Capítulo 23 - O exílio

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O exílio

Quando o projetor multidimensional da sala de Mestre Carama se acendeu sem que ele o tivesse acionado, o governador se colocou diante da tela e observou-a com curiosidade. Uma vibração incômoda o envolveu e ele sentiu sua energia se esvair lentamentamente. Tentou recuar mas percebeu que era tarde demais. Uma força maior do que poderia suportar, sugava-lhe para dentro do projetor. Em vão, Mestre Carama invocou a energia da Fonte Original, ciente de que em instantes estaria retornando a ela como poeira cósmica. A tela do projetor se desfez em um redemoinho azul e tudo começou a girar com muita velocidade, ou seriam seus átomos que haviam se tornado lentos demais? Partículas suspensas o rodearam e ele decidiu se entregar àquilo que não podia compreender, ainda. Logo, ele percebeu que o redemoinho cessava lentamente e um novo ambiente se formava ao seu redor. Intrigado, ele caminhou em direção a uma porta e notou que o espaço era exatamente igual ao da sua sala, só que vazio. Ao abri-la, deparou-se com o salão oval, também vazio, exceto por uma outra porta à sua frente.

Sorriu ao perceber que caminhava sem tocar o chão e se concentrou em analisar se deveria ou não seguir por aquela outra porta.

- Não é necessário.

A voz lhe penetrou a mente como se ele mesmo tivesse se manifestado.

- Onde eu estou? - Sua pergunta foi espontânea e instintiva. - Quem é você? - Ele emendou antes de receber uma resposta para sua primeira questão.

- Você está em uma dimensão sobreposta, um mundo paralelo que existe no mesmo espaço ocupado pelo mundo no qual você vive.

Mestre Carama sabia que isso era perfeitamente possível, mas nunca havia parado para pensar que poderia haver outros portais de Anaya.

- Aqui não é o Portal de Anaya.

- Meu bloqueio mental... como você conseguiu...?

- ... burlá-lo?

- Sim! - O governador começou a se perguntar quem teria tamanho poder para conduzi-lo até outra dimensão e invadir-lhe o pensamento.

- Eu preciso de sua ajuda. - A voz lhe disse com humildade, ignorando sua pergunta. - E acredito que ao me ajudar, você estará ajudando a si mesmo e ao universo.

- Continue.

- Eu cometi um erro. - A voz fez uma pausa, mas o governador não disse nada, apenas aguardou que ela prosseguisse. - A dor foi tão grande que eu tentei retornar à Fonte Original, mas ela me repeliu. Não importava quantas vezes eu me atirasse a ela, os Luminares simplesmente não me deixavam passar. - Houve uma nova pausa, um pouco mais longa desta vez. - Então, eu vaguei pelo universo arrastando comigo minha culpa, contaminando planetas e poluindo mundos em todos os níveis.

- Todo erro pode ser corrigido.

- Sim, e eu estou aqui para isso. Você me ajudaria?

Mestre Carama estava surpreso. Quem seria aquele ser e de que forma ele poderia ajudá-lo?

- Eu sou Misha e desejo salvar as almas que habitam Wicnion antes que o planeta seja destruído.

- Gabhar é um ser da escuridão e não há como tomarmos o planeta de forma amigável.

- As trevas não criam. Só é possível nascer da Luz, a escuridão é apenas uma vestimenta, jamais será essência. - Ela, então, assumiu sua forma humana diante de Mestre Carama.

- Precisaremos da aprovação do Conselho Universal. - Havia hesitação no comentário dele.

- Acatarei o que decidirem. - Misha respondeu resignada.

O Portal de Anaya - Livro 3 - A evoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora