Dear Wolf Daughter

Hogwarts

Inglaterra, 4 de setembro de 1981

-Você vai pro Departamento de Mistérios, como o tio Charlie?

Severus, imediatamente, olhou o pequeno ser á sua frente. A garotinha de dez anos mexia seu cappuccino, nada preocupada que o mundo à sua volta esticesse em polvorosa. O Pocionista não pôde deixar de pensar que deveria mostrar aquilo á Charles assim que as circunstâncias permitissem. O lobo sempre ficava deveras pomposo quando a afiliada o chamava daquela forma manhosa. "Charlie".

-Não, minha bonequinha. Papai vai terminar de aprontar as coisas para o nosso próximo ano.

-Vamos morar em Hogwarts com o vovô Alvo e a vovó Minnie?

Dessa vez os olhinhos desiguais brilharam tanto quanto duas estrelas. E Severus se viu babando na própria cria. Como sua menininha era um ser perfeito.

-Sim, querida. Vamos voltar para a Rua da Fiação apenas nas férias.

-Charles e Bill vão estudar comigo, não vão?

-Claro, amor. Molly está contando que será você a colocar os filhos dela no eixo.

-Papai, é o Charles quem gosta de se enfiar em livros. Eu gosto de escrever...

Os olhos da menina voltaram a entristecer. Na verdade, durante a última década, Severus tentou ensinar a filha a ler... Mas acabara aprendendo um novo "dialeto".

Se o Pocionista fosse realista... Sabia que, do não tão pequeno circulo familiar que tinham, ele era o único que realmente entendia sua filha. Charles não contava, pois saiu saltitando e berrando que sua lobinha era um gênio, quando entendeu que a menina criara um código próprio para escrever. Draco também não, pois era capaz de aprender a ler e a escrever pelo código da prima antes mesmo de conseguir dizer quadribol.

A dislexia de Alice era severa. Mas era um transtorno psíquico trouxa, os bruxos não eram capazes de compreender a dificuldade da menina. Nem mesmo os Trouxas eram... E, se havia algo que o deixava tão orgulhoso quanto um pavão, era o fato de a filha conseguir, com muito custo, ler e escrever normalmente. Claro, como o pai coruja que era, Severus a proibiu de se forçar ao estudar ou escrever a seu bel-prazer.

-Isso não a torna menos que ele, anjo.

-Sei que não, papai... A moça da mesa 17, uma das listras do vestido dela é dois centímetros mais largas que nas outras.

Outro grave problema... Transtorno Obsessivo Compulsivo.

Filhos de Portadores Masculinos tinham uma seria tendência a desenvolver anomalias psíquicas, em geral a Psicopatia, a Sociopatia, a Esquizofrenia e o Transtorno de Déficit de Atenção. Mas o sangue lupino do outro pai havia desequilibrado outras cadeias.

-Dois centímetro? Está ficando boa nisso! Já disse à tia Narcisa que o Berço de Draco está fora do esquadro?

-Narcisa não gosta de mim... Mas vovô Abraxas prometeu que ia deixar eu arrumar direito o quarto do Draco...-Alice assistiu o pai rir, antes que o mesmo colocasse a mão no peito discretamente.-Quer ajuda com os pontos quando chegarmos em casa?