Capítulo 8 - Alguns dias de paz

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Alguns dias de paz

A ave negra caída ao chão estrebuchou e deu seu último suspiro pouco antes do rei Rufus chutá-la para bem longe. Portadora da notícia de que os lobos haviam se deparado com a Tribo dos Misturados em completo abandono e que agora caminhavam rumo à Aldeia dos Humanos e Rebelados, ele descarregou na infeliz mensageira sua raiva e frustração. Sentia-se desrespeitado e receava que sua soberania fosse questionada pelos pequenos reinos distantes, que lhe pagavam tributos em aurita para não serem invadidos.

A Rainha Zerda observou o marido bufando e rosnando como um animal selvagem. Os cantos da boca estavam manchados pela espuma branca que ele salivava enquanto praguejava entredentes. Desprezava-o tanto, que o ver irritado lhe causava imenso prazer, contudo, desejava se vingar de todos os rebeldes, especialmente, da baladina imunda que colocara seu amado Dathí contra ela.

- O faro dos fenecos é muito superior ao dos lobos. – Ela disse displicente, enquanto observava suas imensas e afiadas unhas. – Deixe-os liderar essa missão.

- Arrrrgh! Você não sabe o que diz, sua tola! – O rei gritou ainda mais irritado com a observação da rainha. – Fenecos são fracos, não servem para líderes!

O rosto da rainha ficou rubro ao ouvir a declaração do esposo, mas ela se levantou em silêncio, tentando manter a calma. Depois de tudo o que havia passado, enquanto prisioneira, sabia que precisava agir com cautela.

- Você está certo, meu senhor. – Ela disse com disfarçada humildade. – Sugeri isso porque há anos o General Signatus vem dando sinais de que talvez precise de um substituto.

O Rei Rufus caminhou até seu trono deixando o corpo desmoronar sobre ele. A rainha havia tocado em um ponto nevrálgico. Realmente, o general vinha falhando em suas últimas missões, e até perdera uma mão para um humano. De qualquer forma, ele não daria a liderança do exército a um feneco em hipótese alguma, pois agradar a rainha não fazia parte de seus planos, muito menos valorizar e fortalecer a sua espécie. O fato dos fenecos a terem abandonado sem nenhuma resistência quando ele a fizera prisioneira, provava que aquelas raposas eram traiçoeiras e pouco confiáveis, não poderiam nunca ocupar uma função de liderança.

- Desta vez, o exército dos lobos está em maior número. – O rei disse com um sorriso de deboche. – Aquela corja não terá a menor chance! – E se virou para encarar a rainha. – Basta, minha dileta esposa, que os seus bichinhos farejem direito e conduzam o general ao local certo.

Com esse comentário, todo o esforço da rainha para se controlar, até então, cedeu explosivamente. Ela avançou para cima do rei com suas garras prontas para machucá-lo, mas antes que ela lhe tocasse o rosto, ele a segurou e dominou com violência, arrastando-a para trás do trono e pressionando-a com seu corpo. Quanto mais ela se debatia tentando se soltar, mais ele a apertava e ria. O rei aproximou a boca do ouvido da Rainha Zerda, mantendo-a presa com uma mão e usando a outra para puxar-lhe os cabelos, que se soltaram do penteado.

- Acho que eu venho negligenciando o meu papel de marido. – Ele riu e desceu vagarosamente com sua língua áspera pela orelha dela até tocar-lhe o pescoço desnudo, fazendo-a ter náuseas.

Ignorando-lhe a repugnância, o rei a imobilizou e levantou todos os panos da saia que a vestia. Arrancou-lhe a roupa íntima, rasgando-a sem pudor, e abaixou as próprias calças, forçando-a a abrir-se para que ele pudesse penetrá-la. A rainha ainda tentou resistir e se desvencilhar, mas ele era bem mais forte. Seu riso escarnecido e escancarado lhe feria tanto ou mais do que o ardor que sentia entre as pernas. Sem que nada pudesse fazer, a rainha concentrou-se apenas em controlar as próprias emoções, impedindo que sequer uma lágrima brotasse de seus olhos.

O Portal de Anaya - Livro 3 - A evoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora