8 - New life

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Com os meses, Emma não sentia mais como se não pertencesse àquele lugar ou àquela vida. Ia caminhando para a aula de ballet, trocava cartas com os amigos — principalmente Fred.

O primeiro ano em Hogwarts passara tranquilamente, exceto pelas constantes corujas da escola, informando que ela estivera em detenção, o que havia se tornado uma piada interna para Sirius e Remus: "Como pode alguém de Ravenclaw entrar em tanta detenção assim? Ela devia usar a sabedoria para não ser pega", e não cansavam de dar-lhe esse conselho em suas cartas.

Apesar de tudo isso, eles sabiam que mais cedo ou mais tarde, uma bomba explodiria na vida de Emma. Conseguiram esconder a audiência graças à missão de Lily. Ela estivera investigando a morte misteriosa de Harvey Thorm e sempre tinha uma história para entreter a menina.

Em um dia qualquer, Emma voltava da aula de ballet e fez o que fazia todos os dias: limpou os pés no capacho antes de entrar, deixou a mochila no sofá e foi para a cozinha, bem a tempo para o almoço.

— Oi, pai! — disse ao ver Remus. — Oi, pai! — disse ao ver Sirius. — MÃE?!

O que aconteceu em seguida foi uma intensa troca de olhares entre Sirius e Remus. De um, veio a ordem: "Tire-a daqui agora", e do outro, a execução precisa. Remus tirou a menina do cômodo, praticamente carregando-a até seu quarto. Fechou a porta, um ato inútil. Quando os gritos começassem, ouviriam, de qualquer maneira.

— Ela o chamou de pai — disse Marlene, os olhos fixos no tampo da mesa.

— Chamou. E daí?

— Me parece que Emma está com as prioridades no lugar errado, você não acha? Ou só não se incomoda?

— Na verdade, eu não acredito que ela tenha algum problema com prioridades. Porém entendo porque você se incomoda com isso. Antes, tinha Emma na palma de sua mão, era a única pessoa por perto para cuidar dela, mas agora que estou aqui, sente que está perdendo o controle, e adivinhe: você está perdendo o controle.

Marlene não conseguia reagir. Sirius tomou fôlego e continuou:

— Adora a felicidade de mandar e ter todos em rédeas curtas, não é? — ela fez uma careta. — Acha que não percebi? Tentou me prender a você em Hogwarts, depois quis que corresse atrás de você quando foi para os Estados Unidos, falhou nas duas vezes. Então desconta suas frustrações em quem conseguiu tudo o que você queria: Remus. Antes, ele não tinha nada que despertasse sua inveja, agora ele tem o homem que você desejava e o amor da sua filha. Eu também ficaria com raiva, se estivesse no seu lugar.

Marlene não aguentava ficar calada.

— A minha... personalidade forte não muda o fato de que cuidei de Emma nos últimos dez anos.

— Diz essa frase o tempo todo, como se fosse um fardo, fazendo drama como sempre. Se tivesse engolido seu orgulho e pedido que trouxesse Emma para minha casa permanentemente, eu o teria feito, sem que você precisasse entrar em coma. Mas não! Preferiu sofrer em silêncio para jogar na minha cara depois.

Sirius soltou um suspiro pesado. Sabia que Marlene o odiava e tentava sugar o que pudesse dele, porém não eram coisas banais, como dinheiro ou bens, e sim emoções e sua paciência. Mesmo que não se falassem há uma década, soube exatamente o que dizer para tirá-la dali.

— O que é que você quer, afinal de contas?

A audiência fora improdutiva, nisso eles concordavam. Emma preferiria Hogwarts a uma escola comum, o que eles precisavam era de um acordo para as férias.

Sirius DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora