono beijinho para a dor passar. Todos nós temos nossas feridas, não é porque a dele é maior que a do colega ao lado, que a do colega também não doa. Esse é o problema da dor, ela nos obriga a lembrar do que estamos tentando esquecer.
Eu não quero mais complicações para minha vida. Eu não quero mais perder alguém, e ele sabe muito bem sobre todas minhas perdas. Não tem o porquê ser mais uma delas. O universo quer eu numere cada dúzia de pessoas que entra e saí de minha vida? Não estou preparada para perde-lo. Não o Ezra. Talvez o amor tenha sido tão profundo, que me afoguei.

Rastejo o cobertor naquele corredor sujo da universidade. Cade essas pessoas? Simplesmente sumiram? Aconteceu algo que eu não saiba?

─ Olá? ─ Grito passando de frente as salas vazias. ─ Alguém aqui? ─ Grito novamente. Nada.

─ É sério pessoal, esse corredor nunca está vazio. ─ Passando de frente aos armários, dedilho o metal com o dedo indicador até o corredor chega ao fim e fico de frente a porta. Olho pelo Campos, vendo tudo em sua volta. Onde diabos as pessoas estão?
Paro o olhar para a cafeteria acolchoada de pessoas e de última hora descido ir até lá.

─ O que está havendo? ─ Pergunto a Alison, que estava de braços cruzados olhando por cima do círculo de pessoas.

─ Meus irmãos estão espancando o teu namorado. ─ Reviro os olhos sobre Alison, essa é a maneira de me informar? Vou empurrando as pessoas, passando por debaixo delas. E assim que de frente aos gêmeos, empurro Ezra para trás.

─ O que acham que estão fazendo? ─ Questiono eles, dando uma espiada em Ezra no chão, sangrando.

─ Sai da frente, Aria. Isso é pelo o que Fitz fez com o William. ─ Por sua vez Jason falou mais alto. Deixando que seu irmão recuasse para trás.

─ E o que acham que o garoto que nem falava com o Will iria fazer com ele? Vocês estão com a cabeça aonde? Saia daqui vocês dois! ─ Vejo que a fúria permanecia em seus olhos. Jason não iria deixar isso para lá. ─ Agora! ─ A multidão da um grunhido insatisfeito. E eu me ajoelho ao lado de Ezra. Seu rosto estava acabado, o sangue fazia correntes tão longas que paravam em seu pescoço.

─ D-Desculpe. ─ Ele aclamou baixo.

─ Cale a boca. ─ Cochichei em seu ouvido, trazendo seu corpo para meu colo, Ezra deitou a cabeça em meu peito, minha camisa azul ardósia teve sua coloração vermelho escarlate. Naquele momento nós eramos apenas violeta. Ele estava tão ferido, machucado e humilhado. Não queria o ver assim. Levantei do chão, passando seu braço em volta de meu pescoço, eu dei passos devagares.

─ Aria! ─ Ele gritou de dor. ─ Por favor!

─ Nós vamos conseguir, Ez. ─ Tentei o acalmar, ainda dando passos pelo campus. Minhas pantufas amassavam a grama verde, enquanto os tênis de Ezra, praticamente as esmagavam em cada pegada.

{...}

─ Você vai ficar bem, okay? ─ Falei para ele. Ezra estava deitado na maca da enfermaria esperando que a ambulância chegasse. Seus olhos quase fechados fuzilaram os meus. Ele levou sua mão, gelada e ensanguentada, ao encontro da minha e sussurrou bem baixo. ─ Eu te amo.

Snow || EzriaOnde histórias criam vida. Descubra agora