Logo na primeira semana de aula, Emma, Fred e os outros segundanistas de Ravenclaw perceberam que Flitwick não pegaria leve com eles. Queria que começassem a se preparar para os N.O.Ms e os monitores cobravam que os alunos passassem tantas horas quanto possível estudando, o que forçou Emma e Fred a criar um cronograma rígido para manter as pegadinhas e os estudos em dia.
— Meus pais se orgulhariam ao me ver estudando assim. — Fred sussurrou, trazia uma pilha de livros nos braços. — Trouxe Transfiguração para você e História da Magia para mim. — Abriu o pesado volume e preparou o pergaminho para anotações. — Argh. História da Magia podia ser mais fácil.
— E seria, se ficasse acordado na aula.
— Não preciso, já que posso pegar suas anotações emprestadas.
— Quero 25% da sua nota nos N.O.Ms, não esqueça.
— Não esquecerei.
Estudaram em silêncio até terem de ir para a aula de Herbologia. No caminho, discutiam ideias de pegadinhas. O único peso para Emma era o material que carregava, não havia preocupações em seu andar. O incidente no restaurante no verão era apenas um episódio estranho.
Harvey estava de volta à sua vida, Fred era seu melhor amigo e apesar das matérias estarem mais difíceis, assimilava o conteúdo com facilidade. Na porta da estufa, um jovem de cabelos castanhos e olhos quase cinza conversava com a professora Sprout. Emma adentrou a estufa, sentindo o olhar do garoto em sua nuca.
— Cara estranho — disse Fred, limpando uma bancada.
— É, estranho... — Emma pegou os equipamentos de proteção. — Com o que trabalharemos hoje?
— Mandrágoras! — anunciou Sprout com um sorriso. — Vejo que alguns já pegaram os protetores de ouvido. Coloquem direito, entenderam? Vão se arrepender se não colocarem.
As crianças aprontaram os abafadores e lendo as instruções do livro, reenvasaram as mandrágoras — pequenas pessoas com raízes. Depois que terminaram a tarefa e tiraram os abafadores, Sprout explicou o trabalho do semestre: em duplas, cuidariam de uma muda de mandrágora até que estivesse completamente madura.
A professora recitou as duplas. Fred trabalharia com George, e como a turma era ímpar, o garoto estranho seria o par de Emma.
— Emma, este é Edward, meu aprendiz. Está no quarto ano, mas concordou em ser sua dupla no trabalho.
A menina assentiu e acenou para o novo parceiro. O rapaz acenou de volta e retomou a leitura.
— Incrível! Vou trabalhar com alguém do quarto ano! Ele deve saber tanta coisa...
— Não é justo. Sprout devia ter te colocado com alguém do nosso ano.
— É, devia, mas já que é assim, vou aproveitar tudo que puder. — Fred a encarou. — Todas as oportunidades de estudar, é claro.
— Sei, sei. Não se apaixone por ele.
— Me apaixonar? Pufft. Não tenho ideia do que seja isso, e outra, Edward não faz meu tipo.
— Quem faz seu tipo?
— Não sei. Só disse porque é uma coisa que Harvey diz.
Fred riu pelo nariz. Apostaram corrida até a sala comunal e a conversa foi esquecida, pelo menos por um momento. Chegaram lá e viram que o lugar estava tomado pelas tradicionais panelinhas de estudo. Estavam atrasados demais para se incluírem em uma, então formaram a própria.
Emma ajudou Fred com História da Magia — era de longe a pior matéria do garoto — e elaboraram a redação de trinta centímetros pedida pela nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Adelina.
O tal Edward era extremamente magnético para Emma, isso não se podia negar. Sendo do quarto ano, seu horário era mais apertado, mais ainda assim, dedicava algumas horas de sua semana para o trabalho em dupla.
— Sabe, podemos conversar enquanto estamos aqui — propôs Edward. — Gosta de Herbologia?
— Não é meu forte, mas... faço o possível. E você? Gosta de plantas?
— Ah, sim. Quero ser herbologista, e que lugar melhor para começar que Hogwarts?
Emma sorriu e voltou ao trabalho. O barulho das penas arranhando pergaminho era constante e agradável, o ar abafado trazia mais conforto que a brisa gélida no lado de fora. Mesmo com as plantas perigosas, a estufa era o melhor lugar para passar o tempo. Às vezes, levavam deveres para fazer enquanto tomavam conta de sua mandrágora. Uma pena que Emma não podia usar o lugar como sala de ensaios — Sprout nunca permitiria.
O inverno estava a caminho. Muitas famílias enviavam casacos e cobertores extras para os estudantes, assim fizeram Sirius e Remus. Praticamente, todo o guarda-roupa de inverno de Emma fora transferido para a escola via coruja. Os Weasley também mandaram cobertores para seus filhos.
Todos usavam montes de agasalhos, atividades ao ar livre foram limitadas ao extremamente necessário, madame Pomfrey aumentou o estoque de poções antigripais e os elfos se empenhavam em manter o castelo aquecido.
— Até os trouxas foram afetados — disse Danna Ford no café da manhã. — Os cientistas estão apurando a causa.
— O que você acha que é? — Emma perguntou a Fred, tomando um gole do chá.
— Sei lá, qualquer coisa na atmosfera.
Fred estava distante, e não era novidade. Desde que Sprout passou aquele trabalho, ele evitou Emma.
— Por que não pergunta ao seu novo amigo? Talvez ele saiba. — E a deixou para trás.
Danna e Sarah trocaram olhares e risinhos irritantes. Quando Emma se levantou para deixar o salão, um bilhete chegou às suas mãos.
Emma, vou ter de cancelar a sessão de estudos hoje.
— E
Que lindo, todo mundo está me deixando, pensou quase desolada. Que diferença faz, afinal? Já aconteceu antes, lembrou-se das milhares de vezes que a mãe a deixou sozinha em casa para ir atender compromissos do trabalho e ela era muito pequena para entender isso.
O mau humor de Fred acabou quando viu a menina entrando na sala de Transfiguração com a cabeça baixa.
— O que ele fez?
— Nada demais. Só estou triste porque não gosto de estar sozinha.
— Você não está sozinha, eu estou com você, sempre. Sou seu melhor amigo, lembra? — Ele sorriu quando ela sorriu. — Não queria dizer isso, mas avisei que esse cara não era boa coisa.
— Disse "não se apaixone por ele", não me apaixonei.
— Há três segundos estava quase chorando!
— Porque me senti abandonada, não por estar apaixonada.
— Vou fingir que acredito. Ah, McGonagall chegou. — As conversas cessaram quando a professora adentrou a sala. Ela os cumprimentou e iniciou a aula.
Não era permitido falar durante suas aulas, a comunicação entre os alunos se dava através de bilhetes trocados com discrição. Fred escrevia depressa, o nariz quase encostando no pergaminho. Emma bem sabia que nada daquilo era pertinente ao que Minerva dizia. Era uma carta longa, provavelmente para ela ou George.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sirius Daughter
FanfictionAquela em que: Sirius é casado. Marlene é famosa. Remus é dono de bar. Lily é auror. James é jogador de quadribol. Harry é só um menino. Fred é romântico incorrigível. Emma é mais do que pensam. Oito nomes. Oito histórias. Oito vidas. Difer...