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SELENA APOIOU a cabeça no ombro dela, porém continuava a encarar o espelho. Sabia que não devia desviar o olhar. Se fizesse aquilo, ela parava de toca Selena... e o toque dela a enlouquecia. E, sim, olhar para o espelho deixava tudo tão mais intenso, tão quente.

Aqueles olhos insondáveis encontraram os dela no reflexo. Selena no colo dela, as costas tocando o peito dela, as pernas abertas. Ela tocou Selena entre as coxas, e os longos a entreabriram, descendo para seu toque e seu prazer. Os dedos dela eram brozeados de encontro à pele nua de selena, deslizando por sua abertura ávida... ah, sim... era tão bom... por favor, não pare... de olhar... de desejar... ah, estou quase lá...

O toque estridente do telefone no criado-mudo destruiu o momento, arracando-a do sonho. Com o corpo tenso, as coxas úmidas, Selena tateou para achar o aparelho.

– Alô.

– Estava cochilando? – indagou Niall, a voz normalmente alegre soando um pouco forçada.

É claro, Selena podia simplesmente estar tansferindo a tensão que se prolongava por ter estado à beira do orgasmo durante o sonho. Ou poderia se Niall criticando, o que parecia ocorrer com cada vez mais frequência. Era quase como passar um tempo com os pais dela.

– Hum… – Como planejadora de eventos para um grupo de advogados na área central de Manhattan, Selena não trabalhava das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira. – Ontem foi o coquetel para os clientes alemães, lembra? E depois os sócios tiveram um café da manhã adorável às 6h30. Era tudo o que eu queria fazer: me arrastar da cama às 4h30 de um sábado. De qualquer modo, não há nada de errado em tirar uma soneca à tarde.

A excitação sexual intensa e a culpa conferiam um tom rouco à voz dela.

– Você trabalhou até tarde ontem à noite? – Ela quis saber.

Niall investia uma quantidade incrível de horas em sua galeria de arte, mas valia a pena por causa da reputação e elientela crescentes.

– Tarde o bastante. – Ele soou estranhamente conciso. Talvez fosse só impressão de Selena, mesmo.

Sentia-se tão tensa e tão desejosa que tinha vontade de chorar. Ou de chegar ao êxtase. Deveria rir, confessar ao seu futuro marido que acabara de ter o sonho erótico mais incrível e que ainda precisava chegar ao orgasmo; e então pedir a ele para judá-la.

Em outras épocas, Selena teria considerado que o relaxado e descontraído Niall se renderia a uma rodada vespertina de sexo por telefone e alevaria ao auge. No entanto, não tinha mais tanta certeza assim. De uns tempos para cá, ele não andava nem relaxado, nem descontraído.

E se em algum momento ela revelasse que ele não era a pessoa abrindo suas coxas e levando-a ao clímax nos sonhos? E se aquele com quem ela concordara em se casar “ate que a morte nos separe” não fosse capaz de retomar de onde o sonho fora interrompido e levá-la até aquele lugarzinho mágico?

Niall contínuo a falar, e a oportunidade se foi:

– Pensei em dar uma passada aí depois que a galeria fechar, no início da noite.

– Tudo bem, contanto que você traga o jantar e fiquemos em casa.

Selena não estava com a menor disposição para cozinhar, ainda mais tão em cima da hora. Niall era mais adepto de boates e de sair para ser visto por aí do que ela. Uma noite tranquila em casa cairia bem.

– Tudo bem se ficarmos em casa. Eu preciso conversar com você.

Selena se apoiou sobre o travesseiro. Ela e Niall conversavam sempre, mas quando alguém anunciava que precisava conversar....

– O que é?

– É complicado demais para falar por telefone.

– Que atitude chata trazer o assunto à tona e me deixar curiosa.

– Desculpe. Mas vamos deixar para nos falar esta noite.

Não era imaginação dela. Ele definitivamente soava tenso.

– Tudo bem… – Sexo. Deve ser sobre sexo. É claro que àquela altura o cérebro dela seguia em um rumo só.

– Comida tailandesa está bom para você?

– Claro. Você sabe do que gosto.

Niall não deixaria aquela insinuação sedutora passar. Talvez ele mesmo fosse dar início ai sexo por telefone sem que Selena precisasse pedir.

Porém, ele pigarreou, como se a provocação o tivesse deixado desconfortável.

– Hum, sim vou pedir o frango ao curry.

Esqueça o sexo por telefone.

– Frango ao curry parece bom.

Niall tornou a pigarrear. Ou estava nervoso ou prestes a falar alguma coisa.

– Pensei em levar Demi.

Selena apertou o telefone, ao mesmo tempo que sua temperatura interna atingia o ponto de fervura.

– Demi? – Ela umedeceu os lábios subitamente secos e se deitou de bruços. – Por que ela iria querer vir ao meu apartamento? Desde o ensaio fotográfico, tem me evitado como se eu fosse uma praga. É óbvio que não gosta de mim.

– Ela é uma pessoa ocupada. Não acho que não gosta de você, Demi é só...

– Sombria. Fechada. Cínica. Intensa. Creio que isso a define.

E sexy de um jeito que lhe causava calafrios na espinha, que a fazia precisar de um exame mental. Mas aquela não parecia a observação mais prudente a ser feita sobre a melhor amiga de seu noivo.

Niall riu, e Selena ficou grata por ele não ter se incomodado por ela ter interpretado Demi da maneira errada. Algumas vezes Selena se perguntava se Niall não preferia que fosse daquele modo, mais rejeitou a ideia, considerando-a indigna de seu noivo.

– Demi é apenas Demi. Ela pode ir também?

Se ela poderia vir? Selena ficou ainda mais úmida, o corpo inteiro enrubescendo e os mamilos se tornado mais duros. Demi, intensa e fechada, com um leve sotaque britânico, era a mulher que protagonizara o sonho dela.

– Demi? – chamou Niall do outro lado da linha. Ela se contorceu sobre o colchão duro.

– Não. Eu não me importo se ela vier. – Só de dizer aquilo, ela ficou ainda mais excitada.

A culpa e a vergonha alimentavam o desejo obscuro que Demi incitava nela quase todas as noites. Agora estava ficando ainda pior... Selena tirara só uma soneca vespertina. Demi era a melhor amiga de seu noivo, Demi a desprezava, e em todas as noites era a fonte do sexo demolidor nos sonhos dela.

– Chegaremos pouco depois das 21h, então.

Selena desligou e fechou os olhos. Por que Demi viria com Niall? Por que os três? O que fariam?

Com o corpo tenso e zunindo de excitação, uma fantasia obscura desabrochou dentro dela. Os três, ali, no seu quarto. Niall cabelo dourado e belo; e Demi morena e sexy. Duas pessoas sensuais com a intenção de tocar e degustar cada centímetro dela, ambos com único propósito de dar lhe prazer.

Selena abriu os olhos e se esticou para a gaveta do criado-mudo, pegando seu vibrador. Não conseguiria passar a tarde daquele jeito.

Niall era seu noivo. Ele era engraçado, generoso e caloroso, na maior parte do tempo. Ela podia até não controlar seus sonhos, mas estava totalmente acordada agora.

Apesar de todos os seus esforços para se concentrar em Niall, foi Demi quem surgiu quando Selena estremeceu rumo a um orgasmo.

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