Snow || Ezria

São apenas fantasmas (Narrador)

Ele abriu um lindo sorriso e apontou para o carro com a cabeça. A fogueira ainda estava acessa. Draco e Alex seriam responsáveis pelas cinzas, pois os outros já não aguentavam mais ficar de pé. O farol forte do carro se aproximava do conjunto de jovens espalhados pela grama alta e gelada. Ravenswood é uma cidade sempre muito misteriosa. Era o único lugar da Pensilvânia em que o inverno não era inverno. 

Os meninos aceitaram rápido o que haviam feito. Talvez o fato de terem crescido com vídeo-games sobre assassinato ou filmes de terror, tenham os ajudado nessa familiarização com a morte. Ninguém realmente se importa em se Will estava morto ou não. Cada um tinha um ódio em cima dele em que era difícil decifrar quem sentia mais raiva e rancor. Todos estavam apenas amedrontados por de alguma forma terem sido responsáveis por fazer alguém parar de respirar, pensar ou se mover. 

─ Vamos na frente, vocês vão ficar?  ─ Perguntou Ezra indo para seu carro quebrado. 

─ Podem ir, os dois são os que mais merecem descanso. ─ Concordou Hanna.  ─ Iremos com Spencer. Dará tudo certo... E Ezra. ─ A loira o chama.  ─ Cuide bem de Aria.  ─Ela leva dois dedos a frente de seus olhos e os aponta para Ezra depois, como um "estou de olho". Ezra solta um riso falso e abre a porta de seu carro, ele adentra se acomodando no banco e Aria entra logo depois no carona. 

{...}

Deitado no sofá Ezra fechava os olhos calmamente. Aria havia acabado de sair do banho. Seu corpo estava doído, como se tivessem acabo de a atropelar. Ela vestindo a camisa do garoto pois não tinha outra opção, se aproxima do termostato na parede branca do apartamento amplo de Ezra. "Essa sala é oito vezes o meu dormitorio",─ ela pensou. Aumentando o aquecimento, a menina quente se aproxima do sofá. Os cabelos de Ezra espalhavam-se por sua testa em fios emaranhados, que lembravam o céu negro. Havia algumas mechas desnorteadas acentuando sua pele pálida e seus traços delicados. Era um homem lindo. Curvando-se um pouco, Aria estendeu a mão para afastar o cabelo dele da testa, mas, assim que o tocou, ela se deu conta de que havia cometido um terrível erro. Ele desperta com rapidez, como um animal prestes a atacar. O corpo de Ezra se mexeu ligeiramente e depois se reacomodou no vão macio e grande do sofá. Não que um toque fosse servir para o por medo. Ele estava apenas assustado. Apesar da presença de Aria, ele se sentia desesperadamente só.

─ Calma Ez, eu to aqui. ─ Ela dizia docilmente e baixo. 

Um forte tamborilar o deixou apreensivo, então o garoto apertou as pálpebras para ouvir com atenção todo o timbre. Ezra desejou que fosse uma chuva ou neve batendo na lateral do apartamento. Ele podia estar delirando, havia acabado de matar e queimar uma pessoa, aquilo haveria de ser apenas ele conjurando algo que só existia em sua imaginação, confundindo uma coisa inocente com a vida de um fantasma ou monstro, até mesmo a polícia. Era medo de ser encontrado. Não haveria como Will voltar, ou alguém saber. Aria segura suas mãos e da um suave beijo em cada uma na tentativa de o acalmar. Ela sabia que tudo que aconteceu foi somente porque ele queria a proteger e não desmerecia isso. Se sentando no sofá, ele colocou os pés nus ao chão e sentiu a calidez do tapete áspero dar lugar ao frio do piso. O medo havia parado, e o garoto achou que era seguro ir até a janela para se certificar, arfando à medida que se aproximava. A uma luz no corredor projetou um clarão. Era apenas uma tempestade com raios. As janelas estavam fechadas, e as cortinas, abertas. Ao parar de frente as grandes janelas, Aria ficou pensando no que fazer se Ezra tivesse uma crise de pânico ou algo do gênero. A garota o seguia, alguns passos atrás, protegida pela camisa dele o perfume do amaciante que a tranquilizava.

─ Viu? São apenas raios, não há o que ter medo. ─ Se aproximando do garoto parado de frente as janelas, ela passa a mão em suas costas o acalmando. Era o máximo que conseguia fazer ás 4 da manhã.
─ Vamos dormir Ezra, daqui a pouco amanhece. ─ Segurando sua mão ela o puxa cautelosamente para longe das janelas que vinham do teto ao chão.

─ Dorme comigo? ─ Ele para no meio do caminho a aclamando. Era um tom ameno e sutil.

─ Já não fez essa pergunta? Eu estou aqui Ezra, eu aceitei.

─ Não. ─ Ezra cambaleia para frente ficando cara à cara com Aria. ─ Eu quis dizer na minha cama.