Capítulo 24

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XXIV Parte

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XXIV Parte

*Narrativa de Laura

Acordei desesperada, desorientada. Ainda não conseguia distinguir bem o que estava acontecendo, olhei para o lado e vi o Daniel, ao meu lado, o abracei o mais forte que pude. Não é a primeira vez que tenho esse sonho, mas a cada dia está pior. Uma sensação ruim foi tomando conta de mim. “Será que é só porque estou impressionada com o Daniel disse, será coisa do estresse?”
- Ei, calma, estou aqui, foi só um sonho. – falou me puxando mais para seus braços.
- Eu sei, mas foi tão ruim! – disse agoniada.
- Quer um pouco de água?
- Não, por favor, não sai de perto de mim, por favor! – o apertei contra mim o querendo bem, seguro ao meu lado.
- Não vou sair. - me abraçou forte fazendo me sentir segura novamente.
Permaneci abraçada a ele, seus braços fortes me passavam uma tranquilidade, e acabei adormecendo novamente.
Já eram por volta das nove e meia da manhã, e eu acordei com os raios do sol que atravessavam uma aba da janela aberta. “Quem abriu a janela?” Estava sozinha no quarto, provavelmente antes de sair Daniel abriu. Sentei na cama abraçando minhas pernas. Que sonho horrível, Rodrigo ameaçava a todos com uma arma, colocando na cabeça de cada um decidindo em quem atirar. Ninah, Camila, Daniel e Ian. Será que ele seria capaz? Sei que está fora de si, mas chegar a esse ponto? Três batidas na porta atrapalham meus pensamentos.
- Entra.
- FELIZ ANIVERSÁRIO! - Invadem meu quarto Ian, carregando o bolo, Camila, Ninah, Daniel e Juan com balões coloridos. Cantaram parabéns pra você, e cada um me abraçou. E de repente o sonho desapareceu dentro daquele momento feliz.
Tomaram o café todos ali na cama, reunidos. Estavam tão animados, pareciam  realmente felizes, tudo já havia se esquecido, e era outro momento, mas então por que eu sentia um vazio tão grande?
Em pouco mais de uma hora depois, todos já haviam saído do quarto. Ninah, Daniel e Ian foram fazer o tal trabalho exigido pelo chefe deles, e Camila foi ser ela mesmo, desaparecendo. Resolvi dar uma volta pela praia, era estranho, tudo parecia estar meio sem cor, um dia sem graça, as ondas, os pássaros, a vegetação, sempre vi tudo com muita cor, com muita inspiração, e agora , não sei explicar o porquê mas não são os mesmos. Parece que estou em um sonho. O sonho, será isso que está me deixando assim?
Peguei a prancha e resolvi surfar, quem sabe batendo a cabeça um pouco nas quedas não me faz voltar ao normal! Peguei minha prancha e passei horas deliciosas no mar, não caí nenhuma vez, embora tenha perdido umas ondas por causa do mau jeito.
No almoço, mais uma vez me vi sozinha, poxa, eles não vieram nem para almoçar comigo! Peguei meu celular e percebi que estava desligado. Tinham várias mensagens da minha mãe e algumas ligações. Retornei muito animada!
- Alô. - Minha mãe atendeu de primeira.
- Oi mãe, que saudade! Desculpe não tinha percebido que o celular estava desligado!
- Feliz aniversário meu amor! Há 28 anos eu ganhei do papai do céu o melhor presente da minha vida!
- Ah mãe, como queria que você estivesse aqui agora pra poder te dar um abraço bem apertado e dizer que eu te amo tanto, mas tanto!
- Daqui há uns dias estaremos juntas meu amor, e eu te dou esse abraço que você tanto precisa e muitos outros.
- Espero que o mais rápido, pois já estou com muitas saudades mesmo.
- Filha, sei que é seu aniversário, mas se puder assim que tiver um tempo, liga para aquele banco que sei pai tinha a conta conjunta comigo e verifica o que aconteceu por favor. Meus dois cartões estão bloqueados e só tenho agora o da nossa conta, e não queria mexer nela porque ela é do seu dinheiro, sua poupança.
- Vejo sim mãe, mas amanhã, meu aplicativo está com problemas desde que resetaram meu celular e não vou conseguir ver nada agora com os bancos mas pode ir usando nossa conta sem problemas e depois a senhora deposita de volta.
- Está bem. E os namoros, como vão.
- Mãe, não existe “os namoros”, mas os “rolos” vão bem, obrigado, pretendo resolvê-los o mais rápido possível!
