Father, I Will Make The Dinner...

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Severus não gosta daquele clima do torneio tribruxo. Não podia dizer o mesmo da filha. Ultimamente Alice só ia ao Ministério quando era extremamente necessário. Além do mais, ela praticamente apadrinhar a Potter, e o estava ensinando diversas trapaças extremamente sonserinas, o que deixava Minerva de cabelos em pé.

Era o dia da última prova, e o clima estava extremamente tenso. Uma nuvem negra parecia pairar por toda Hogwarts. E sua lobinha passará o dia inteiro com os olhos dourados, tensa. Tentou convencer o Ministro a mudar o dia da prova, mas Fudge tirara o dia para ser corajoso e enfrenta-la. E agora ela, literalmente sumira, faltando poucos minutos para a prova se iniciar.

-Não teve nenhuma notícia de Alice?

A voz de Remus surgira ao seu lado, junto ao dono, que o olhava interessado. O pocionista suspirou, antes de balançar a cabeça.

-Allie não costuma sumir. Isso significa que está fazendo algo perigoso.

-Quando acha que ela vai voltar?

-Na hora do café.

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A previsão de Severus estava mais do que acertada, e a filha se unira a si naquela manhã. A menina carregava olheiras levemente pronunciadas, e um certo ar de cansaço, mas parecia contente.

-Alvo está discursando sobre o risco que Diggory e Potter correram?

-Você o conhece, meu anjo. Alvo adora um bom drama. Mas o que você foi fazer ontem? Lupin veio me perturbar a cabeça depois que você sumiu.

-Perturbar a cabeça ou coração, papai?-O Pocionista lançou à filha o olhar mais desagradável que conseguira, mas o máximo que recebera em troca fora uma risada travessa. Os dois continuaram a comer tranquilamente, e Alice logo percebera o olhar distante do mais velho. Isso a fazia sorrir. Seus pais podiam ser tão infantis...-Por que não diz ao meu pai que vou fazer o jantar hoje a noite? É meu jeito de te dar boas vindas em casa.

-Você mesma pode chamá-lo. Ele adoraria.

-Papai... Pare com isso. Sabe que não adianta ser o grande e cruel pocionista na minha frente. Não sou sua aluna. Mas, já que prefere assim: Vou convidar o meu pai.-A castanha se ergueu, beijando-lhe o rosto com carinho.-O vejo em casa.

Severus viu sua menina saltitar porta a fora, e acabou rindo sozinho. Ele não sabia como, mas a menina tinha alguns trejeitos inexplicáveis do outro pai.

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Remus suspirou ao fechar a porta de seus aposentos. E quase pulou de susto quando alguém bateu animadamente. Tentando controlar o coração, abriu a porta, dando de cara com a castanha, que lhe sorria amavelmente.

-Oi, pai.-A menina corou, e o lobo pensou no quanto aquela cena era, simplesmente, adorável.-Vai fazer algo hoje, depois que chegar a Londres?

O lobo deu espaço para a menina entrar, e a abraçou com cuidado, mexendo os cachos presos no rabo de cavalo.

-Onde você estava? Quer matar Severus e eu do coração?-A menina riu baixinho, deixando o rosto escondido em seu peito.-E não tenho nada marcado para hoje a noite, querida.

-Não quero matar ninguém! Credo, pai...-Ela se afastou, olhando o lobo maia velho, ofendida. Isso antes de abrir um sorriso meigo. Aqueles óculos escuros estavam incomodando Remus profundamente.-Então... Já que você não tem nada pra fazer... Eu sempre faço um jantar de boas vindas pro papai, quando finalmente chega em casa! Você não quer jantar com a gente? O papai deixou, eu juro.

O lobisomem abriu um sorriso genuíno, antes de encher o rosto da castanha de beijos, fazendo-a rir e resmungar. Ela conseguiu fugir dos braços do mais velho, correndo pelo amplo corredor, gritando para que ele não se atrasasse. Remus, sem duvida, gostava da filha... E do jeito maluco dela.

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Severus realmente pensou em sair de fininho, driblando o lobisomem. Mas pensou no quão magoada a filha ficaria. Sem dúvidas, o já constante capricho da moça na cozinha havia se redobrado para aquele jantar. Estava quase se arrependendo de não ter colocado a menina contra o outro pai quando teve chance.

Remus logo avistou a figura de Severus, e logo se colocou ao seu lado, caminhando no mesmo ritmo. Sabia onde era a Rua da Fiação, onde o rapaz morara durante toda a adolescência, só não sabia se continuava no local, especialmente depois que Alice nasceu.

O pocionista conseguia sentir a ansiedade emanando do lobisomem. Abriu a porta da casa tranquilamente, como sempre fazia. Não era a inquietude de Lupin que iria fazê-lo mudar seus procedimentos ao entrar na própria casa. Retirou a casaca pesada, se virando para o castanho.

-Quarta porta a direita é um quarto de hóspedes. Vá se ajeitar e tomar um banho. Ou sua filha não vai servir o jantar.

Em silêncio, acatou as ordens do dono da casa, indo para o quarto indicado. Não demorou para que sons vivessem da cozinha. Nada muito espalhafatoso, mas ele podia identificar que se tratava da menina organizando tudo. Terminou o banho e vestiu uma roupa confortável, mas ajeitadinha, antes de descer as escadas. Sabia que Severus ainda não havia descido. Aliás, o moreno sequer saira do banheiro até aquele momento.

-Oi, Pai.-A voz da filha o atingiu junto com o perfume da moça.-Como foi a viajem?

A mesa estava completamente arrumada. Três pratos, três taças, os talheres, duas travessas com comida e uma vasilha de salada. Uma garrafa de vinho branco e outra de whisky. Remus tinha quase certeza que sua filha tinha tanto pavor de vinho quanto ele próprio.

-A viagem foi tranquila, meu anjo. Quer ajuda?

-Não, já está tudo pronto. Papai? Ainda está aí em cima?

-Estou terminando de desfazer o feitiço, filha. Já vou descer, eu prometo.

-Não se apresse pai! Quer que separe alguma poção pra você? Não sei se lembrei de levar todas...

-Você trouxe todas, querida. Não se preocupe.

A conversa naquele tom mais alto fazia Remus gargalhar. Quem não conhecia Severus jamais o imaginaria tendo uma conversa com a filha que todos os presentes na casa pudessem ouvir. Viu um sorriso satisfeito nascer no rosto da castanha, enquanto ela servia as taças, colocando gelo nas mesmas. Remus também notou que ela colocou uma folua de hortelã e outra de Acônito em seu copo, antes de colocar o Whisky, que assumiu uma cor azulada pela presença da erva.

-E isso, querida?

-Ah, estou sempre ingerindo Acônito. Papai detesta isso, e diz que fico me sentindo mal atoa... Mas eu nunca mais machuquei o papai...

Remus decidiu que não era hora de sanar uma curiosidade quase mórbida que voltou a atingi-lo. Se sentou à mesa junto com a castanha, e ambos conversando sobre o ano letivo, e como Remus se sentia lecionando Estudo dos Trouxas.

Foi nessa aura de paz e divertimento que Severus os encontrou. A levar pela distração dos lupinos, o Pocionista pôde se aproximar sem chamar atenção.

-Filha, o que você faz no Ministério?

-Eu sou Auror, pai.-Essa era uma distinção engraçada. Remus era "Pai", já Severus sempre fora "Papai", "Paizinho", e semelhantes.-Papai!-A menina se levantou, abraçando o pocionista, que prendeu sua menina com força nos braços. Severus jamais admitiria o ciúme quanto ao ar cúmplice que os dois lobos dividiam.-Eu trouxe daquele vinho que você gosta.

-Quer me embebedar por que vai fugir para encontrar seu namorado de madrugada?

A menina sorriu largamente, enquanto Remus engasgava com o Whisky. Aparentemente, a informação de que tinha um genro lhe foi negada.

-Já que falou nisso, posso passar o dia fora amanhã?

-Se me disser que vão naquele café de sempre e não num pub qualquer...

-Charlie não é muito de inovar, pai. Além do mais... Aquele lugar faz parte da nossa história. Por isso sempre vamos lá.

Severus deu um sorriso satisfeito, antes dos três começarem a jantar com calma. A conversa era amena, mas Remus não a definiria como superficial. E para um primeiro jantar em família... O lobisomem estava imensamente extasiado.

Dear Wolf DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora