003 - Som de Veludo

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 - Se de veludo é feita tua pele,

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 - Se de veludo é feita tua pele,

É de aço que camuflas o som do teu coração.


Nicola sentiu como se o gume de uma faca afiada lhe tivesse saboreado a jugular. Negou com a cabeça sem poder acreditar que tinha começado a ver fantasmas, até porque não acreditava neles como seu pai que jurava com toda certeza que após a morte iria passar por um corredor onde estariam todas pessoas que havia matado numa longa fila indiana a olharem para ele. Um completo absurdo podia garantir, por isso sabia que aquela a sua frente respirava porque tinha abraçado a vida.

─ Suba! ─ Ordenou a chamá-la com uma das mãos livres da Glock. Sua voz grossa esfriou em meio a desprezo, ainda mais quando percebeu os dois olhos escuros que o encaravam em total fúria e cheios de uma acusação desmedida. ─ Eu disse para subir.

A mulher se manteve no seu lugar, ao fundo das escadas, a respirar com dificuldade, mas o rosto de traços marcados evidenciava o maxilar por causa da forma como tinha trincado os dentes. O nariz estava ligeiramente dilatado a expressar raiva e os lábios pálidos estavam rachados.

─ Ahhh. ─ Nicola gracejou e baixou a arma. Conhecia aquela expressão, muitas vezes já tinha estado diante de pessoas que o encaravam daquela forma. Que o odiavam de forma inexpressável. Que expiravam o ar colérico de quem já não tem medo de mais nada naquela vida. Olhos de quem já viu tudo o que um ser humano comum pode tolerar. ─ Uma mártir? ─ Ironizou e num acto inesperado apontou sua arma e atirou certeiramente ao lado do pé dela com toda rapidez. Falhara de propósito para ver a sua reacção, mas Libélula continuou no seu lugar sem nem piscar.

─ Chefe! ─ Guillermo surgiu do alto das outras escadas que levavam ao andar de cima, assustado pelo barulho. Vestia uma blusa preta de gola alta e mangas compridas, calças jeans desbotadas e botas. O cabelo cheio de caracóis largos caía sobre a testa bronzeada.

─ Você me desobedeceu. ─ Falou em voz alta e se virou a tempo de ver o soldado que terminava de descer os últimos lances de escadas. Gui andava devagar e levantou as mãos para o alto. ─ O que me preocupa, Castrini, pois saiba que a famiglia tem levantado muitas questões sobre você. Não consigo compreender a razão que lhe levaria a poupar a vita de uma qualquer. Não trabalhamos com misericórdia, tem certeza que está no lugar certo?

─ Eu fiz o juramento e lhe prometi mia vida em troca da sua. Me permita ser sincero, realmente o desobedeci porque aquela mulher não merecia tamanho destino fatal. ─ Explicou e se agachou apoiando um joelho ao chão e baixando a cabeça. ─ Aceito o destino que decidir porque lhe falhei. Não fui fraco, fui justo.

Nicola revirou os olhos e levantou a arma novamente. Estava irritado demais e franziu ao de longe. Não fazia nenhum sentido que Gui tivesse arriscado tanto por nada. Girou a cabeça para o lado.

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