- Quero que você curta o máximo que puder, filha a vida é uma só, então seja feliz, está bem?
- Sim mãe!
- Te amo tá! Curte bem seu dia porque você merece!
- Também te amo, Nunca, mas nunca mesmo se esqueça disso!
Me despedi dela desligando rápido o telefone. Meu dia está tão chato, todos longe e eu aqui sozinha, com aquela sensação chata que não me abandona. Sentei em uma espreguiçadeira a beira da piscina e adormeci em meus pensamentos.
- Laura. - Ouvi a voz de Ninah me chamar baixinho. Abri os olhos preguiçosos.
- Oi, acho que peguei no sono.
- Eu tenho certeza! - Sorriu. - Vamos jantar fora hoje, pra comemorar seu aniversário?
- Pode ser, vou ver na minha agenda primeiro e confirmo.
- Palhaça! E ontem a noite, - perguntou sentando ao meu lado - como foi?
- Foi bom, digamos saí do zero a zero que já estava me incomodando.
- Hum, e foi bom?
- Digamos de 5 vezes bom!
- Uau! Realmente tirou o atraso, mas e então, ele é mesmo bom como você se lembrava?
- Digamos que ele é melhor do que eu me lembrava!
- Isso é bom! Mas façamos assim, preciso ver umas coisinhas ainda e enviar uns relatórios. Ian e Daniel devem estar nos quartos  já e Camila vai nos encontrar lá.
- Onde vamos?
- Naquele lugar onde o Juan nos levou, parece que vai ter um jantar lá com música ao vivo, então achamos legal te levar.
- Eu amei aquele lugar, vai ser bom mesmo!
Segui para meu quarto depois de me despedir dela, talvez fosse bom jantar fora, distrair a cabeça. Estou com vergonha de procurar o Daniel, e sem coragem de encarar o Ian. De manhã ele pareceu me evitar, será que já sabe o que aconteceu? Segui pelo corredor, e não entendo porque senti um medo tomar conta de mim, e comecei a apressar os passos até que enfim alcancei minha porta. Entrei e a tranquei, mas segundos depois, minha maçaneta virou me trazendo de volta o pânico.
- Quem está aí?
- Dalila, a camareira, vim trocar as roupas de cama, houve um atraso nos serviços e estou fazendo agora.
Estou ficando louca, respirei fundo tentando retomar a calma e abri a porta, ela entrou fez seu serviço e rapidamente saiu. Um pouco depois, novamente batem a porta, desta vez abri, sem perguntar quem é, não quero agora ficar paranoica com tudo.
- Oi Ian, entra.  - Disse encabulada.
- Não tive muito tempo de estar com você, então resolvi vir agora.
- E como foi a tarde de trabalho em meio às férias?
- Foi tranquila, não tive problemas em nada, conseguimos resolver tudo que nos foi ordenado.
- Que bom. - estava realmente sem graça.
- Você está bem?
- Não muito, mas vai passar.
- Ainda o Rodrigo?
- Sim, mas não por ontem, tive um pesadelo que não consigo esquecer.
- Oi, posso entrar? - Daniel chegou dando um toque na porta.
- Claro, a casa é sua. - Ian ironizou rindo. - Laura estava contando do sonhos que teve.
- Foi só um sonho, acho que fiquei impressionada com tudo, só isso.
- Mas como foi o sonho? - Daniel perguntou me encarando.
- O  Rodrigo tinha sequestrado vocês quatro e apontava a arma pra cabeça ameaçando matar um de vocês, e atirava. Mas não conseguia ver em quem.
- Certamente está impressionada, isso não vai acontecer, pode ficar tranquila está bem? - Ian tentou me tranquilizar.
- Nós estamos aqui, e vamos fazer o máximo pra te ver bem e protegida. Agora vamos fazer assim, cada um vai se arrumar e em uma hora e meia nos encontramos no bar.
- Isso é só para me expulsar! - Ian implicou.
- Que isso amigo, jamais! Só estou solicitando gentilmente que saia!
- E você Laura, quer que eu saia?
- Vou me arrumar, prefiro não interferir nos assuntos de vocês dois! - Disse indo em direção ao banheiro.
- Bom, vamos logo, temos hora! - Daniel arrastou Ian para fora por motivos óbvios.
Já eram por volta das sete horas da noite, eu estava pronta. Usava um vestido godê de renda branca acima do joelho, um cinto fino dourado marcava a cintura, usei um conjunto de ouro com esmeraldas que ganhei do meu pai de presente de aniversário ano passado, ele disse que era para me trazer sorte! Era um colar fino com um pingente em forma de trevo muito delicado, e os brincos caiam em forma de ramos com o delicado trevo na ponta, Escovei o cabelo, e deixando liso caindo sobre os ombros, uma maquiagem leve, clara.
- Estou pronta! - Disse me olhando no espelho.
Peguei uma bolsa a tiracolo branca, e segui para o bar da pousada. Parados no bar estavam Ian, com uma camisa aberta branca, camiseta chumbo e bermuda e Ninah estava com um short jeans preto, uma blusa roxa e cabelos rebeldes soltos e uns acessórios em couro no pulso e braço. Camila e Daniel ainda não haviam chegado.
- Mana, se queria humilhar conseguiu!
- Meu aniversário, tenho que me produzir adequadamente para a ocasião.
- Deveria se vestir mais assim, fica linda de renda, combina com você. - Ian falou me olhando dos pés a cabeça.
- Também gosto, mas sou muito desajeitada para usar renda o tempo todo.
Daniel chegou, vestindo uma bermuda branca e uma regata cinza gola “V”, o cabelo estava meio despenteado, jogado no rosto. Estava sexy, e me surpreendendo cada vez mais.
- Vamos? - Perguntou.
- E a Camila, não vamos a esperar. - Indaguei.
- Ela já foi, disse que nos encontrava lá.
Ninah agarrou nos braços do Ian e andou na frente, e Daniel veio comigo atrás.
- Quase nem tivemos tempo de nos falar hoje. - Comecei puxando assunto.
- O dia hoje foi um pouco corrido, mas valeu a pena. A propósito, você está linda!
Corei com o elogio, e em lembrar da noite que tivemos.
- Está mais tranquila pelo que vejo! - Observou.
- Sim, estou animada também!
- Vamos trocar de par um pouco? - Ian disse se enfiando entre nós dois, e jogando Ninah para Daniel. - Pronto, assim está muito melhor.
- Que abuso, como dispensa minha companhia desse jeito? - Ninah protestou.
- Nada contra sua linda pessoa, mas desde ontem ela foi monopolizada pelo meu amigo almofadinha, e hoje não pretendo permitir isso. - Segurou em minha cintura e me puxou junto a ele. - E problema de quem não gostar.
- Se revoltou? - zombou Daniel. - Pode ficar com ela por enquanto, eu deixo.
Ian lançou um olhar a Daniel, que se fosse possível o queimaria imediatamente. Daniel abraçou Ninah rindo e segui na frente.
- Enfim sós! - Disse rindo.
- Você teria toda a noite para estar ao meu lado, não entendo o porque disso.
- Porque eu queria estar contigo agora, porque desde ontem não consigo, porque tenho a leve sensação que a senhorita está me evitando. - disse pegando no ponto crítico da situação.
- É isso que pensa?
- É o que penso sim senhora! Por acaso já tem alguma decisão em mente? - Apertou minha cintura contra seu corpo, me olhando nos olhos.
- Na.. não.. tenho. - Não posso acreditar que já estou derretida por ele só com um olhar.
- Que bom! - Suspirou parecendo realmente aliviado. - Por um momento achei que você e o Daniel ontem… - A frase parou e o meu coração também. Não podia lhe falar nada sobre o que aconteceu, na verdade acho que não queria que soubesse.
Preferi me calar, abri um sorriso meio torto e seguimos. Quero muito me decidir, me sinto tão bem com o Daniel, ele me faz sentir especial, desejada, não sei explicar o que sinto quando estou com ele, sem contar que ontem a noite, céus, que homem! Já o Ian, é tão fofo,  e chato, e carinhoso, e ultimamente atencioso, compreensivo. Está mudando, isso é certo! Aquele garoto inconsequente, garanhão, metido e esnobe parece ter partido e ficado apenas o homem carinhoso, sensual, romântico, brincalhão e agora a tão atencioso e companheiro.
Chegamos, haviam dois seguranças na entrada, que nos recebeu abrindo passagem. Ninah, Daniel e Ian se encaminharam na frente, e eu fiquei pra trás. “ Que maravilha, em um minuto disputada e no outro, jogada lá atrás por último!”
- SURPRESA!!!! - Um grito conjunto quando passei pela porta reclamando em pensamento me assustou.
Olhei ao redor, estava lotado, e com uma decoração linda, bem a cara da Camila, que estava ao lado do bolo com um vestido longo de tecido fino, e cabelo solto. Não conhecia nem um terço das pessoas que lá estavam, mas quem conhecia que  estava, para mim já era suficiente, só faltava minha mãe!
Meus olhos marejaram e senti um abraço delicado.  Ninah, me abraçava por trás pela cintura.
- Foi difícil, mas conseguimos fazer uma surpresa pra você! - falou. - Todos nos empenhamos em dois dias, claro que quem organizou foi a Camila né! E você quase descobrindo.
- Você merece! - Camila falou me abraçando. - A surpresa só começou.
- Obrigada, mesmo!
- Agora posso falar o que ela fazia no meu quarto naquele dia! - Daniel falou me abraçando. Aquilo me fez sentir a pessoa mais idiota do mundo! Meus olhos se arregalaram.
- Eu te falei na praia ontem, você tinha sido injusta! - Ian disse levantando uma sobrancelha.
- Eu nem sei o que falar! Desculpa, eu…
- Tudo bem já passou, na realidade acho que nunca gostei tanto de um equívoco como gostei desse! -Daniel disse deixando subentendido todo o ocorrido da noite anterior e Ian me olhou sério.
- Minha rainha, feliz aniversário! - Juan me abraçou me tirando de uma possível encrenca.
- Obrigado, mesmo. Amei tudo - Disse observando novamente a decoração.
Logo a tarde se desfez, o sol se pôs e o DJ começou a tocar músicas mais animadas. Juan pediu umas salsas para lembrar de quando nos conhecemos. Dançamos três músicas, e percebi um círculo se formar a nossa volta.  Depois da terceira dança parei e peguei um suco, encostando na parede e observando todos se divertindo. Novamente aquela sensação estranha de frio tomou conta de mim quando vi um garçom passar, não sei porque, mas me lembrou Rodrigo, embora não tenha notado bem seu rosto.
- Ai cansei. - Ninah disse chegando com Ian e parando ao meu lado. - Amiga o que houve, você parece pálida?
- Tive a impressão de ver o Rodrigo, mas acho que é coisa da minha cabeça.
- Com certeza foi sim mana, aqui só entra quem foi convidado, e ele certamente não está na lista! Tem muitos seguranças aqui e ele não passaria de forma alguma.
- Vem! - Ian disse me puxando tomando meu copo da mão e entregando a Ninah. - Você precisa é dançar mais pra esquecer isso.
Rodou comigo até a pista, e começou o que poderia até denominar de show de sensualidade. Esse homem não existe, tão lindo, tão perfeito! Me prendeu contra seu corpo, e me usou como se fosse feita de mola. Me jogava fazendo meu rosto colar ao dele. No meio da dança aproveitava para pegar em minha bunda, safado! De repente me rodou, e senti outra mão segurar a minha e me girar para si, era Daniel, que me pegou travando meu corpo ao dele. A essa altura ninguém mais dançava, todos olhavam os  dois fazendo uma disputa em dança comigo. Eu dançava no meio dos dois enquanto cada um as vezes me puxava fazendo os passos mais ousados possíveis na salsa. No final da música, estava presa pelos dois, e no mesmo instante me lembrei do sonho, me sentindo excitada com aquilo! Voltei rapidamente a mim, saindo do meio dos dois e seguindo até o bar, onde peguei um drink de frutas com vodka.
- Amiga que show! -  Ninah falou chegando com Juan.
- Sensacional! Eu que não tenho essa sorte. – Juan se abanou olhando os dois que vinham em nossa direção.
- Isso não é sorte, é maldição! - pedi silêncio, mas Ninah como sempre não resiste a um comentário indiscreto.
- Um excelente show! Queria um desses, claro que não com vocês, mas com dois gatos lindos só pra mim.
- Daniel. - Camila chegou chamando ele um tanto agitada. - Por favor, você pode me ajudar, estou com um probleminha no depósito e não consigo resolver.
- Claro. - Ele disse a acompanhando.
- Eita, o que será que aconteceu? - Ninah questionou.
- Não sei! - Ian disse intrigado.
Continuávamos conversando sobre aquela dança, infelizmente, e Ian, estava sério, parecia preocupado com alguma coisa, então depois de uns minutos se desculpou e saiu. Ninah pegou mais um copo de vodka pra ela e eu peguei um de suco, não queria ficar bêbada, nem poderia, pois do jeito que as coisas andavam era bem provável terminar como no sonho: com os dois na cama!

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