15 - party planning

52 4 0
                                    

Emma treinou todos os dias. A srta. Apolline era severa com ela, a única aluna a participar apenas das aulas de verão que dançava no espetáculo. Queria fazer por merecer, estudando meticulosamente as páginas de instruções que a professora mandava para o endereço em Londres. Magdalena ia à cidade a cada duas semanas para buscar o pacote escrito à mão – e receber mimos.

Carolina supervisionava com olhos de falcão as horas de sono dos alunos, alegando que dormir bem e bastante era importante para garantir o aprendizado. Mesmo assim, Emma e Fred escapuliam para a Casa dos Gritos quando precisavam ensaiar, conversar ou planejar pegadinhas.

– Você demorou.

– Carolina é difícil de despistar. Como está lidando com Percy? Ele parece ter olhos na nuca.

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Fred soltou uma risada, voltando a atenção para o aparelho de som. Flitwick agradeceu muito quando sugeriram tirar aquilo de sua sala. Dumbledore considerava a Casa dos Gritos propriedade legal dos Marauders, como eles saíram da escola anos antes e seus herdeiros estavam lá para reivindicar a posse, Emma e Harry tinham permissão para usar o local a seu bel-prazer. Sapatilhas de ballet estavam guardadas na cômoda, e o material de desenho estava espalhado na mesa. Mais um pouco, e teriam uma galeria de arte completa.

Emma ligou o som, alongando-se. Adoraria ter um aparelho mais moderno, contudo, segundo Flitwick, era o máximo que a barreira anti tecnologia tolerava. Certamente, seus pais contrabandearam aquela velharia com a ajuda de um nascido trouxa, e desde então, esperava uma chance de ser útil novamente.

Fred tinha anotações sobre o creme de canário para estudar naquela noite. Alegres grifinórios deram dicas para melhorá-lo, e outros, mais encapetados, perguntaram se estaria à venda. Seria bom, vender potes de creme de canário e levantar uma grana.

– As pessoas querem comprar o creme. Vamos vender?

– Por que não? – Ela completou o plié. – Se eles querem comprar...

– Sério? Ah, Merlin...

Todas as coisas legais que queria comprar apareceram diante de seus olhos. Roupas sem remendos e de tecido brilhante, livros com capa inteira, sapatos com solas originais de fábrica... maravilhoso. E só precisavam arranjar embalagens. Uma visita a Hogsmeade e pronto. Sonhos virariam realidade.

Ela esticava os braços e pernas, desafiando os limites das pontas dos dedos. Dançando, perdia o formato de ser humano e tornava-se uma massa graciosa em movimento. Os braços trançavam o ar como os de uma ceramista. E esnobe, já que o nariz apontava para cima sempre. Os pés pontilhavam o chão, querendo parar de tocá-lo e alçar voo de uma vez. Como ela tocava o mínimo possível e se conectava com tudo?

Poderia vê-la dançar por horas a fio, mas o sono urgia. Há semanas encontraram as camas, que por sorte, estavam em condições de uso. Para que os Marauders precisavam de camas em seu esconderijo quando seu quarto de verdade não ficava longe? E Merlin, eram tão boas. Macias e aconchegantes.

Sob a favorita de Emma, estavam entalhadas as iniciais de Sirius, seguidas de algo que ela não entendia, talvez um antigo código secreto deles, para mandar mensagens silenciosas.

Na manhã seguinte, acordaram quarenta minutos antes dos outros alunos. Tempo suficiente para chegarem aos dormitórios e vestirem o uniforme, como se tivessem passado a noite toda ali. Danna e Sarah roncavam ritmicamente toda vez que Emma se esgueirava pela janela.

Durante o café da manhã, relembrava suas origens com uma grande e adoçada xícara de café. Um mimo ocasional, para que não se notasse um padrão. Convenceu Fred a experimentar, mas ele não era um entusiasta tanto quanto ela.

Por outro lado, Harry converteu-se totalmente ao café. Dizia que era tudo parte de sua nova vida rebelde, e que não, não era só uma fase. O comportamento dele tinha o apoio de Draco, Ron e Hermione. Em sua crença, Harry tinha muito a ganhar com isso.

Ela sacudiu a cabeça, afastando os pensamentos. Magdalena trouxe um pacote de Marlene. A menina deu uma espiada, e encontrou pedacinhos multicoloridos, amostras de tecido. Ótimas para distrai-la depois de um dia de estudos intensos.

Carolina saltitou em direção à Emma, para anunciar que graças ao sucesso das monitorias, o prof. Flitwick a convidou para supervisionar o grupo de estudos de Feitiços para primeiranistas de todas as Casas. A garota mais velha podia imaginar-se usando o distintivo de monitora-chefe.

– Só se você puder, claro.

– Desculpe. – Definitivamente, Emma não prestou atenção. – Pode explicar melhor?

– Para assumir o grupo, preciso que outra pessoa fique com a monitoria de História da Magia, e pensei em você.

Ela ajudaria Fred assumindo essa monitoria, e quem sabe, também ajudasse Ravenclaw a ganhar a Taça das Casas, prestando serviços à escola.

– Conte comigo.

– Obrigada! – Carolina abraçou-a. – Vou agora mesmo falar com Flitwick.

Emma subiu para a aula de Runas Antigas, com o pacote na mochila. Cassandra, a professora, era miúda e tinha a voz fina, o par perfeito para Flitwick. Ela introduziu a ciência da leitura das runas, e indicou uma dúzia de leituras complementares. A menina se inclinou para frente, no limite da carteira, ouvindo como se sua vida dependesse daquelas informações. A professora gostou de ver o quanto ela estava interessada, e designou um livro extra, sobre o processo de criação de runas.

Mais tarde, surgiu um tempo livre, antes de Transfiguração. Apressou-se para a Casa dos Gritos, passando direto pela biblioteca e quase atropelando duas meninas que saiam. Quase chorou de felicidade ao chegar no silêncio da cabana, mas não perdeu tempo contemplando-o.

Virou a mochila para alcançar o pacote e abriu. Eram fragmentos de diversos tipos, seda, cetim, veludo... em muitas cores. Marlene enviou também uma nota com explicações técnicas sobre os tecidos. Com um pouco de esforço, pensou em todos os modelos que ela e Marlene desenharam para o baile, e imaginou-os feitos naqueles tecidos. Quase ficou em dúvida, mas ao tirar o pedaço azul do fundo do pacote, soube que era perfeito.

Sirius DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora