Severus teve que usar de seu autocontrole por toda aquela manhã, ou cairia em gargalhadas antes do almoço. Eles foram cedo para a Toca, auxiliar Molly com o almoço que faria para a Ordem naquele dia. O Pocionista sabia que em torno das dez da manhã, a filha e o namorado chegariam n'Toca, e Remus não estava psicologicamente preparado para essa cena. Disso Snape tinha certeza absoluta.
-Você parece estar se divertindo com alguma coisa.-Observou o lobisomem. Eles estavam tomando um chá enquanto as coisas cozinhavam e assavam. Eram em torno de nove da manhã, e a qualquer momento sua menina poderia entrar pela porta.-É às minhas custas?
-Acalme-se, Remus. Logo vai entender o que tanto me diverte.
Mais alguns minutos, e Severus pôde ouvir as gargalhadas de sua filha e as de Charles. Algo deveria ter ocorrido na noite anterior. O Pocionista assistiu o lobisomem se ouriçar, provavelmente sentindo algum cheiro relacionado a sexo.
-Bom dia, família!-A voz da lobinha ressoou. Molly correu da cozinha, sorrindo largamente.-Tia Molly! Que saudade.
-Alie, querida!-A matriarca ruiva abraçou a loba com o máximo de força que conseguiu. Verdade seja dita, adorava a menina.-Como foi sua viagem? Oh, precisa me contar tudinho! Mas antes, venha. Seu pai está tomando chá na sala com Remus.
Charlie beijou o rosto da mãe com carinho, antes de seguir a namorada até onde Severus, Remus, Bill, Arthur, Harry, Ron e Hermione estavam. O ruivo se aproximou do pocionista, estendo a mão ao sogro. Mesmo depois de tantos anos, se sentia acanhado diante da presença forte de Severus. O professor conseguia lhe impor mais medo do que o padrinho lobisomem da namorada.
-Severus.
Cumprimentou, sorrindo levemente, recebendo um aceno educado.
-Charles. Bom vê-lo acompanhado de minha menina.
Já Alice não se interessou pela imagem maléfica do pai, e simplesmente se jogou em seu pescoço, beijando seu rosto com todo o amor que tinha disponível para ele.
-Papai! Fomos ao café, e nem acredita no que aconteceu.
-Deixe-me advinhar... Lucius estava perambulando por lá?
-E muito bem acompanhado. Narcisa faria o chilique do século ao vê-lo com Madame Zabinni, não?
-E como.-Severus se aproximou mais do rosto da filha, antes de falar em um não tão fluente alemão.-Acredito que o pai lobisomem esteja se remoendo na cadeira.
-Quando o pai lobisomem criar coragem para assumir a nós dois.-O olhar da loba foi tão significativo que Remus chegou a afundar em si mesmo, envergonhado.-Lhe darei o direito de sentir ciúmes. O direito de expressa-lo será uma batalha bem mais rigorosa.
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Sirius sabia que tinha algo errado. Todo tempo Remus olhava para Charles Weasley como se fosse lhe tirar o fígado pelo nariz. O ruivo, no entanto, não se dignava a dar moral ao lobisomem. Mas o estranho era Lupin sentir tanto ciúmes da filha de Severus Snape, enquanto que o próprio pocionista parecia estar extremamente divertido naquele dia.
Alice não deu muitas brechas para aproximações do outro pai, preferindo ficar junto do companheiro, uma vez que o tempo de ambos era contado de grão em grão de areia.
O almoço fora divino, mas sem dúvidas o melhor do dia foi o chá da tarde, com os maravilhosos cookies que só Molly sabe fazer. Gina, Hermione e Alice ficaram em torno da matriarca, tentando absorver aquela receita, mas era uma questão de toque. As mãos de Molly pareciam ser capazes de concertar qualquer desastre culinário.
Fleur Delacour também estava lá, ela e Bill eram... "Amigos", por assim dizer. Não exatamente tinham um relacionamento, mas isso não impediu que a matrona ruiva acabasse por comparar a francesa à lobisomem, que sempre lavava a louça, mesmo sob seus protestos de que Alice era visita também.
