Capítulo 2 (parte 2)

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Anne

Nossa minha cabeça estava doendo muito, a claridade invadia o quarto através da cortina, gemi, ai minha cabeça, eu não devia ter tomado mais dois copos de Kriptonita, e não sei mais quantos de Mojito de morango, coloquei o travesseiro na cabeça, tentando em vão fazer minha cabeça parar de latejar.

— Anne.? — como a Gia conseguia já estar de pé. E porque estava gritando.

— Humm. — Gemi. — Dá para não gritar por favor. — Pedi gemendo.

— Toma, trouxe dois advil, vai ajudar na dor de cabeça. — Ergui o travesseiro, e a olhei, ela estava ainda de camisola, e estava estendendo a mão com dois comprimidos, e na outra um copo de suco de laranja.

— Toma vai ajudar, vai por mim. — Sorriu.

Claro Gia estava acostumada, nem parecia passou a noite na farra.

— Que noite em eu adorei. — Gia falou.

Sorri tinha que concordar, apesar da sensação de ser observada o tempo todo me diverti muito. Peguei os dois comprimidos e coloquei na boca, bebendo logo o suco de laranja, minha boca estava com um gosto metálico horrível.

Fiz uma careta, precisava escovar os dentes e de um bom banho.

— Vou tomar banho, te espero na sala para tomarmos café da manhã. — Gia saiu do quarto fechando a porta.

Joguei as cobertas para o lado e me levantei, ai minha cabeça, merda, me lembre de não beber mais assim.

Queria ver a cara dos meus pais se eles descobrissem que fui a uma boate, eles não aprovariam.

Mas eu já não devia mais satisfação para eles nem para ninguém, agora eu era dona do meu nariz e das minhas atitudes. Me repreendi.

— Está se sentindo melhor? — Gia perguntou assim que sai do quarto, ela estava sentada a mesa, preparando uma xícara de café.

Balancei a cabeça concordando, mas não foi uma boa ideia, fiz uma careta por causa da dor que o gesto causou. Gia deu uma risadinha.

— Me lembre de nunca mais beber por favor. — Sentei a sua frente, colocando uma perna na cadeira sentando em cima.

— Café? — Ofereceu.

— Sim estou precisando. — Peguei uma xícara e me servi.

— A tia Cloe vem hoje almoçar com a gente, contei para ela que você conseguiu o emprego, ela ficou super feliz.

— Que bom que ela vem, assim posso agradecer a ela pessoalmente. — Tomei um cole do meu café que estava sem açúcar.

— Gia o café está sem açúcar. — Reclamei fazendo uma careta.

— Claro precisa ser sem açúcar para curar a ressaca.

A manhã passou preguiçosa, estamos jogadas no sofá assistindo uma série que a Gia gosta de ver, já estava sentindo-me melhor, minha cabeça estava preparada para outra. Sorri internamente, minha mente concordando.

A noite foi boa, mas com a Gia não tinha lugar ruim, ela era pura energia, o que me fez lembrar de um certo assunto que estava curiosa para perguntar.

— Gia? — Chamei.

— Hum. — Ela ergueu o olhar da tela da televisão.

— O que rolou entre você e o Alan? — Ela ficou com o rosto vermelho.

— Se não quiser responder, tudo bem, só fiquei curiosa. — Me desculpei. Nunca tinha visto a Gia tão desconfortável.

Pareceu uma eternidade até ela responder.

— Alan é amigo de faculdade do Luigi, ele frequentava a casa do meu irmão, foi assim que eu conheci ele, eu estava lá passando as férias da faculdade quando ele chegou. Aí Anne, ele mexeu comigo, nunca tinha sentido nada parecido, sabe como eu sou, não me amarro a ninguém, mas com ele foi diferente, depois de um tempo que nos conhecemos, tentei investir nele, mas... — ela desviou os olhos para TV. — Ele não quis, disse que não queria estragar nossa amizade e tal, e não queria perder a amizade do meu irmão, fiquei magoada, sabe, eu não queria só brincar com ele, como eu faço com os outros caras, mas acho que ele não me levou a sério. — Gia tentou esboçar um sorriso, mas falhou miseravelmente.

— Sabe o que eu acho? — Perguntei, antes que ela me interrompesse prossegui. — Acho que ele gosta de você, mas que ficou com medo, você é um furacão, onde passa deixa... deixa... — não sabia come me expressar.

— Destruição. — Completou com uma carinha triste.

— Não longe disso Gia, você é intensa, apaixonante, acho que Alan ficou com medo. — Era isso, medo, ele ficou com medo da minha amiga, porque na boate eu percebi o jeito que ele a olhou.

Gia deitou a cabeça meio de lado como se estivesse ponderando o que eu disse.

— Será?

— Hum, eu acho.

— Queria que você estivesse certa Anne. — Disse ficando perdida em pensamentos, entendi que ela não queria mais tocar no assunto.

A maçaneta da porta girou e logo tia Cloe entrou, estava com uma tigela na mão, quando viu que estávamos jogadas no sofá, sorriu para nós duas.

— Oi meninas, o que estão aprontando? — Ela largou a tigela na mesa da cozinha e veio em nossa direção, deu um beijo na testa da Gia e depois um em mim, sentando-se no nosso meio.

— Então meninas o que tem para o almoço? — Perguntou olhando de Gia para mim.

— Nada. — Respondemos em uníssono.

— Se não sou eu vocês duas morrem de fome. — Reclamou se levantando.

— Vou preparar algo para comemos, trouxe sobremesa. — Falou indo para a cozinha.

— Que ajuda tia Cloe? — Perguntei, Gia estava babando pelo herói da série. Revirei os olhos, até os bonitões da TV ela não perdoava.

— Não querida, está tudo bem, qualquer coisa peço ajuda. — Dei de ombros, era sempre a mesma coisa eu oferecia ajuda, ela recusava, tia Cloe adorava cozinhar, e adorava nos paparicar.

Sabe ela não teve filhos então adorava mimar os sobrinhos, e como ela disse que me considerava uma sobrinha me mimava também.

Eu só tinha medo que esse fosse meu destino também, mimar os filhos dos outros. Sacudi a cabeça tentando dissipar lembranças ruins, não queria pensar nisso agora.

— Hum este almoço está divino. — Falou Gia.

E estava mesmo, tia Cloe sabia cozinhar muito bem.

— Que bom que gostou querida, vocês duas estão tão magrinhas, que acho que terei que vir mais vezes cozinhar para as duas.

— Tia não exagera, a gente sempre compra comida. — Gia se defendeu.

— E você acha que comida de fora é saudável mocinha. — Antes que elas começassem a discutir, mudei de assunto.

— Tia Cloe, eu quero te agradecer por me ajudar a conseguir o emprego na Enterprise Technology Parkers.

— Minha filha não precisa me agradecer, você merece, sei o quanto você é esforçada. — Ela me abraçou desejando o meu melhor, eu só queria que meus pais pensassem do mesmo modo, senti meus olhos arderem com lágrimas não derramadas, ainda machucava meu pai não querer falar comigo.

Sacudi a cabeça e esbocei um sorriso para aquela que eu considerava uma tia para mim.

Depois que tia Cloe foi embora ficamos o resto da tarde jogada no sofá, agora olhando um filme de ação que eu havia escolhido, apesar das reclamações de Gia que dizia não gostar de filmes de ação.

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