Larry não conseguia dormir. Se fizesse o gênero melodramático, teria descrito sua insônia como uma noite negra da alma. Mas ele era de Vermont, portanto não tinha nada de melodramático. Ainda assim, depois de uma longa noite que incluiu um jantar regado a cerveja com os outros jogadores da sua equipe de rúgbi, não conseguia afastar da mente a imagem da pele marcada de Piper.
Ele tinha conceitos muito definidos, e em grande parte moldados por seus pais, sobre como um homem deveria tratar uma mulher, com respeito acima de tudo. Sua mãe e seu pai não eram muito propensos a demonstrar afeto e tampouco eram sentimentais. Mas sempre tratavam um ao outro com respeito. Sua mãe o incentivara a tratar as garotas como damas e seu pai exigia o mesmo, dizendo que, se ouvisse falar que Larry maltratara alguma garota, teria que arcar com as consequências de seus atos.
O rapaz se lembrou de quando, durante sua primeira chopada, ainda calouro no St. Michael's College, viu uma garota com a camisa rasgada enquanto se dirigia ao banheiro. Ele a acalmou e exigiu que ela apontasse quem tinha feito aquilo. Bloom encurralou o agressor e só o largou depois que os seguranças do campus apareceram, mas não antes de dar uma lição nele.
Quando sua irmã mais nova estava no ensino médio e era atormentada pelos garotos da sua turma, que faziam comentários maldosos a seu respeito e puxavam a alça do sutiã dela, ele esperou aqueles merdinhas depois da aula e os ameaçou. A garota nunca mais sofreu bullying na escola.
Na visão de mundo romântica dele, violência contra as mulheres era impensável. Larry seria capaz de usar sua poupança para pegar um avião e caçar o desgraçado que havia marcado Piper, se ao menos soubesse seu nome e onde morava.
Foi por sua própria culpa que Chapman não quis falar com ele, refletiu o rapaz, os olhos fixos na parede de seu modesto apartamento. Ele tinha ido para cima dela como um cavaleiro numa armadura brilhante e ela se acuou. Se tivesse se mostrado menos irritado e mais compreensivo, talvez ela tivesse revelado o que de fato acontecera. Mas, como a havia pressionado, agora provavelmente ela nunca mais lhe diria a verdade.
"Será que devo respeitá-la e ficar na minha? Ou devo tentar ajudá-la não importa o que ela diga?"
Paul não sabia como solucionar esse dilema, mas de uma coisa tinha certeza: iria ficar de olho nela e não deixaria, de jeito nenhum, que alguém a machucasse quando ele estivesse por perto.
***
Pouco antes das onze horas da manhã seguinte, Piper se desvencilhou do braço de Alex e rolou para sair da cama. Vestiu uma camisa branca dela e parou diante da grande fotografia em preto e branco emoldurada que mostrava a morena beijando seu pescoço.
Ela adorava aquela foto, mas tinha ficado surpresa ao vê-la tão grande e exposta com tanto destaque na parede. Fazia-a pensar em sua primeira visita, quando analisou as fotos que adornavam o quarto.
Sem dúvida Alex era bem estilosa no quesito roupas. Na verdade, ficaria bem usando apenas um saco de papel pardo.
Deixando-a ressonar baixinho, ela foi até a cozinha. Enquanto preparava um café da manhã para si mesma, pensou no comportamento da morna na noite anterior.
Antes que pudesse refletir sobre as consequências dos seus atos, Piper se viu entrando no escritório dela. Foi até a sua mesa e viu que o laptop estava desligado. Todos os papéis que estavam ali na noite anterior tinham sido guardados e o tampo de carvalho reluzente da mesa estava quase nu. Ela jamais abriria seus arquivos e gavetas em busca dos seus segredos.
Contudo, encontrou na mesa algo que não esperava: uma pequena moldura de prata legítima com uma imagem em preto e branco.
Maia.
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O Julgamento de Alex Vause [EM REVISÃO]
FanficAVISO: Essa obra não me pertence. O enredo e conteúdo descritos são de autoria da escritora Sylvain Reynard. O que lerão a seguir é uma adaptação feita para o universo Vauseman, personagens fictícios da série Orange is the new black. Livro 2: Ale...