-Tia Molly! A Toca é minha terceira casa! Não sou visita aqui há muitos anos. A senhora já cozinha para nós. Não permitirei que se desgaste ainda mais com um serviço doméstico que sou capaz de fazer também.
Charlie ouviu a namorada, e sorriu de seu lugar no sofá, antes de se erguer, se colocando ao lado dela na pia, batendo com o quadril contra o dela, o que a fez rir.
-Então vamos agilizar tudo, amor.
Lavaram, secaram e guardaram tudo. Nada muito novo, pois costumavam organizar toda a casa do ruivo, na Romênia, toda semana. Alice não gostava muito de limpar, mas conseguia organizar um cômodo como ninguém. Já que Charlie não ligava em limpar, o acordo dos dois era esse. E a casa permanecia sempre impecável, coisa amplamente elogiada pela mãe quando fora visitá-lo no começo do ano.
-Pare de provocar o lobo, Charlie.-A castanha pediu em romeno, vendo um sorriso de canto nascer nos lábios um tanto cheios do namorado.-Ele não é o meu padrinho, sabe disso. E eu preferia não entrar em uma guerra com meu pai agora. Pretendo fazer com que ele e papai se entendam.
-Não estou provocando! Você é minha esposa pela natureza dos lobisomens. O ciúme dele é infundado. Mas entendo que a coisa toda seja nova para ele... Eu também estaria com ciúmes por ter de dividir minha filha com mais um, já não bastasse Severus, Lucius e Gabriel.
-Acho que ele ficaria zangado se descobrisse que meu padrinho é o irmão gêmeo e sensato de Fenrir Grayback.
-Ele ficaria zangado por qualquer coisa que envolva ter de dividir o seu amor, Alie. Nós dois sabemos disso.
A castanha suspirou, terminando a louça. Seguiram para a varanda dos fundos, e ela se acomodou contra o peito do melhor amigo, recebendo um jeitoso carinho em seus cachos cor de avelã. Charlie viu a namorada retirar os óculos de sol, e sentiu sua pele se arrepiar. Sempre acontecia quando ela permitia que visse os olhos completamente desiguais.
O olho esquerdo era negro, profundo. Se olhasse bem, sentiria como se ela escondesse o mais importante dos segredos.
O direito era de um azul tão claro quanto a primeira manhã de inverno, com algumas notas de branco e amarelo. Aquele era facil de ler... Ele dizia claramente: Perigo.
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Sirius viu a oportunidade perfeita de interrogar Moony quando ele saiu para a varanda da frente, respirando rápido, parecendo tentar fazê-lo profundamente. Significava que ele estava perdendo o controle.
-A menina, Alice.-Ganhou os olhos azuis do melhor amigo. Estavam furiosos.-Por que a menina te perturba? Não ela em si, mas Charles a tocando parece te perturbar profundamente.
Remus engoliu em seco. Precisava pensar rápido. Não podia permitir que Sirius desconfiasse de algo. E sem saber que era ouvido por Severus, disse a primeira coisa que lhe veio a mente.
-É coisa de lobo.-Black franziu o celho.-Ela também é uma loba solitária, mas é mais nova e mais fraca. Moony parece ter se afeiçoado a ela, como se fosse uma ômega de matilha.
-Já era hora de você permitir que Moony agisse como um lobo de verdade. Agora seria bom encontrar uma companheira, Remus. Estou cansado desse seu ar certinho de que nunca fodeu com alguém.
Sirius deu um sorriso sacana, batendo no braço do melhor amigo, antes de voltar para perto do trio de ouro e os Gêmeos Weasley. Um sorriso zombeteiro nasceu no rosto de Remus.
-Fiz mais do que meramente foder, Sirius. Ficaria surpreso com as coisas que já aprontei.
Severus sentiu uma pontada em seu peito. Um misto de sentimentos que o pocionista jamais admitiria. E um tipo perigoso de ciúmes era só a ponta de todo o iceberg.
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Dear Wolf Daughter
Fiksi PenggemarQuando Severus Snape tem uma filha que sofre de lincantropia, podemos pensar se algo de inesperado ocorreu com Mestre em Poções da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.