— Os sinais vitais estão normais, ela pode ter alta em algumas horas.
— E... a outra questão?
— O caso é mais complicado. Decidimos dar-lhe um tempo. No final do prazo, vamos chamá-lo novamente e ver no que dá.
— Entendi. Podemos conversar com ela agora? Explicar a situação?
— Vou deixá-los a sós...
Ele se abaixou ao nível dos olhos da criança deitada e sorriu enquanto ela o reconhecia e sorria de volta.
— Quer mesmo vir com a gente? Sua mãe disse que queria.
Abriu a boca, mas não conseguiu pensar na frase. Onde estava? O que ele estava fazendo ali? Quando chegara? Por que estava ali?
— O que está...? — foi o máximo que pôde dizer. Falar era um esforço quase hercúleo.
— Uma pergunta de cada vez — disse o homem, com carinho. Não queria que ela se esforçasse além dos limites de sua força. — Você. Quer. Morar. Com. A. Gente?
Assentiu, lembrando daquela discussão derradeira em que gritara a plenos pulmões que queria ir para a Europa com o pai.
— Certo... vamos arrumar suas coisas enquanto fazem os últimos exames e voltamos para te pegar.
— Hã...?
— O que foi, Emma?
— Minha mãe?
Ele suspirou e desviou o olhar. Ela mal o conhecia, mas podia dizer que quando ele desviava os olhos, não era coisa boa.
— Mais tarde eu explico. Seu pai está me ligando.
O pai dela é casado com um homem, desde que ela se lembrava. A maioria das pessoas me perguntava se Emma se sentia mal porque eles não viviam juntos — isso quando se dignavam a falar com ela sobre algo que não fosse sua mãe —, mas sinceramente? Ela não estava nem ai. Ele mandava um cheque todo o mês, junto com uma carta perguntando como estava, se precisava de alguma coisa, se queria viajar para casa dele no próximo feriado e acrescentava as lembranças de Remus.
Ele acenou, claramente desconfortável e desapareceu pela porta em direção ao corredor. Alisson Berry adentrou o quarto e deu um meio sorriso. Emma não sorri ao vê-la. Nas poucas vezes que Marlene tentava ser... maternal com a filha, Alisson atrapalhava, falando de trabalho e essas coisas.
Não conseguiu pensar em algo para dizer antes dela desatar a falar. Alisson era quem ditava as regras da carreira de Marlene, e às vezes, da vida de Emma, se elas se esbarrassem. A visita de Alisson era um sinal de que sim.
— Tem um bando de urubus lá fora, ávidos por informações. Mas não se preocupe, ninguém vai te importunar. Um esquema foi preparado para tirá-la daqui no anonimato.
Emma revirou os olhos e Alisson saiu. Ainda bem. Enfermeiras entraram e saíram do quarto por três horas, checando batimentos e hormônios. Por fim, deram o veredito de liberação e Remus apareceu, flanqueado pelo pai de Emma.
Ao ver os olhos azuis e gentis do homem, Emma se permitiu sorrir pela primeira vez naquele dia. Ele se aproximou com cautela e beijou sua testa. Com aquele mínimo toque, ela sentiu de um golpe toda a dor psicológica que os remédios não bloqueavam. Não conteve um gemido, e seu pai não conteve os consolos.
— Está tudo bem, sweetheart. Eu estou aqui agora.
Os dois homens ajudaram a menina a se vestir e saíram pelos fundos do hospital. Sirius, era esse o pai de Emma, levava a filha pela mão pequenina enquanto Remus explicava porque ela estava tão calada: ela não sabia e queria muito saber. Mas havia tanto a contar-lhe àquela que decidiram não sobrecarregá-la com tantas... novidades, para dizer o mínimo. Tinham certeza que uma delas viria voando pela janela. Literalmente.
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Sirius Daughter
FanfictionAquela em que: Sirius é casado. Marlene é famosa. Remus é dono de bar. Lily é auror. James é jogador de quadribol. Harry é só um menino. Fred é romântico incorrigível. Emma é mais do que pensam. Oito nomes. Oito histórias. Oito vidas. Difer...