- Posso ver ? - pergunto.
- ahm.. queres ver uma pintura minha? - ele pergunta visivelmente atrapalhado.
- Não precisas mostar, mas eu gostava.
Ele levanta-se e dirige-se à mochila de onde tira um bloco. Um bloco já conhecido por mim, ele muitas vezes está com aquilo nas aulas, mas nunca consegui perceber o que era ou o porquê.. e nunca lhe perguntei, como é obvio. Volta-se novamente para mim e anda na minha direção enquanto passa a mão pelo cabelo visivelmente nervoso.
- Eu mostro-te.- Ele diz.
- Como preferires.- Digo mostrando um pequeno sorriso.
Ele abre o bloco de desenho com a capa já gasta e mostra-me o primeiro desenho. Não consigo decifrar o que é, algo bastante abstrato, colorido, bonito mas indecifravel. Ele passa a frente, um desenho a preto e branco, uma rapariga de costas com um vestido branco naquilo que parece ser uma floresta envolta em palavras que mais uma vez são indecifráveis a meus olhos. Ele avança pelas proximas 20 paginas sem dizer nada e eu apenas observo aquela explosão magnifica de cores e de formas que se seguem.
Ele passa para o desenho seguinte e recua fechando rapidamente o caderno atrapalhado e eu olho-o intrigada.
- Quem era? - pergunto
- Ninguém. Não importa isso agora.
- Aquele era... hum... por favor deixa-me ver.
Ele contrai o maxilar e respira profundamente. Olho para ele que já está de pé e alcanço-lhe um braço tocando-o suavemente. Pego no bloco dele devagar, diria o mais lentamente que consigo imaginar. Pego nele e volto a sentar-me na mesa onde estavamos sentados.
Abro no lugar onde tinhamos ficado e olho vagarosamente para a folha de papel suja de carvão. É o desenho de uma rapariga vista de lado, sentada de frente a uma mesa enquanto segura a cabeça com uma mão e olha em frente naquilo a que me parece uma sala de aula. Avanço depois de uns minutos a observar aquela imagem e observo a nova. A mesma rapariga, desta vez no chão, cabeça baixa, com o que parece ser uns fones. Avanço continuamente e observo a mesma rapariga a rir, a mesma rapariga a conversar com outras duas, a mesma rapariga encostada a uma parede... observo-me a mim.Levanto-me pesadamente, ainda de costas para o zayn, enquanto penso no quão absurdo tudo aquilo é. Macabro eu diria. Ele anda a desenhar-me a torto e a direito? Não consigo dizer nada, não consigo falar e mal posso respirar. Isto parece-me uma cena de um psicopata, ninguém anda por ai a fazer desenhos de uma rapariga que conhece à menos de uma semana e que apenas soube mais sobre ela um dia antes! Eu estou assustada. Eu estou assustada como o caralho. Eu dormi ao lado de um rapaz que andou a expiar-me? quer dizer ele andou a expiar-me? ele apenas tem desenhos meus... mas porra ele andou a observar-me este tempo todo! Não era apenas um porra... eram muitos, eram imensos desenhos caraças.
- Não vais dizer nada? - ele pergunta baixo, tão baixo que eu quase não consigo ouvir.
- porquê?
- Porquê? - ele pergunta intrigado.
- Isso. Porque é que andas a desenhar-me sem que eu saiba? - pergunto virando-me na direção dele.
- Eu não sei, eu apenas não consigo evitar. Desde o primeiro dia, quando chegaste na escola que eu não conseguia parar de olhar para ti.. e quando eu tentava desenhar.. eu não conseguia.. ou melhor eu conseguia.. eu só te conseguia desenhar a ti.
- Tu tens a noção que eu estou assustada como o caralho e que acho que és um psicopata?! Tens a noção disso não tens? E porra eu esta noite dormi ao teu lado, porra caralho, eu sei lá o que tu podes ter feito, porra! Nunca devia ter vindo- A minha voz sai alta e esganiçada e eu tenho a certeza que vou chorar em breve.
- Eu não te fiz nada Deolinda! Como podes pensar que eu ia fazer-te alguma coisa enquanto dormias? Estás doida ? - Ele grita de volta.
- Eu é que sou a doida aqui mas tu é que tens um monte de desenhos meus sem que eu saiba. Porra zayn, eu achava que eras meu amigo, não um psicopata!
- Eu não sou porra de psicopata nenhum e eu sou teu amigo, repito eu sou teu amigo, eu quero o teu bem.
- Claro que sim, por isso é que disseste que me ias proteger sempre, claro porra és um perseguidor, um psicopata, um palerma, oh meu deus, deixa-me em paz .
Nós estamos os dois a gritar e as nossas respirações estão aceleradas. Eu passo a mão pelo cabelo um monte de vezes e dou pequenos puxões com os nervos enquanto falo. O zayn olha para mim com os musculos tensos e olhos escuros.
- Porra Deo, não é nada disso! eu só quero o teu bem eu juro ! - ele diz baixo.
- Acho melhor ir embora. - digo enquanto me dirijo para o quarto para pegar as minhas coisas e ir embora.
O zayn segue-me, mas eu faço de conta que não dou fé e começo a pegar nas coisas.
- Não vás.
- claro que vou por... - tento dizer.
Mas antes que isso seja possivel, antes que tenha a possibilidade de terminar a minha frase sinto os lábios do zayn nos meus. Ele agarra no meu queixo enquanto dá um beijo simples, lento, diferente. É diferente de quando beijei o Niall, as emoções são diferentes, o sabor é diferente, as pessoas são diferentes.
Como posso estar a beijar o zayn depois disto e depois de ter beijado ontem o Niall? Porra sinto-me um nojo.Ele quebra o beijo e diz calmente:
- Levo-te a casa.
Olá meninas, aqui têm mais um capitulo. Como devem saber o que faz uma pessoa continuar a escrever é saber que os outros gostam de ler e vocês não têm demostrado isso.. então po favor deixem algum comentario e votem neste capitulo, obrigada.