006 - Marionetas

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- Os olhos reflectem exactamente o que somos.

Por fora uma possibilidade, por dentro uma realidade.


Giustina detestava os finais de semana que seu pai e seu irmão mais velho aterravam na capital do sul do país. Era um incómodo para ela e seu irmão mais novo, Leonardo, que moravam numa bela casa num bairro nobre e não se preocupavam com todas as regras e aborrecimentos que a Famiglia insistia em seguir. Tinha dormido até tarde quando Julieta – a governanta, lhe acordou a informar que o pai estava em casa, então tomou o seu banho demorado e se arrumou sem pressa.

Os cabelos cor de sangue ainda estavam meio molhados quando desceu até a sala e encontrou seu irmão mais novo sentado, de terno e a ler um jornal com desinteresse. Leo era magro e divertido, normalmente costumavam sair e beber juntos mesmo quando eram condenados socialmente pelo comportamento.

─ Há azar? ─ Giustina perguntou a apanhar uma maçã tão vermelha quanto seus cabelos, em cima da mesa redonda.

─ O que me acalma é saber que são só dois dias. ─ Respondeu e baixou o jornal, a revelar o cabelo cor de fogo e um rosto coberto por sardas. ─ Acredita que nem o carregamento que enviamos com sucesso para a região centro foi motivo de elogio?

─ Deixe estar que eu resolvo. ─ Ela garantiu com o sorriso encantador e rumou para o escritório que ficava ao fundo do corredor. Nunca lá entravam mesmo quando o pai não estava, pois desde crianças tinham sido incutidos a respeitar o lugar onde ele ficava.

Bateu na porta.

Entrare! ─ A voz altiva admitiu e Giustina girou a maçaneta já a fazer os olhos doces e o sorriso milagroso que já tinha enganado a muitos distraídos que depois levaram um tiro certeiro no meio da testa.

─ Papá! ─ Abriu os braços e o beijou no rosto em saudação quando se aproximou da mesa onde um senhor alto, de cabelos brancos e bigodes fartos, estava sentado com os mesmos olhos cor de avelã iguais aos seus. ─ Que saudade.

─ Cumprimente o seu irmão, Giustina. ─ O senhor Leone não parecia de todo feliz quando apontou para o filho mais velho que estava parado perto dos cortinados de cor creme. Era um jovem de porte atlético, cabelos ruivos bem arrumados e olhos castanhos cor de mel.

─ Pietro. ─ Ela gracejou. Não havia dúvida que ambos se odiavam desde sempre, tanto que não a respondeu e nem foi censurado pelo pai por conta disso.

─ Sente-se. ─ Leone apontou para a poltrona em frente da sua e assistiu a filha sentar com desprezo. Nunca antes se incomodava com as calças muito justas e as botas de salto como naquele momento. ─ Saiba que Marghareti Carbonne está providenciando um jantar apesar de o marido estar com um pé na cova. As notícias correm e tudo indica que está a procura de una nora. As mulheres da família irão levar suas filhas.

Guns N'Cigarettes [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora