Capítulo 23

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Entro no quarto e Bia está deitada em sua cama com fones de ouvido e mexendo no celular.

- Bia - chamo atenção dela.

Ela me encara séria por um tempo e depois volta a atenção no celular.

Vou até ela e puxo seu celular arrancando seus fones.

- Ei! Me devolve - ela se levanta.

- Só depois que você conversar comigo - ela cruza os braços e vira o rosto - Da pra parar de me ignorar?

- Não.

- Bia, por que está tão brava?

- Ainda pergunta?

- Sim. Se é por causa do Augusto, não tem necessidade de ficar assim.

- Claro que tem, você brigou comigo na frente dele, só pra defender ele, eu sei que você gosta dele, mas eu sou sua amiga.

- Eu não briguei com você, eu só disse chega, não precisava falar daquele jeito com ele, você mexeu na ferida dele.

- Ele merecia muito mais depois de tudo o que fez pra você.

- Não Bia. Eu não sou como eles, eu não me sinto bem magoando as pessoas. O que você disse pra Augusto foi muito pesado, a maioria dos alunos aqui tem o mesmo problema que ele, a ausência dos pais, e ninguém precisa ficar jogando isso na cara deles constantemente. Eles podem fazer ou falar o que quiser, mas eu não vou me rebaixar a eles, não vou fazer o mesmo que eles fazem, porque eu sou diferente e eu não fui educada pra ofender ninguém, mesmo aqueles que sempre me humilham.

- Eu só falei a verdade, ele vive te perturbando e eu só quis te defender e faria tudo de novo se precisasse.

- Se for pra me defender dessa maneira, nem precisa se preocupar.

- É assim então? Vai brigar comigo por causa dele?

- Não é por causa dele, é porque eu não gosto disso, isso não sou eu.

- E vai aceitar tudo calada?

- Eu apenas não vou devolver ódio pra eles, se eu recebo ódio eu devolvo em amor.

- Eu não acredito nisso, você até bateu na Rebecca.

- Sim, eu bati e bateria de novo, mas ofender ela não, porque eu sei que palavras dói mais que um soco. Eu prefiro levar um tapa do que ouvir o que eles me falam.

- Eu to tentando te entender, mas eu não consigo.

- Eu vou ignorar eles ou qualquer outra pessoa que me ofenda, porque ser ignorado é horrível e é isso que vou fazer.

- Se você quer asim, tudo bem, não vou fazer mais nada.

- Boa noite Bia - me deito em minha cama do jeito que eu estava.

Eu queria muito contar a novidade pra Bia, mas do jeito que estamos é melhor não falar nada.

Eu só não quero guardar nada de ruim em meu coração, isso só me faz mal, eu posso até ser bem boba em perdoar as pessoas, mas é meu jeito e eu não consigo não perdoar.

Eu perdoei Angela e o Ricardo, mesmo sem eles saber, eu posso até não estar conversando com eles, mas eles estão perdoados, eu só vou ignora-los.


***

É hoje.

Acordo e a única coisa que consigo pensar é que hoje vou ter minha primeira noite de amor. Confesso que estou bem nervosa, não sei como agir, mas vou tentar deixar rolar sem ficar pensando nisso.

- Bom dia - digo toda alegre pra Bia.

- Bom dia, por que tanta felicidade assim?

- Tenho uma novidade, queria te contar ontem, mas não deu.

- Então o que é? Imagino que deve ser algo muito bom pra tanta felicidade.

- É sim, mas só vou te contar depois, primeiro vamos tomar café, estou com muita fome.

- Vai me deixar curiosa?

- Só um pouquinho - corro pro banheiro.

Depois de nos arrumar, seguimos pra cantina. Pegamos nossa bandeja com o que queríamos comer e sentamos em nosso lugar de sempre. Ali na cantina era como se cada mesa estivesse escrito o nome de alguém, porque exatamente todos sentam sempre no mesmo lugar em todas as refeições, mas qualquer dia eu vou me sentar em outro lugar, só pra desafiar e ver o que acontece.

- Agora me conta - Bia diz me tirando dos meus pensamentos.

- É que... Hoje eu e Alex... Nós vamos... - tento não gaguejar, mas não consigo.

- Vocês vão transar? - ela fala um pouco alto, não o suficiente pra todos ouvir, mas sim para Augusto ouvir que estava passando bem atrás dela.

Não quis questionar o porque ela fez isso, pois imagino que foi pra provocar ele.

- Sim Bia, tenta ser mais discreta.

- Desculpa. Eu nem preciso perguntar se você quer isso, da pra ver na sua cara que você quer.

- Eu quero muito, Alex é o cara certo pra mim e eu gosto dele a cada dia mais.

- Torço muito por vocês - ela sorri- O que Augusto queria conversar com você ontem?

- Só falar que o pai dele contratou um professor de tango pra nos ensinar.

- Que bom que ele fez algo por vocês.

- Tenho certeza que não foi por nós, e sim por ele, ele sabe que se não for bem ele reprova, e pelo o que eu entendi ele vai começar a faculdade ano que vem.

- Você tem razão, ele é um egoísta, tenho certeza que só pensou em si mesmo.

- É, uma pena.

Voltamos a comer e Alex se aproxima, ele tenta me beijar, mas eu não deixo. Nós não assumimos nada ainda, por isso prefiro ficar como se estivesse solteira mesmo e continuar nosso lance escondido, pelo menos por enquanto.

- É hoje em, espero que não tenha desistido - ele diz se sentando ao meu lado.

- Eu não vou desistir, porque eu quero muito, talvez até mais que você.

- Te espero as oito em meu quarto então.

- No seu quarto? Mas e os meninos? - Bia se intromete.

- Relaxa Bianca, os meninos sempre saem esse horário pra jogar bola.

- Eu tinha me esquecido, quase todos os meninos se juntam pra jogar bola.

- Então fica tranquila, eu vou cuidar muito bem da Arlete e não vai ter ninguém lá.

- Acho bom, se não eu te capo.

Damos risadas de suas bobagens e ficamos conversando até dar o horário da aula começar.

Era pra ser Você [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora