Capítulo 01

2.7K 77 5
                                    

A Professora Alex Vause estava sentada na cama, nua, lendo o jornal florentino La Nazione. Havia acordado cedo e pediu o serviço de quarto, mas não conseguiu resistir à tentação de voltar para aos seus aposentos e ficar observando a jovem dormir. Ela estava deitada de lado, respirando de modo suave. Suas faces estavam rosadas por causa do calor. O sol entrava pelas janelas panorâmicas, iluminando a cama.

As cobertas, deliciosamente amarrotadas, recendiam a sexo. Seus olhos verdes brilharam, explorando-a sem pressa, a pele exposta, os cabelos longos e claros. Quando voltou sua atenção para o jornal, a garota se mexeu um pouco e gemeu. Preocupada, atirou o jornal de lado.

A loira puxou os joelhos para junto do peito, enroscando-se na cama. Murmúrios escaparam de seus lábios e Alex se inclinou para mais perto, tentando decifrar o que ela dizia. Mas não conseguiu.

De repente, seu corpo se contorceu e ela deu um grito de cortar o coração. Seus braços se debateram, lutando com o lençol que a cobria.

— Piper?

A morena pousou de leve a mão sobre seu ombro nu, mas ela se encolheu ao toque.

Começou a balbuciar seu nome repetidamente, o tom de voz cada vez mais apavorado.

— Piper, estou aqui. — Disse, elevando a voz.

No instante em que tornou a estender a mão para tocá-la, ela se sentou na cama com as costas eretas, ofegante.

— Você está bem?

Vause se aproximou, resistindo ao impulso de tocá-la. Ela respirava com dificuldade e, sob o olhar vigilante dela, cobriu os olhos com a mão trêmula.

Pipes?

Após um longo minuto de tensão, ela a encarou, seus olhos estavam arregalados.

A mulher fechou a cara.

— O que houve?

Ela engoliu em seco.

— Um pesadelo.

— Sobre o quê?

— Eu estava no bosque atrás da casa dos seus pais, em Selinsgrove.

As sobrancelhas de Alex se uniram atrás dos óculos de armação preta.

— Por que você sonharia com isso?

Chapman respirou fundo, cobrindo os seios com o lençol e levando-o até o queixo. A coberta, volumosa e branca, engoliu suas formas delicadas antes de ondular como uma nuvem por sobre o colchão.

A morena correu os dedos com carinho por sua pele.

—  Amor, fale comigo.

Ela se contorceu sob o seu olhar penetrante, mas Vause se recusou a soltá-la.

— O sonho começou muito bonito. Nós fizemos amor à luz das estrelas e eu adormeci em seus braços. Mas, quando acordei, você tinha sumido.

— Está me dizendo que sonhou que fiz amor com você e depois a abandonei? — A voz dela ficou mais fria para disfarçar seu desconforto.

— Eu já acordei no pomar sem você antes — Lembrou, em tom de censura.

O fogo de Alex se apagou na mesma hora. Ela pensou naquela noite mágica seis anos antes, quando se conheceram e apenas conversaram e ficaram abraçadas. A morena havia acordado na manhã seguinte e ido embora, deixando sozinha sua amada adormecida. A ansiedade dela era compreensível e até comovente.

Um a um, ela abriu e beijou seus dedos cerrados, arrependida.

— Eu amo você. Não vou abandoná-la. Você sabe disso, não sabe?

O Julgamento de Alex Vause [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora