Conversar Muda Tudo

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Severus não foi dar notícias para eles naquela madrugada. Na verdade, iria para o segundo dia que ele não dormia, ou saia do quarto.

Foi por essa razão que Lancaster preparou um caldo de frango bem forte, antes de abrir a porta, encontrando o amigo sentado ao lado da cama, com os olhos fixos.

-Sev?-Os outros dois ocupante da casa ficaram no batente.-Sev, fale comigo.

-Ela não me responde... Charlie... Ela não acorda...

-Aqui, coma.-Pediu, entregando o prato para o moreno.-Eu vou dar uma olhada na filhote, certo?

O pocionista não pareceu muito animado com a comida, mas decidiu obedecer o lobo.

Com cautela, Charlie passou a cheirar a menina, tentando entender quais os cheiros que estavam em seu sangue, e ouvir o barulho dos órgãos em funcionamento. Dos pés à cabeça, o lobo procurou o que havia errado. E se viu sumamente chateado com as novas cicatrizes da afiliada. Seu estômago retorceu ao escutar o crânio se refazendo.

-Encontrou algo?

Pediu o pocionista, vendo o lobo franzir as sobrancelhas.

-Não, ela está se recuperando. Mas não sei quais vão ser, e se vão existir, as sequelas, Sev.

O pocionista deu uma risada baixa, quase insana. E os três viram como as lágrimas rolavam sem controle, mas o homem não soluçava.

-Talvez, Charles?-A voz saiu rasteira, indicando perigo.-Sequelas... Você realmente acredita que a possibilidade dela voltar ao normal depois do que aconteceu existem?

-Não custa acreditar!

O lobisomem se ofendeu com a agressividade do amigo. Na verdade, ao longo das duas últimas décadas, as brigas entre eles eram motivadas pela forma romântica com que Charles lidava com tudo, batendo de frente com o realismo puro e frio de Snape.

-Saiam daqui.-Mandou, se largando na cadeira.-Eu quero ficar com a minha filha.

●♡●

Charles Weasley estava de vigília naquela manhã. Também, Severus estava em reunião dos comensais, Remus na Mansão Black, e Lancaster tivera de voltar para perto do bando.

O ruivo estava sentado ao lado da cama, quieto. Ouvia a respiração da namorada, e a sua própria, enquanto lhe segurava a mão.

-Allie?-Chamou baixinho, quando a vou fechar a expressão, antes tão tranquila.-Oi, amor. Estamos em casa. Está tudo bem.

Ele a viu resmungar baixinho, e abrir apenas um dos olhos, o azul, antes de começar a procura-lo.

-Charles?-Pediu baixinho.-Cadê o papai? Minha cabeça dói...

-Ele já vem, amor. Sei que está doendo. Quer uma banheira quente? E seu Charlie deixou um caldo de frango bem forte prontinho pra você.

-Quero banho...

O ruivo sorriu, a pegando no colo com cuidado. Usou alguns feitiços para prepstar o banho, e pôde colocá-la direto na água morna.

Colocou uma almofadinha sob a cabeça da castanha, se sentando ao lado da banheira, usando uma esponja para molhar com cuidado a parte que não estava submersa.

-Gosta do cheiro dos sais de banho, amor? O seu tinha acabado... Fui eu quem comprou esse...

-Qual essência você comprou?

-Sândalo e rosas brancas... Amor... Por que está me perguntando?

-Não consigo sentir o cheiro...

Dear Wolf DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora