Nightmare

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Severus não conseguia ser frio e calculista naqueles momentos. Ele sabia que sua filha estava lá fora. A operação mais bem construída dos Aurores, visando capturar mais de 30 comensais da morte... Sua filha estava lá, na linha de frente. O mais perfeito rastreador para bruxos praticantes de magia negra.

Aquela noite estava sendo chuvosa, e haviam trovões ressoando pela noite londrina. Subtos clarões e estrondos de ferir os tímpanos.

O Pocionista odiava a sensação de estar seguro em Grimmauld Place, sabendo o que acontecia lá fora, sem noticias da menina. Sirius Black não fazia parte da operação, e parecia bastante disposto a perturba-lo. Não que fosse uma boa opção enquanto estava com os nervos a flor da pele.

Charles se compadeceu da agonia invisivel de seu sogro, e fez um dos chás favoritos da namorada, que era o do sogro também.

-Sei que não chega aos pés do dela.-Desculpou-se, entregando uma grande cabeça ao homem, que lhe cedeu um discreto sorriso.-Mas acho que serve como um conforto.

-As vezes, a intensão é o que mais conta, Charles. Obrigado.

O ruivo sentou na poltrona ao lado, e os dois ficaram em silêncio, apreciando o chá. Logo Remus, Sirius, Nymphadora e o trio de ouro inrromperam pela porta, conversando e rindo. Não demorou para ao lobisomem sentir a atmosfera tensa que circundava Snape.

-Quer que leve?-A voz de Charles atraiu a atenção do pocionista, que olhava fixamente para a xícara. Ele a entregou, acenando positivamente.-Ela vai ficar chateada se o vir preocupado. Vai pensar que não confia na capacidade dela como Auror.

-Não confio na falta de capacidade daqueles que a cercam. Minha filha é boa demais para ser pega por meia dúzia de comensais ignorantes.

-Nós dois sabemos disso. Mas você conhece a Allie melhor que eu, Severus...

Os dois deram um suspiro pesado, praticamente ao mesmo tempo. Remus se viu interessado naquela estranha conversa, e se acomodando na poltrona que estava mais perto do pocionista, se pois a analisar o rosto de Severus atentamente.

-Qual é o problema com a Alice? Aliás, achei que ela fosse vir jantar aqui.

-Alice está em missão, Lupin.-O tom do pocionista foi extremamente ríspido. Ele não perdoara a postura que Remus havia tomado em relação à ele... Especialmente à filha deles.-E seu amigo vira-latas não foi designado.

-Por que ninguém falou nada sobre essa missão, então? Se Alice incorporou o quadro da missão deveríamos estar mais bem informados.

O Pocionista e Charles resolveram se calar, ou poderiam haver alguns resultados desastrosos. As horas se passaram num clima sumamente tenso, e, em algum momento, a lareira acesa, somada ao nervoso, começou fazer seu trabalho, e tudo pareceu quente.

Remus assistiu Severus se levantar, tirar aquela casaca tanto lhe prejudicava a aparência, como se não bastasse o feitiço Glamour, abrindo a camisa branca até o terceiro botão. Ele voltou para a poltrona, subindo as mangas da camisa, sem se incomodar com a marca negra aparente. Talvez sua filha também tenha trabalhado a psique do genitor.

-Que classe de bicho te atacou, Snape? Essa cicatriz é bem feia, não consegue ocultar por ser feita por uma criatura mágica, ou por um feitiço?

-Por que isso te interessa, Black? Não saiu da adolescência, a final?

-Fui eu.-A voz doce da lobinha soou extremamente baixo, e o corpo do pocionista tensionou. A voz estava levemente tremida. Ele conhecia sua menininha.-Vou tomar banho.

Ela deu as costas, e se foi para as escadas antes de o genitor se erguer. Os olhos negros foram diretamente ao genro. Charles saltou da poltrona e correu escada a acima, depois de pegar uma boa dose de poção curativa e outra cicatrizante. Se havia uma coisa que sabia sobre a namorada, era que Alice não diria que estava com dor. Não quando a culpa por ter ferido o pai a corroia.

Dear Wolf DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora