Depois de passar um bom tempo pensando no que havia feito, fui tentar dormir, era o que devia ter feito muito tempo atrás.
No dia seguinte acordei e fui em direção ao único lugar que fazia barulho da casa. Ao adentrar a cozinha, vi Destiny cozinhando algo.
-Des, desculpa por ontem. -Falei me sentando na bancada.
-Precisamos conversar sobre isso. -Ela falou sem me olhar.
-Eu sei que não devia ter feito aquilo, eu não sei o que aconteceu e, bom... Nada aconteceu, poderíamos simplesmente esquecer isso, não acha? -Ela me olhou.
-Precisamos nos afastar, Alex.
-O que? Não! Você não pode fazer isso comigo, você é minha melhor amiga!
-E você não pode fazer isso com Nathalie, Alex. Não importa que ela não goste de mim, ou sua família não goste dela, ela é um ser humano, e eu não vou fazê-la sofrer como ela te fez ano passado.
-Como você sabe disso? -Me referi a traição.
-Carma me falou.
-Por que ela te falou isso?
-Deveria conversar com sua namorada. O que vejo na relação de vocês é algo superficial, baseado em brigas e sexo, e isso pode fazer mal a vocês. -Ela falou ignorando minha pergunta e saindo da cozinha.
-Espera, aonde você vai? -Fui atrás dela.
-Marquei com Skyler na minha casa em 15 minutos. -Ela falou colocando a bolsa nas costas. -O café da manhã está pronto. Tchau, bebezinho. -Ela falou saindo.
-Qual é, azar, isso é ridículo! -Falei saindo atrás dela, mas ela ignorou.
Ótimo, Alex, você além de idiota e um imbecil.
Sentei na calçada e fiquei observando os carros até decidir o que fazer. Concluí que eu não havia feito nada errado, eu não beijei Destiny.
Entrei e liguei para Nathalie, chamando-a para ir ao cinema, mas ela não havia esquecido do "encontro".
-Oi linda, quer sair hoje? -Perguntei.
-Vai me falar agora por que saiu com o vagabundo do seu irmão e com as duas piranhas de nomes estranhos?
-Não fale deles assim!
-Fala sério, Alex. -Ela bufou.
-Não quero discutir com você... -Falei.
-Vamos aonde? -Perguntou.
-Passo aí em meia hora.
Durante o caminho até o shopping, ficamos em completo silêncio, e aquilo era insuportável de tão desconfortável.
-Acho que não somos mais amigos. -Falei.
-Ótimo, não gosto dela. -Falou ríspida. -Olha como aquilo é ridículo, eu não vejo motivos para esses gays ficarem se agarrando na rua.
-Eles só estão de mãos dadas. -Falei.
-Acho desrespeitoso.
-Eles amarem um ao outro?
-Não, Alex. Eu acho nojento.
-Se não gosta, não precisa ser. Mas isso não interfere neles. -Falei e ela bufou.
-Aquela louca fez sua cabeça.
-Ninguém fez minha cabeça.
-Aham.
-Nathalie, o amor é um sentimento livre, o que você acabou de falar te classifica como homofóbica, mas o amor não tem classificação, o amor é só o amor, e é uma sorte sentir e ter isso correspondido.
Ela ficou quieta pelo resto do caminho. Assim como no cinema e na volta para casa.
No fim do dia, a única coisa que eu queria era ligar para minha melhor amiga.
Minha prova seria no dia seguinte, então resolvi revisar mais uma vez o conteúdo.
Depois disso, olhei o celular por um tempo e após desbloquear a tela, enviei a seguinte mensagem a Destiny:
-"Tenha uma boa noite, Azar. Eu sinto muito de verdade"
E por fim, fui dormir.
No dia seguinte, não tive tanta dificuldade para realizar a prova, o que antes acontecia constantemente já que eu nunca estudava.
Sai com meus amigos e depois fui para casa. Discuti com Nathalie e por fim dormi.
E minha rotina seguiu assim por mais um mês.
Depois de mais um dia cansativo no curso, ao sair da sala, encontrei a ruiva me esperando.
Rapidamente fui em sua direção e a abracei, atraindo então muitos olhares.
-Ai meu Deus, me desculpa, eu senti tanto a sua falta! -Eu falei afobado enquanto distribuía beijos no topo de sua cabeça.
-Eu preciso te falar uma coisa. -Ela falou depois de um tempo.
Entramos na sala que agora estava vazia.
-Precisa acreditar em mim e não surtar, tudo bem? -Ela falou e eu assenti. -Ela está traindo você.
-É claro que não! -Eu me desencostei da mesa e ela respirou fundo.
Minha relação com Nathalie estava maravilhosa, mesmo que brigassemos bastante por pensamentos contrários.
-Alex, confie em mim.
-Por que eu confiaria em você? -Surtei. -A cada história sua mais misteriosa você fica, eu não sei nada sobre você, ou sobre o que você faz ou qualquer coisa do tipo. Você sempre está tão bonita e sorrindo e desse jeito -fiz um gesto com a mão- mas continua sumindo e voltando como se nada tivesse acontecido. Por que eu confiaria nisso?
-Sou sua melhor amiga.
-Eu sei que quase nos beijamos mas isso não é motivo para tentar acabar com meu namoro, azar. -Falei mais calmo.
-E, uma hora vai perceber que deveria ter me escutado. -Ela completou e saiu da sala.
Depois de uma séria discussão em relação a isso com Nathalie, a morena foi até Destiny tirar satisfações.
-Quem você pensa que é? -Ela entrou na cafeteria quase gritando, fazendo com que os clientes a olhassem.
O sorriso de Destiny desmanchou na hora.
-Podemos conversar civilizadamente. -Destiny falou enquanto tirava os patins.
-Eu pareço querer conversar, vagabunda? -Nathalie gritou se aproximando da ruiva e a empurrando para cima de outro funcionário, chamado Carl, que teve toda a bandeja derrubada.
-Estamos no meu local de trabalho, Nathalie! -Destiny falou ríspida pela primeira vez na vida, ninguém nunca ali havia a visto daquele jeito.
A morena a puxou pelos cabelos e menos de um minutos depois as duas discutiam sério, enquanto Destiny tentava parecer passiva, mas logo deu um murro em Nathalie para que a morena soltasse seus cabelos.
-O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? -A loira, chefe de Destiny falou ao entrar lá. -Você -apontou para Destiny. -Está demitida. E você -apontou para Nathalie. -Proibida de pisar em meu estabelecimento.
-Nunca mais se envolva em meu relacionamento com ele ou tente tirá-lo de mim. -Nathalie falou.
-Eu nunca me envolveria em briga por macho, só tentei proteger meu melhor amigo, mas ele é tão babaca quanto você! -Destiny esbravejou e saiu de lá.
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O Destino do amor
RomanceEu sempre me perguntei se teria sido diferente. Talvez se eu tivesse acordado um pouco mais cedo, ou arrumado o cabelo mais rápido. Se não tropeçasse na ração do cachorro e tivesse reclamado tanto. Poderia ter sido diferente. E eu não consigo parar...