05 - Cinema

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-Tô falando sério. A mãe do moleque me deu uma carreira que eu achei que ia parar no asfalto. -Rafael me contava uma de suas histórias de criança. Eu gargalhava sem levar em conta que já se passava das 2 da manhã, e nem conseguir responder um a sequer.

-Você gosta de rir da minha cara, né? Queria ver se fosse você que tivesse descendo uma ladeira, num dia de chuva, escorregando em tudo que é lugar, com uma doida com uma mangueira a na mão e te tacando pedra. -ele falava, segurando o próprio riso.

-Mas quem mandou você bater no filho dela na frente da casa dela?

-Vai defender ele agora? Ninguém lembra da minha parte da história. Incrível.

-Eu não to defendendo ele, mané. Eu tô só falando que não era pra bater nele na frente dela. É pedir pra apanhar mesmo.

-Acho que você tem razão.

-Mas me conta, ela foi atrás de você depois?

-Não precisou, ela foi mais esperta. Contou pra minha mãe e eu apanhei bonito.

-Meu Deus, eu não devia, mas estou rindo. Desculpa. 

-Tudo bem, seu insensível.

-Tu aprontava demais.

-Nem te contei do dia que eu fui atacado pelos meus vizinhos porque tava catando cajá sem eles saberem.

-Pode começar a contar. -falei ansioso.

Na hora que ele começava a revelar mais uma história engraçada, minha mãe entrou no meu quarto e com uma cara amassada e um pouco brava, singelamente gritou comigo.

-Que gritaria é essa? Já viu as horas menino? Tem gente querendo dormir. Tá falando com quem?

-Um amigo mãe. Desculpa, eu vou falar baixo.

-Amigo, sei. Para de namorar e vai dormir e me deixa dormir. -disse saindo. É o que dizem, mexam com dona Neide, mas não mexam com o sono dela.

-Desculpa, minha mãe acordou. -falei com Rafael.

-Desculpa eu por te fazer rir tão alto, acho que me empolguei. 

-Puta, já são duas da manhã.

-Caralho, eu nem percebi.

-Somos dois. Acho que vou capotar por que amanhã tenho que ir pro treinamento do meu novo emprego.

-Hmm, bom saber. Como tá lá?

-Melhor do que eu imaginei. Sério.

-Muito bom saber. Bom, vou te deixar dormir então. -eu já ia me despedir, quando ele me perguntou apressadamente- Tá de pé o cinema amanhã, né? Desculpa, você ia dizer alguma coisa e eu te atropelei.

-Eu só ia dar boa noite. Mas sobre amanhã, tá de pé sim. Só que eu chego mais tarde, por que o trabalho acaba às seis.

-Tudo bem, eu te busco às oito.

-Pode ser.

-Avisou sua mãe que vai demorar a chegar?

-Avisei sim. Mas a gente vai pra onde depois do cinema?

-Mano, é sexta-feira, o que melhor do que sair pra beber umas?

-Olha, adivinhou o meu desejo. Ainda mais depois de uma semana de trabalho como essa.

-Então tá marcado. Vou indo. Oito horas, hein.

-Tá certo.

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Rascunho (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora