-Tô falando sério. A mãe do moleque me deu uma carreira que eu achei que ia parar no asfalto. -Rafael me contava uma de suas histórias de criança. Eu gargalhava sem levar em conta que já se passava das 2 da manhã, e nem conseguir responder um a sequer.
-Você gosta de rir da minha cara, né? Queria ver se fosse você que tivesse descendo uma ladeira, num dia de chuva, escorregando em tudo que é lugar, com uma doida com uma mangueira a na mão e te tacando pedra. -ele falava, segurando o próprio riso.
-Mas quem mandou você bater no filho dela na frente da casa dela?
-Vai defender ele agora? Ninguém lembra da minha parte da história. Incrível.
-Eu não to defendendo ele, mané. Eu tô só falando que não era pra bater nele na frente dela. É pedir pra apanhar mesmo.
-Acho que você tem razão.
-Mas me conta, ela foi atrás de você depois?
-Não precisou, ela foi mais esperta. Contou pra minha mãe e eu apanhei bonito.
-Meu Deus, eu não devia, mas estou rindo. Desculpa.
-Tudo bem, seu insensível.
-Tu aprontava demais.
-Nem te contei do dia que eu fui atacado pelos meus vizinhos porque tava catando cajá sem eles saberem.
-Pode começar a contar. -falei ansioso.
Na hora que ele começava a revelar mais uma história engraçada, minha mãe entrou no meu quarto e com uma cara amassada e um pouco brava, singelamente gritou comigo.
-Que gritaria é essa? Já viu as horas menino? Tem gente querendo dormir. Tá falando com quem?
-Um amigo mãe. Desculpa, eu vou falar baixo.
-Amigo, sei. Para de namorar e vai dormir e me deixa dormir. -disse saindo. É o que dizem, mexam com dona Neide, mas não mexam com o sono dela.
-Desculpa, minha mãe acordou. -falei com Rafael.
-Desculpa eu por te fazer rir tão alto, acho que me empolguei.
-Puta, já são duas da manhã.
-Caralho, eu nem percebi.
-Somos dois. Acho que vou capotar por que amanhã tenho que ir pro treinamento do meu novo emprego.
-Hmm, bom saber. Como tá lá?
-Melhor do que eu imaginei. Sério.
-Muito bom saber. Bom, vou te deixar dormir então. -eu já ia me despedir, quando ele me perguntou apressadamente- Tá de pé o cinema amanhã, né? Desculpa, você ia dizer alguma coisa e eu te atropelei.
-Eu só ia dar boa noite. Mas sobre amanhã, tá de pé sim. Só que eu chego mais tarde, por que o trabalho acaba às seis.
-Tudo bem, eu te busco às oito.
-Pode ser.
-Avisou sua mãe que vai demorar a chegar?
-Avisei sim. Mas a gente vai pra onde depois do cinema?
-Mano, é sexta-feira, o que melhor do que sair pra beber umas?
-Olha, adivinhou o meu desejo. Ainda mais depois de uma semana de trabalho como essa.
-Então tá marcado. Vou indo. Oito horas, hein.
-Tá certo.
----
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rascunho (Romance Gay)
Romance-Eu notei que você é bastante religioso e como eu não sou tanto... -riu- Minha avó era católica e eu fui o único neto que ela conheceu, meus outros primos nem são daqui do estado. Aí, ela me presenteou com isso aqui. Ele abriu e era um cordão com u...