Acordar é uma coisa muito difícil, ainda mais depois da quantidade de bebida, do cansaço acumulado e pelo fato de ser domingo. Problema é que já eram 14 horas, precisava levantar pra curtir a coroa e também me alimentar, afinal, não só de cachaça viverá o homem, seria muito bom? Seria sensacional, mas não dava. Cheguei à cozinha e vi o que mamãe tinha deixado pra mim. Fiz o prato de macarrão com sardinha, meu Deus, eu amava aquele tempero e fui para o sofá assistir TV após pegar o meu copo de refri.
-A mesa é só de enfeite, né?
-Ah mãe, hoje é domingo, libera. -falei rindo.
-Não tem jeito, não é menino? -disse ela se sentando- Cadê o Luiz? Aquele safado não ia dormir aqui?
-Você conhece a peça né mãe. Arrumou mulher e foi embora.
-Típico dele. Tenho até medo da hora que você chegar nessa fase e encher essa casa de gente. Olha, eu não vou ficar limpando suas sujeiras não hein garoto.
-Eu tenho a mesma idade dele mãe, acho que sou imune a isso.
-Duvido. Quando você tiver a primeira desilusão amorosa a gente conversa sobre.
-Credo mãe, seu filho nem beijar na boca direito, já tá querendo dar uma sofrência?
-Como se não precisasse beijar pra sofrer de amor.
-Eita que a mulher é filósofa.
-Palhaço. Se eu encontrar uma migalha que seja nesse sofá eu te faço limpar com a língua. -reclamou saindo de lá- Vou na casa da sua tia, vai comigo?
-Não vai rolar, marquei de ir na praia com um amigo.
-Que amigo?
-Você conhece não mãe -nem eu conheço- É do Campinho.
-Vocês tem cada ideia, ir na praia à tarde. Até chegar lá, tá na hora de voltar. -ela voltou- Você toma cuidado meu filho, tu sabe como o pessoal da praia trata favelado, ainda mais na praia.
-Ah mãe, não tem pra onde fugir, se a gente não sai fica preso aqui a vida toda.
-Eu sei meu filho. Vai só você e seu amigo?
-Acho que sim, pelo menos foi o que ele marcou.
-Tá bom. Fica esperto.
-Pode deixar.
-Tô saindo, te vejo que horas?
-Umas nove.
-Tá bom. Nove horas então. -pegou a bolsa e saiu. Eu não sabia ao certo que horas chegaria, mas se eu disse uma coisa, agora teria que ser, não existe jeito de mentir para a dona Neide e era tudo que eu não queria naquele momento.
O filme da sessão da tarde estava no fim, então resolvi tomar banho. Assim que saí do banheiro não entendi o motivo de tomar banho uma vez que eu passaria a tarde toda na praia, provavelmente dentro do mar. Mas isso aconteceu quando meu perfume estava pela metade. Não tinha jeito, estava acontecendo de novo, o maldito do Rafael estava dominando meus pensamentos e me fazendo tomar atitudes sem raciocinar. Percebi isso quando me olhei no espelho e notei a calça. Ia tirando a mesma, no momento em que escuto uma buzina. Tinha que correr.
Saindo de casa com uma bermuda jeans (a sunga de praia estava por baixo) e uma camiseta regata, um pouco hétero. O único acessório que resolvi levar foi o cordão inseparável com a imagem da minha santinha, eu mal me lembro de quando ganhei, mas não consigo deixar de usá-la, é minha proteção.
Cheguei ao carro e parece que todo meu perfume não tinha sido nada diante daquela fragrância simplesmente hipnotizadora. Fora o homem que se apresentava no banco do motorista. Apenas cheguei, sentei, respirei e abri um pequeno sorriso, tamanha intimidação que Rafael me causava. Ele estava com uma bermuda tactel que apertava suas coxas e outras coisas que me deixaram muito nervoso. A camisa branca também apertava seu corpo sarado me fizeram olhar para o portão da minha casa para não respirar e me concentrar na vida ao invés de babar mais naquele ser.
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Rascunho (Romance Gay)
Romance-Eu notei que você é bastante religioso e como eu não sou tanto... -riu- Minha avó era católica e eu fui o único neto que ela conheceu, meus outros primos nem são daqui do estado. Aí, ela me presenteou com isso aqui. Ele abriu e era um cordão com u...