Quem é você?

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Quando finalmente abri meus olhos, a imagem era desfocada, e entrava nos eixos aos poucos.
—Ela acordou! —minha mãe gritou a alguém, foi quando me toquei que eu estava deitada numa maca que parecia de hospital.
— O que aconteceu? — perguntei, minha boca quase não abria, estava incrivelmente doloroso de falar.
—Você sofreu um acidente de carro, pegou o carro do seu pai é um caminhão bateu em você... você deveria estar morta agora! —ela começou a chorar de joelhos no chão mas tudo que eu lembrava era de estar no colégio de manhã. Tudo que conseguia lembrar era do Dexter.
— Sra. Collins. Preciso que deixe ela descansar, ainda precisamos fazer alguns exames, e ficarmos de olho nela por pelo menos duas semanas.
Alguns médicos vieram e tiraram ela do quarto a força.
— Então, você não precisa responder nada agora, querida. Mas seria muito importante pra nós. — o doutor que pelo que pude ver em seu crachá "Cooper" voltou a mim.
Eu assenti com a cabeça.
—Qual seu nome? —perguntou.
—Jade... Jade Collins.
— Jade, onde você mora?
— Baltimore — cocei a garganta e tossi um pouco antes de falar.
— Jade, quantos anos você tem?
—14. — afirmei.
*******
Narração por Alec Adams:

O doutor nos juntou na sala de estar depois que tinha conversado com minha Jade.
— Ela está bem — foi o que ele disse — Mas o último ano que ela viveu foi apagado completamente da sua cabeça. Vamos fazer de tudo a partir de agora pra que ela se lembre mas enquanto isso, por favor, não deem a ela novas informações ou falem sobre qualquer coisa que aconteceu nesse último ano. Isso seria realmente muito ruim pra ela. — ao dizer isso, o médico se retirou da sala e Mariana começou a chorar mais, Lucas tentava ser forte, mas falhou.
— Isso inclui a mim?
— É claro que inclui você! — Lucas gritou pra mim. — É tudo culpa sua!
— Não! Você precisa me deixar falar com ela, talvez eu ajude ela a se lembrar, talvez eu consiga trazê-la de volta! — foi aí que eu desabei completamente.
Lucas paralisou. E Mariana estava respirando fundo tentando parar de chorar. Ele chegou perto de mim e disse:
— Você pode conversar com ela. Não gosto de você, rapaz, mas amo minha filha mais que tudo na vida.
Eu sorri e enxuguei as lágrimas quando ele segurou firme meu braço.
— Mas se você pressionar ela, eu juro que mato você!
***********
Eu entrei no quarto em que Jade dormia, e sentei em seu lado.
Acariciei seu rosto. Ela era a pessoa mais linda que já havia conhecido. Mesmo dormindo.
O médico disse pra mim que eles haviam injetado um soro nela que a deixou sonolenta, como se estivesse desmaiada, mas eles me afirmaram que ela podia ouvir e entender tudo que qualquer um dissera pra ela.

— Você parece um anjo, sabia? — disse sorrindo. — Mas eu me sinto culpado, gatinha. Você sabe, com isso isso. Tem algo que eu preciso te contar...
Respirei fundo, e voltei a dizer.
— Minha ex namorada não desistiu exatamente de fugir comigo do país. Maya, era o nome dela. A gente ia fugir, sim. Mas ela não queria. Nós estávamos encrencados por termos roubado algumas lojas, e infringido a lei algumas vezes. Eu... eu disse pra ela que se ela não fizesse isso por mim eu nunca mais olharia nos seus olhos... e ela aceitou que iria comigo.
Inspirei pra não chorar e continuei.
— Mas na noite em que iríamos fugir juntos, Maya se suicidou. Ela estava tão apavorada que preferiu morrer a ficar comigo. — parei por um instante — meus pais me ajudaram a recomeçar e agora estou aqui. Mas não sirvo pra você, não sirvo, porra, não sirvo!

Desabei de novo voltando à estaca zero.  Foi aí que percebi que ela havia acordado.
E segurou minha mão.
— Quem é você?

Foi o que ela me disse.
E então eu soube.
Havia perdido ela, para sempre.

O melhor amigo da minha melhor amiga 3Onde histórias criam vida. Descubra agora