14. Give it a try

66 4 0
                                    

O choque não durou muito. Emma podia jurar que a professora McGonnagall sorriu ao chamar Neville Longbottom para a seleção. Depois que todos os novos alunos foram recebidos por suas Casas, Dumbledore bateu a colher em sua taça, chamando atenção para si.

– Antes de nos deliciarmos com o jantar – disse, fazendo os mais esfomeados baixarem os talheres –, gostaria de dizer-lhes que no fim de outubro, comemoraremos o Dia das Bruxas com um baile à fantasia. Lembrem-se de encontrar pares.

Os burburinhos tomaram conta do salão, é claro. Emma já imaginava o que usaria. Tinha muito tempo, podia pedir um figurino à Marlene. Ela fez todas as roupas que a filha usou em apresentações escolares, ainda que nunca tivesse ido a uma. Talvez fosse culpa de Alisson, que queria Marlene 100% focada no trabalho. Bem, não era hora de chorar pelo passado. Além da roupa, tinha um par para arranjar.

Depois do anúncio do baile, a ida de Harry para Slytherin foi esquecida, para seu alívio. Ele teria que dar a notícia a seus pais, Gryffindors fanáticos, e isso já seria difícil o suficiente. Emma tentou animá-lo, mas ela não podia mudar a decisão do Chapéu. Protelando a escrita da carta, Harry mergulhou de cabeça na vida em Hogwarts, enchendo Emma de perguntas sobre os professores, em especial o diretor de sua Casa, Severus Snape. Também tentou entrar para o time de quadribol, mas Marcus Flint disse que só poderia jogar no ano seguinte. Queria muito ter mais amigos além de Emma, pois como eram de anos e Casas diferentes, não conseguiam passar tanto tempo quanto gostariam juntos.

Na quarta, quando a sineta tocou, terminando a aula de voo, Harry largou a vassoura – uma Cleansweep 5 que provavelmente limpava melhor do que voava. James teria um ataque se o visse usando aquilo – e arrastou o corpo até o corujal. Rabiscou o que tinha a dizer num pedaço de pergaminho e libertou Edwiges para voar. Acariciou as penas de Magdalena, e guiado pelo estômago, foi direto para o salão principal, onde havia uma bela refeição aguardando-o.

Sentado entre dois garotos realmente tagarelas, observou Emma na mesa ao lado, entrosada com os colegas, rindo e brincando. Depois de acabar as torradas e o frango, o mundo de Harry deu uma guinada, pois a pessoa mais linda que já vira adentrou o salão. Era um garoto loiro, pele pálida e olhos cinza. Tinham mais ou menos a mesma idade, e ele era dois palmos mais alto que Harry. O menino se sentou a três cadeiras de distância, e sorria um pouco.

Deixando o salão em direção à aula de Herbologia, Harry perdeu-o de vista. Lamentando-se por ter levantado tão depressa sem necessidade, entrou na estufa e pegou lugar na bancada ocupada por uma garota de Gryffindor, a única presente na sala além dele. Ela se apresentou como Mione Granger, tinha cabelos cheios castanhos e sua pele parecia feita de cobre. Nascida trouxa e muito inteligente, Mione sempre levantava a mão para responder perguntas nas aulas.

– Cheguei mais cedo para analisar as plantas. Não há bubotúberas crescendo em jardins trouxas – disse ela, tocando uma pequena flor cinzenta.

Harry passou os minutos antes da aula ouvindo Mione recitar fatos interessantes sobre a flora mágica. O restante dos alunos entrou logo atrás da profa. Sprout. Emma a descreveu como amarela. Ele achou que fosse apenas um jeito de brincar com seu lado artístico, mas de fato, só havia uma palavra para falar sobre a bruxa que usava chapelão dourado, botas e capa de chuva amarelo-canário: amarela. Até sua pele tinha tons de amarelo, misturados à pele bronzeada. Apesar da aparência gentil, ela deixou bem claro que esperava comportamento excelente dos alunos, algumas plantas ali eram perigosíssimas.

– Vão em frente – incentivou. – Explorem à vontade. Hoje, quero que se familiarizem com as plantas mágicas. Sei que nem todos tiveram contato com elas até agora.

Mione respirou aliviada. Enquanto passeava pelas longas bancadas, Harry esbarrou em Ron Weasley, que o cumprimentou com uma voz distante, procurando alguém para além de seu ombro. Voltando às escrofulárias, deu um encontrão em outra pessoa, não tão distraída quanto Ron.

Sirius DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora